Capítulo 28

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A reunião foi um sucesso. Percebi que o Thomas ficou com um olhar diferente depois do episódio Gustavo... Preciso falar com ele.

Quando o pessoal levantou para sair da sala de reunião, eu disse:

-Thomas querido, você pode ficar mais um pouco? Preciso falar com você...- os meninos, principalmente o Andrew, me olharam estranho mas não questionaram.

-Claro

Após saírem da sala, eu comecei a me pronunciar:

-Você sabe que pode contar comigo, certo? - ele concordou com a cabeça - então, faz um tempo que eu percebo o seu jeito, sempre fechado, como se alguma coisa te prendesse de tudo à sua volta. Não sei se você se sente a vontade pra desabafar comigo, mas quero que saiba que eu sempre vou estar aqui, ok?

-Ual, não esperava... Eu realmente sou fechado e não tenho problema em falar com você. Parece que os meninos nunca perceberam que eu guardo alguma coisa ou que algo me machuca...

-Ei, não se sinta pressionado.

-Bruna, você não entende, eu preciso desabafar e acho que agora é o momento. Eu tenho 24 anos, meus pais me tiveram por acidente, nunca ouvi um "eu te amo" deles. Logo que fiz dezoito, sai de casa. Sempre soube que era diferente dos meus amigos, meus gostos, minhas amizades, minhas roupas...enfim, com anos e anos eu fui me descobrindo. Até que eu fui em um psicólogo e caiu a ficha que eu era gay. No começo, eu fiquei assustado, meus pais nunca permitiriam que eu ficasse naquela casa. Um dia, quando eu estava com dezessete anos, meu pai ouviu eu falando com a minha vizinha sobre isso e a partir daquele dia, eu já sabia que assim que fizesse dezoito teria que ir embora. Desde esse fato, eu visito meus pais duas vezes no ano e é isso...

-Ual...sério, eu podia falar agora umas frases fofas de ajuda e tudo mais, mas eu só quero dizer QUE ÓTIMO, eu estou muito feliz... Ai caramba, você podia ficar com o Gu né?! Ele não é lindo? Ele te deu muita bola... Bruna missão cupido está nas suas mãos...

-Ei, para hahaha...Calma, só você sabe. Eu nunca contei isso porque eu não sei qual vai ser a reação dos meninos.

-Estou bem agora rsr...se eles forem amigos de verdade, vão te entender e ficar do seu lado.

-É verdade... Sabia que eu me aproximei do Andrew na faculdade porque ele era gato hahaha... mas eu vi que ele era muito macho pro meu mel e ai eu só virei amigo mesmo. 

- Ai meu deus sua bicha louca...vai atrás do Gustavo que o Andrew não está disponível...

-Ai Bru, sério, desabafar tirou um peso das minhas costas. Agora vem a segunda parte, contar para os meninos...

-Isso tem que partir de você... só vou te dar um dica de motivação: você pode juntar os meninos hoje e contar, e de noite cineminha lá em casa. Ou seja, você vai ter um momento a mais com o Gustavo... bjs...

Sai da sala com aquele sorriso de missão cumprida e fui até a minha. Fique pensando na Alice, faz um tempo que não nos vemos, só ligamos uma para outra. Se tudo der certo, hoje eu desmarco com o Andrew e marco com todo mundo lá em casa.

Sobre a minha possível doença ter voltado, ainda estou preocupada. Nunca mais tive tontura, mas da outra vez também foi assim. Marquei um médico pra daqui duas semanas e não contei pra ninguém ainda. Só sei que o Gustavo e a Alice, fora minha família, foram os que mais me deram apoio e motivação para continuar. Na época meu médico disse que se voltasse a doença, ela poderia me tirar a vida e se caso ela tenha voltado, o melhor é deixar todos aqui e tentar minha cura em outro lugar. Só eu sei o que é ver todos tristes, levando a vida e me olhando com dó. Não quero mais isso. E se eu tiver que ir embora, eu vou.


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