Capítulo 23

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Sentia a brisa quente tocar-lhe a pele junto dos raios solares e, naquele momento, não desejava nada além do que estar ali. Deitado sob a grama verde daquele imenso jardim com as pálpebras fechadas, desencorajadas pela luz intensa que recebiam. Não pensava em nada, ainda que se esforçasse para se lembrar de algo, mas coisa alguma lhe vinha à mente.

Não sabia o porquê e a quanto tempo estava assim, estático. Cabeça apoiada sobre os braços dobrados. Mas o fato era que não queria saber, gostava do calor. Era reconfortante.

E esse foi o primeiro pensamento que lhe acometeu: "Bom demais para ser verdade".

Sabia que as palavras tinham poder. E porque sabia, sentiu o clima mudar. Instantaneamente. Logo pôde abrir os olhos com a grossa nuvem que cobriu o céu. Como mágica, estava escuro, acinzentado. E em segundos a brisa transformou-se em um vendaval.

Travis levantou-se e começou a correr sem saber onde se abrigar. Gotas pesadas começaram a cair do céu, atingindo como agulhas a pele que a roupa não cobria. Não demorou para que os sapatos estivessem cheios de lama.

E sentiu um frio descomunal.

Em segundos estava exausto. Não sabia explicar, mas essa era uma sensação com a qual se identificou.

As pernas doloridas resistiam a seguir em frente; então parou. Fechou os olhos por um minuto, desejando que estivesse em outro lugar.

Não sentiu mais nada.

Franziu o cenho antes de tentar espiar o que havia acontecido.

Nada.

Escuridão.

Breu.

Seu desejo havia se realizado.

Tinha de ser um lugar fechado foi o que a mente lhe sussurrou. Era assombroso demais imaginar que o sol havia apagado no céu, deixando-o sem direção naquele imenso nada. Tranquilizou-se quando percebeu pisar em uma superfície dura e reta, nenhum resquício do forte vento restara.

Parecia estar em uma sala, podia ouvir passos do lado de fora. Alguém se aproximava.

Um rangido tomou o ambiente. A porta se abrira permitindo que uma luz incidisse pelo local e antes que se fechasse, viu um vulto adentrar-se ao recinto.

Apesar de nenhuma pista, sabia de quem se tratava.

E o queria de uma forma avassaladora.

Em uma fração de segundo, o tinha bem à sua frente. Podia sentir seu perfume amadeirado; era inebriante. Despertava seus desejos. Tateou o corpo sentindo os músculos se retesarem; peito e abdômen, descendo para concentrar-se na fivela do cinto, mostrando certa impaciência com a respiração que se agitava.

Lambeu a palma da mão, umedecendo-a antes de começar a tocá-lo intimamente, buscando com isso uma atitude do homem diante de si. Um vazio tomava conta de si, precisava ser preenchido desesperadamente.

Um longo gemido ressoou pelo espaço antes das palavras serem proferidas:

- Oh, Travis. Por quê se esforça tanto? – Indagou, a voz amaneirada pelos prazeres que o outro lhe proporcionava. – Sabe que vou ferí-lo.

- Eu não me importo. – Afirmou com firmeza, sem cessar os movimentos de sua mão direita. – Só me faça seu.

Não tinha como explicar, mas sabia que o outro sorria. E então sentiu seus dedos acariciarem levemente sua face acalorada.

No Escuro || (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora