Capítulo 25

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Travis levou a palma da mão aberta ao peito, engolindo com dificuldade a saliva em uma expressão de agonia. Sentia-se nauseado, preso em uma canoa no mar agitado e, àquela altura, de tanto que ouvira, as coisas não mais faziam sentido.

Havia muito para processar dentro de si.

Realizar que nada do que vivia era integralmente verdade.

- Você não está bem. – Examinou, olhando diretamente para o rosto feminino desarranjado em lamentações. – E eu também não estou. – Finalizou, torcendo para que a frase bastasse para o encerramento do diálogo.

Os membros da gangue inimiga dirigiram-se à jovem, levantando-a pelos braços para retirá-la do campo de visão de Young. Tudo ocorreu sem resistência e, assim feito, seguiram para Tom.

Travis voltou para a posição de antes, a cabeça apoiada sobre as mãos, cotovelos nos joelhos, e só olhou para trás quando a voz do amigo ecoou grave pelo local, seguida pelas outras agitadas. O suficiente para que o caos se instalasse.

Evans era esperto. Havia visto uma oportunidade no ínfimo instante em que afrouxaram as cordas para retirá-lo dali. Infelizmente eram muitos para si, uma luta desleal, mas Travis conhecia sua determinação.

A confusão alertou Shadows, que avisou o menor antes de sair em direção ao grupo.

- Não tente fugir.

Era estranho como a possibilidade só passou por sua mente quando mencionada por Sanders. Iria para onde? Não sabia onde estava e jamais deixaria Veridiana e Tom. Suas forças haviam se esgotado. Sua única certeza – e não entendia o porquê apesar de tê-la – era que deveria ficar e aceitar o que o destino havia lhe reservado.

Nem tudo havia se esclarecido.

As íris carameladas focaram-se nas tão azuis e, então, conectaram-se como nunca.

Foi instinto ou apenas a vontade descomunal finalmente liberta dos olhos de Rodger, mas Young quase nem precisou fazer o gesto, o rapaz aproximou-se de prontidão, agachando-se ao seu lado ao mesmo tempo em que checava os outros concentrados em conter Tom.

- Como você está? – Perguntou o menor em um sussurro, vendo no rosto do outro preocupação e arrependimento.

- Eu estou bem, Travis.

- Não, eu me refiro a... – Abaixou os olhos, perpassando-os pelo seu baixo ventre e depois voltou a fita-lo.

- Oh... Eles não...Hm, conseguiram. – Contou sem jeito – Eu estou com uma cicatriz, mas...

- Não conseguiram? – Respondeu ofegante, o ar aliviado saindo pelos pulmões. Os dedos tocaram-lhe primeiro o maxilar, avançando para acariciar seu o rosto.

- Achei que você soubesse.

- Não! – Negou enfaticamente com os orbes marejados, quase implorando para ser acreditado. – Eu... Eu não... Me perdoe, Andy. Eu não tinha o direito. – As lágrimas caíam fáceis pela face delicada. – Meu deus, eu estou tão aliviado.

Soltou-lhe para que pudesse secar os olhos.

Miller com a mão trêmula o tocou seu ombro, automaticamente Young a segurou junto a si. Depois de tudo o que ouvira, aquilo foi justamente o que precisava. Não queria que se soltasse, não o queria longe.

- Não estou feliz de estar aqui. – Afirmou o jovem. – Eu não queria...

- Estou feliz que esteja aqui. – Respondeu sem se importar em como soaria.

No Escuro || (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora