No Escuro || (Romance Gay)

Capítulo 21

Era começo de noite e tudo o que Travis Young mais almejava era entrar em seu quarto, deitar em sua cama e fitar as paredes, buscando compreender cada nova informação que havia descoberto. Uma angústia crescia em seu peito ao lado de certa euforia, ambos combinados lhe traziam desassossego e consternação. Entretanto essa era a primeira vez que o caos emocional não se dava graças ao passado e, apesar de tudo, isso ainda era um alívio.

Assim que entrou em casa, pode ouvir os sons que denunciavam movimento vindos do andar de cima. Franziu o cenho e suspirou, esfregando o rosto com a palma da mão. Tinha um assunto pendente com Diana e este era inadiável. Subiu as escadas lentamente enquanto remoía o que se passara mais cedo e caminhou em direção o quarto da amiga.

Previa que a conversa que teriam não seria das mais agradáveis.

Parou em frente a porta aberta e a viu se olhando no espelho enquanto colocava brincos. A jovem sobressaltou-se com sua presença e deu instintivamente dois passos para trás.

- Travis! – Exclamou um pouco sem graça. – Finalmente! Estava preocupada.

- Por quê não me ligou? – A jovem ficou em silêncio, deixando as íris vagarem pelo quarto como se procurasse por uma resposta, então o rapaz continuou. – Por quê não me disse a verdade?

- Você sabe o porquê.

- Quero ouvir você falando. – Insistiu.

- Travis. – Disse e fez uma pausa. – Tive medo. O que você faria se soubesse? Vi como ficou transtornado.

Wood meneou a cabeça desaprovando o rumo da conversa e Young imitou o gesto, descontente com a reação da amiga.

- E não tive motivos?

- Eu não disse isso, Travis. – Mais alguns passos e sentou-se na cama, desolada. – Como você descobriu?

- Ele... Jack está na minha sala na faculdade. – Diana franziu o cenho e seus traços faciais formaram uma careta. Fez menção em falar, mas desistiu, mantendo os lábios entreabertos com o que havia ouvido. – Por quê o espanto?

A jovem inspirou e em seguida negou.

- Nada, continue.

- Não! – Young vociferou. – Quero que me diga, estou cansado de ser o último a saber das coisas. Estou exausto, Diana!

- Droga, droga, droga. – Praguejou a amiga.

- Eu sei quem ele é. Amante de Amelia, ex mulher do nosso vizinho. Aquela que foi assassinada. – Veridiana escondeu o rosto com as mãos, curvando-se até os joelhos enquanto sentia-se sob análise das íris carameladas. O súbito silêncio provocou uma certa aflição no rapaz. – Olhe para mim, Diana.

- Travis. – Foi o que conseguiu dizer.

- Não me diga que o fato de ele estar aqui aquele dia foi uma extraordinária coincidência.

Wood fechou os olhos e torceu a boca escarlate denotando sua insatisfação com o assunto. Aquilo havia ido longe demais até mesmo para si.

- Eu quis preservá-lo. – Lamentou soltando o ar pelos lábios antes de continuar. – Tudo bem, se chegamos a esse ponto, eu vou explicar. Por você e somente pelo amor que eu tenho por você, porque nada me faz mais infeliz do que esse assunto.

Então o rapaz vacilou. Sentiu-se injusto por ter gritado com sua melhor amiga, principalmente porque não fazia ideia do que havia acontecido. Estava descontando suas frustrações na pessoa que mais amava na vida sem sequer escutá-la.

As feições se abrandaram e ele aproximou-se para sentar ao seu lado.

- Espero que não me odeie por isso, mas eu preciso entender.