Capítulo 34

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- Bom dia dorminhoca!
Foi a primeira coisa que eu ouvi antes de abrir os olhos de manhã, senti o peso do corpo do Andrew caindo sobre o meu, já fazia duas semanas desde que eu descobri que a minha doença havia voltado e as coisas não estavam fácil. A minha cabeça doía muito, eu nunca estava com fome e estava começando a perder peso, o Andrew não sabia e a cada dia, me convencia mais de que ele não deveria saber, eu não posso fazer ele sofrer como eu fiz a minha família sofrer um dia, sei que nada disso é minha culpa mas eu não posso colocar esse peso nele, ele tem tanto pela frente, um futuro lindo, enquanto o meu é incerto, a melhor coisa que eu posso fazer é o proteger enquanto estamos juntos, por mais que me doa esconder isso dele.
- Bom dia bonito... Amor? Andrew! NÃO! Macaco morto não! - Macaco morto era uma brincadeira que ele tinha começado a fazer há uma semana atrás quando eu estava deitada na cama descansando e ele queria conversar, ele vem e deita em cima de mim e se faz de morto e eu tenho que convencer ele a voltar a vida, claro que o meu corpo estava mais fraco mas eu não reclamava, pelo menos não sinceramente, isso sempre me fazia sorrir.
- Okay seu bebê! Se voltar a vida, eu vou - ele fez um barulho como "uh" imitando um macaco para indicar que estava ouvindo mas não abriu os olhos - Deixa eu ver, eu vou te dar um beijo bem gostoso
- Agora você está falando a minha língua
- Macaques?
- Mas é claro que sim, é a nossa língua
- E ninguém além da gente consegue entender?
- Só os macacos
- Os meninos conseguem entender a gente? - perguntei falsamente chocada
- Pois é mas eles não estão aqui
- Eles não tão aqui não é mesmo?!
- E mesmo se tivesse, isso não ia me impedir de cobrar aquilo que você ta me devendo
- E isso seria o que? - senti meu estômago se revirar mas não do jeito bom, sorri de lado para esconder meu desconforto
- Como que era? Ah é, " um beijo bem gostoso " - ele disse aproximando seus lábios aos meus mas não chegamos a nós beijar porque antes disso eu o empurrei e corri para o banheiro
- Ah Bruna! Isso é trapaça - Ouvi ele gritar mas nesse momento já estava de joelhos na frente da privada, vomitando
- Bru? - senti uma mão dele puxando meu cabelo para cima e a outra subindo e descendo nas minha costas - Calma, isso amor, vai ficar tudo bem - quando terminei levantei minha cabeça e a encostei no joelho dele que estava atrás de mim, ele esticou a mão e deu descarga, fechou a tampa e facilmente levantou o meu corpo e me sentou na privada, se virou de costas e puxou rapidamente a minha escova de dentes e passou pasta, encheu um copo com água
- Abre a boca - não entendi exatamente o que ele queria fazer mas abri e ele colocou a escova na minha boca e começou a escovar - Não, Andrew eu consigo - disse me esquivando
- Eu sei mas eu quero fazer - eu finalmente permiti, meus braços estavam moles, era menos ariscado deixar ele fazer isso do que eu tentar e parecer pior do que eu já pareço, ele me deu a água e me ajudou a ir até a pia para cuspir, depois me pegou no colo e me levou até a cama, onde me deitou, eu não protestei pois sentia o meu corpo muito fraco, ele saio correndo do quarto e voltou com um copo cheio de suco de laranja.
- Bebe
- Obrigada
- Eu sei que eu não sou lá essas coisas mas eu não sou tão repugnante assim amor - ele disse sorrindo
- Só um pouquinho
- Bru... O que está acontecendo? Você ta meio... estranha já tem um tempinho..
- Hum.. Eu acho que eu to estressada - não era a verdade mas também não era uma mentira
- Você quase não come
- Eu não to com muita fome
- Bru, talvez você esteja trabalhando demais, você ta acordando muito cedo, eu acho que você ta se esforçando além da conta amor - ele disse, sem saber que eu acordo muito cedo pra ir para quimioterapia, eu começei dois dias depois de ter contado para os meus amigos
- É, talvez você tenha razão mas deixa isso pra lá, eu to te devendo algo...
Ele sorriu e disse:
- É sério macaquinha, a gente ainda vai conversar sobre isso
- Ta tudo bem Andrew
- Vem cá - disse antes de me beijar
  Eu não sei por mais quanto tempo eu vou poder esconder isso dele, eu não estou ficando melhor mas eu penso nisso mais tarde, agora eu só quero pensar nele e nesse momento, por um segundo eu quero fingir que está tudo bem de verdade, mesmo que não esteja.

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