Capítulo 14

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* Daniel nesse capítulo se mostrara um pouco frio e diferente do Dani que conhecemos, e espero que vocês entendam a postura dele diante dos fatos.

Boa leitura! 



Depois de um final de semana agradável na companhia das duas mulheres mais importantes da minha vida, a segunda feira chegou, e com ela trazendo um tempo cinza com nuvens carregadas. Acho que o tempo estava de acordo com o meu humor.

Depois de deixar Sara e Antônia na escola, eu segui pra faculdade, e assim que cheguei vi que o Matheus estava sentado em um dos bancos do refeitório, pensei em ir até ele e procurar saber o que ele fazia ali tão cedo, mas preferi não me meter muito, eu ainda tinha planos pra ele. Cheguei na sala uma hora antes do meu horário normal, seria perfeito que quando os alunos chegassem, dessem de cara com a grande surpresa que os aguardavam.

Peguei todas as carteiras da sala e as coloquei uma do lado da outra formando um circulo, e a minha cadeira no centro dele. Fui até o quadro e reescrevi os insultos que foram dirigidos para o Matheus. Fiz questão de coloca-los em destaque, com grandes letras e um bom pilot escuro. Liguei o notebook no projetor e fechei as cortinas da sala. Por volta das dez horas estava tudo pronto e logo os alunos chegariam. Devo confessar que eu estava nervoso, nunca em todos os meus anos como professor imaginei que teria que lidar com esse tipo de coisa em minha sala de aula, mas era preciso. Eu sempre fui o professor "maneiro e descolado" como os próprios alunos me chamavam, porém, agora eu teria que mudar.

Fui pra porta e esperei para que o sinal tocasse, e ele tocou. Dentro de alguns minutos começaram a chegar os alunos. Cumprimentei um por um com um aceno de cabeça, e vi a surpresa em seus olhos quando eles viram a sala arrumada, e um olhar de medo quando notaram o que estava escrito no quadro. Assim que o ultimo aluno – Matheus – entrou, eu entrei e fechei a porta.

— Bom dia! — Eu disse e esperei pra que me respondessem.

— Bom dia Dani — Eles disseram em uníssono e eu balancei a cabeça. Hoje não iria ser apenas Dani, hoje eu seria o professor Daniel.

— Hoje faremos diferente, eu quero que sempre que forem se referir a mim, se refiram como Professor Daniel. — Eu disse e comecei a andar em torno da cadeira de cada um. — Vocês querem agir como crianças, não é? Pois então, serão tratadas como uma. De hoje em diante eu serei o professor Daniel, o professor chato e que cobra uma atitude madura de toda a turma. Vou recomeçar e espero que vocês tenham entendido.

— Bom dia! — Eu disse novamente.

— Bom dia professor Daniel — A turma toda respondeu e o olhar de medo continuou.

— Muito bem. — Eu disse e fui até o quadro e parei. — Bom, vocês devem estar se perguntando o porque dessa arrumação toda, não é? — Eles concordaram com a cabeça e eu continuei. — Eu em todos os meus anos como professor eu tentei ao máximo não ser um professor chato. Eu sempre fui amigo de todos os meus alunos, mas algumas pessoas não sabem da valor e acabam pisando na boa vontade dos outros. Vocês sabiam o que o Bullying é uma coisa muito séria? Elas afetam a vida de uma pessoa. Brincar com um colega, colocar apelidos é uma coisa "aceitável", mas ofender? Não. Então depois de muito me questionar e até mesmo pedir ajuda a minha namorada que por sinal é professora do ensino fundamental, eu cheguei a conclusão que precisamos rever algumas coisas aqui dentro da minha sala de aula, porque sinceramente pessoal, parece que eu estou lidando com o jardim de infância. — Eu jorro com uma voz dura e vejo o Matheus abaixar a cabeça.

PERDAS E DANOSOnde histórias criam vida. Descubra agora