Capítulo 26

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Miguel veio ao mundo muito antes do previsto nos dando um baita susto, medindo 42 centímetros e pesando 1.720 gramas. Assim que saiu da barriga de sua mãe, foi levado para a UTI, onde ele precisaria ficar por pelo menos um mês. Ele precisaria de ajuda para respirar e se alimentar, e enquanto isso, eu pedia aos céus para que tudo ficasse bem com meu filho.

Depois de passar um tempo com Sara, e por fim conseguir acalma-la prometendo que tudo ficaria bem, eu tive permissão de visitar o meu filho.

— Daniel, coloque essa roupa e lave suas mãos conforme indicado na placa. — Uma enfermeira que não deveria ter mais de vinte anos explicou e logo me deixou sozinho. Fiz tudo o que me foi pedido, eu estava em modo automático. Não sei em que momento eu entrei na UTI, mas, quando dei por mim, estava em frente à uma caixa de vidro e dentro, tinha um pequeno bebê.

Miguel era a coisa mais linda e mais pequena que eu já tinha visto em toda a minha vida. Ele parecia um boneco. Pequenos e finos tufos loiros cobriam sua cabecinha, seu corpinho era de um tom rosa claro, e suas mãos e pés eram tão delicadas que eu fiquei com medo de toca-lo e quebra-lo. Um tubo estava preso em seu pequeno nariz, e aquilo o ajudava a respirar.

— Ei garotão — Eu disse colocando minhas mãos por dentro da incubadora e peguei na sua pequena mãozinha esquerda. — Eu sou seu pai, é isso ai. — Ele mexeu a cabecinha e logo seus pequeninos dedos se fecharam ao redor do meu indicador e meu coração parou. Mesmo tão pequeno, meu filho tinha uma força sobrenatural, e eu senti nesse momento que ele venceria essa batalha. Como poderia uma criança tão pequena e indefesa ter tanta força? Eu não sabia, mas, agradecia aos céus por meu filho mesmo tão pequeno, lutar por sua vida. — Eu te amo, meu filho e nós vamos lutar junto com você.

***

— Como ele é? — Sara perguntou assim que acordou. Ela estava com agulhas presa em seu braço. Sua pele estava um pouco pálida, mas, ela continuava a mulher mais linda do mundo.

— Ele é lindo. Tão pequeno e tão forte, amor. Você tinha que ver o tamanho da sua força ao segurar no meu dedo. — Eu disse sorrindo e me lembrando do meu filho. Depois de passar mais de uma hora com ele, eu tive que me retirar da UTI. — Ele tem os cabelos loiros como os seus e o da Tonton. Ele é a coisa mais perfeita que eu já vi.

— Ele é não é? — Sara falou chorando e com a sua mão livre, ela me chamou.

Fui até a sua cama e me sentei ao seu lado, beijei-lhe delicadamente o seu cabelo e a abracei. — Sim, ele é. Nós teremos que ser fortes por ele. Miguel vai precisar muito de nós. — Eu disse e ela concordou com a cabeça.

— Nós estaremos aqui por ele, sempre. — Ela respondeu enxugando as lágrimas e com um beijo, selamos nossa promessa, de que sempre estaríamos ali um pelo outro. Sempre.

***

O resto da semana foi intercalado entre ficar no Hospital com Sara e Miguel, e correr pra casa pra dar atenção a Antônia. Eu não queria que ela se sentisse de lado depois do nascimento do seu irmão, e por isso, pedi uma grande folga na faculdade, onde expliquei o ocorrido e o reitor como era meu amigo, mais do que entendeu. Acho que eu nunca poderia ser capaz de agradecer a Helena a força que ela e André estava nos dando. Quando eu não podia ir pra casa ou buscar Tonton, ela se prontificava a deixar tudo pronto, e até mesmo fez os últimos retoques no quarto de Miguel. Dorothy ficou com Sara quase a maior parte do tempo.

Fiquei preocupado quando num certo dia, vi um psicólogo saindo do quarto da minha esposa, e logo o medo se apoderou do meu ser, mas, logo descobri que era uma consulta de rotina e que Sara estava ótima. Miguel era mais forte do que eu imaginava e estava ganhando mais peso cada dia que passava, e na próxima semana já poderia ir pra casa. Fiquei feliz com a notícia, e quando soube, logo quis trazer Tonton para que conhecesse seu irmão.

— Eu vou poder pegar ele no colo, papai? — Tonton perguntou enquanto fazíamos nosso caminho até o quarto de Sara. Ela estava com duas rosas – que colheu do seu jardim - .

— Não filha, ele ainda é muito pequeno, mas eu prometo que quando puder, você será a primeira. — Eu falei sorrindo e ela concordou com a cabeça.

— Tia Sara vai pra casa hoje?

— Sim, e na próxima semana, o Miguel também irá. — Eu disse parando em frente a porta do quarto de Sara. Me abaixei e fiquei na altura de Antônia. — Dê um beijo bem forte na tia, e diga o quanto ela está linda, ok? Ela sente muito sua falta. — Eu falei beijando seu rostinho redondo e ela concordou com a cabeça.

Assim que abri a porta, Antônia correu pra dentro do quarto e encontramos Sara sentada numa poltrona tirando leite com uma bombinha. Era quase seu ritual.

— Titia Sara, que saudade! — Antônia falou se jogando no colo de Sara. Elas se abraçaram e se beijaram. — Colhi do meu jardim pra você, estão lindas né? — ela falou entregando as duas rosas.

— Como você cresceu, e essas flores estão lindas! Assim como você, minha florzinha. — Sara falou beijando-a mais uma vez.

— Papai falou pra eu te falar, que você está muito linda. — Antônia falou e logo colocou a mão na boca ao perceber o que tinha feito. — Desculpa papai. — Ela falou sorrindo e eu me derreti.

Depois de muita brincadeira e risadas, era hora de irmos nos despedir de Miguel. Meu coração ficou apertado, mas, eu sabia que esse era o melhor pra ele. Eu e Sara ficaríamos aqui todos os dias. Assim que chegamos na UTI, fizemos nosso ritual de mudar as roupas, lavar as mãos. Explicamos tudo pra Tonton e ela fez o mesmo, e logo estávamos em frente a incubadora. Miguel já tinha ganho duzentas gramas, e isso era motivo pra comemoração.

— Papai, deixa eu ver. — Antônia falou e eu a paguei no colo.

— Nossa, ele parece um boneco, mas é tão lindo. — Falou admirada e sorriu. — Os cabelos são da mesma cor que o meu. Posso colocar a mão nele?

— Pode, mas, tem que ser com muito cuidado, tá? — Eu falei

— Deixa eu te ajudar. — Sara falou e pegou a mão de Antônia e levou até Miguel, suavemente, Antônia acariciou a mãozinha do irmão. Seu olhar de admiração e encanto por Miguel era a coisa mais linda que eu já tinha visto em toda a minha vida, e mais uma vez, eu fiquei apaixonado pelos meus filhos.

Assim que o horário de visita acabou, eu e Sara assinamos as papeladas, pegamos sua mala e infelizmente tivemos que deixar o hospital. Eu sabia que ela estava tão abalada quanto eu por ter que deixar nosso pequeno sozinho, mas, lembramos que também tínhamos outra criança em casa que precisava da nossa atenção.

O caminho de volta até em casa foi regado a brincadeira e cantorias, e a todo caminho Antônia falou sobre seu irmão, sobre os planos que ela faria com ele. E assim que chegamos, ela foi correndo pro telefone contar pra Helena como seu irmão era lindo, e que estava apaixonada por ele.

— Eu te amo. — Sara falou me abraçando, assim que sai do carro.

— Eu te amo muito mais — Eu disse sorrindo, e tive certeza naquele momento, que tudo o que acontece em nossa vida, acontece por motivo.


Recadinhos

• Amanhã eu solto o epílogo, teremos uma GRANDE surpresa!!!!!!

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Beijocas e até amanhã! ♥

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