Hoje eu tive uma consulta com o meu médico e minha situação só piora. O melhor tratamento é na Noruega e bom, eu vou pra lá. Não pensem que eu estou bem, eu estou acabada. Ninguém sabe que eu vou amanhã, meus amigos só vão saber quando lerem uma carta que eu estou escrevendo agora. Meus pais irão me matar se souberem que eu fugi, assim como Andrew, que vai ficar completamente machucado e com raiva de mim. Se um dia eu voltar, pode ser que nunca tenhamos algo de novo, eu sei que deveria contar o motivo pelo qual eu estou indo e talvez eles me apoiassem, e me dariam força. Mas se eu ir embora e eles ficarem com raiva, a raiva por mim, vai ser um motivo para eles quererem me deixar pra trás e seguir a vida deles.
Após terminar a carta, coloquei ela dentro de um envelope e fechei. Por cima coloquei um post-it dizendo para a Alice abrir com todos os meus amigos e a outra carta, entregar aos meus pais. Por último, liguei para o Andrew, convidando ele para dormir aqui em casa, seria a nossa despedida e o dia mais difícil da minha vida. Dizem que quando amamos, temos que deixar partir, se necessário. Acho melhor ele sofrer com a raiva e a dor de eu ter ido embora, do que a dor de ter visto a namorada morrer.
***
Estava no escritório quando terminei a carta e logo deu o horário da minha reunião com o Sr. Lancaster, pai do Andrew e meu chefe.
- Boa tarde Sr. Lancaster
- Boa tarde Bruna, no que posso ajudá-la?
- Então, a história é longa,mas eu preciso muito da sua ajuda e profissionalismo.
- Claro, pode começar.
- Bom, quando eu tinha uns 15 anos, eu descobri que estava com leucemia, não foi fácil lidar com a doença, mas eu consegui, porém tinha uma certa porcentagem que a doença poderia voltar quando eu estivesse mais velha, e ela voltou. Eu estou doente de novo, já faz alguns meses que eu sei e todo dia de manhã eu faço quimioterapia. Hoje eu falei com o meu médico e vimos que todo o tratamento que eu estou fazendo aqui, não está ajudando o meu caso. Mas o melhor tratamento é na Noruega e bom, eu vou amanhã. E eu queria pedir para eu continuar na empresa, ainda mais que os meus pais não sabem de nada e eu tenho que me manter. Alguém daqui, me mandaria os casos e de lá eu resolveria. Eu teria um outro nome, para que nenhum dos meninos soubessem onde me encontrar. O que você acha?
- Nossa Bruna, é, eu não sei nem o que te falar. Eu sinto muito pelo o seu caso, não se preocupe com o seu emprego, podemos fazer isso que você disse. Vai ser difícil eu guardar o seu segredo do meu filho, mas eu vou manter o meu profissionalismo e tudo bem querida, viu sempre entrar em contato com você. Caso você precise de ajuda financeira, não fique com vergonha, eu te ajudarei em tudo que puder.
- Muito obrigada, por tudo. Eu não sei se eu vou viver por muito tempo ou se a doença vai me levar. Eu vou agarrar os meus 5% de chance e vou pra lá.- já estava chorando e o abraçando fortemente. Depois fui para minha casa.
***
Já estava de banho tomado, a comida estava pronta, o banheiro já estava com as rosas e as velas aromáticas, era só em encher a banheira. Logo o Andrew chegou, ficamos bastante tempo conversando e bebendo, algo que eu não poderia fazer, por conta dos remédios. Mas se eu já estou na merda, o que custa aproveitar o pior dia da minha vida?!
Enfim, logo convidei-o para ir para o quarto. Aproveitamos muito, quando eu não estava mais aguentando, sugeri que fôssemos para um ótimo banho. Ele lavou os meus cabelos, meu corpo e eu fiz o mesmo. Depois, apenas me encaixei no meio de suas pernas e relaxei...
- Bru, sério, você está bem estranha, parece que hoje você deu tudo de si e foi a melhor transa da minha vida...
- Hahahah... Não seja besta amor, eu sei o que eu faço tá?!
- Sei, sei, sei hahaha
- Ei, eu amo você, talvez eu mal fale isso. Mas eu quero que você saiba, que eu amo você. - começou a cair algumas lágrimas e o Andrew limpou cada uma delas.
- Amor, eu também amo muito você. Por que você está chorando?
- Não sei, acho que eu estou pra menstruar, ai já viu né?! Hahaha
- Essas coisas de mulheres, hormônios doidos... Tudo bem né.Ficamos mais um tempo na banheira e logo fomos dormir. Quando o Andrew pegou no sono, arrumei minhas duas malas e já deixei na sala. Me deitei ao seu lado e o abracei como se minha vida dependesse daquele abraço, e dependia...
Acordei às seis horas da manhã, tomei um banho, me arrumei, deixei um bilhete dizendo " Te amo do tamanho do universo, nunca duvide do meu amor. Todo ato, tem um porém e saiba que eu só quis o melhor pra você. Bjs Amor". Dei um selinho nele, peguei minha malas, passei no apartamento da Alice e passei a carta por baixo da porta. Chamei um táxi e fui em direção de uma nova vida, aquela vida que só tem 5% de chance de dar certo, mas que eu vou agarrar com todo o resto de esperança que eu tenho.
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Sorte no Amor
RomanceBruna Malchior, 23 anos, mora no Rio de Janeiro. Após ser traída, limpar as merdas do seu irmão e aguentar a pressão dentro de casa, resolve que é hora de seguir carreira solo. Formada em Direito, vai para São Paulo com um currículo de dar inveja, e...