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Finalmente era sábado, dia de acordar tarde. Só que não!
Simone inventou de fazer faxina na casa às oito e meia da manhã. Meu subconsciente ouvia o som estrondoso do aspirador, mas não sabia do que era. Aos poucos, fui despertando e quis matar cada alma viva naquela casa.
Abri a porta forçando um sorriso e desci as escadas, indo diretamente para a cozinha. Henrique tomava café apoiado na pia e, como sempre, sorriu para mim.
– Você não dorme? – Perguntei, rabugenta.
– Eu tentei.
Henrique apontou para a direção que vinha o barulho. Revirei os olhos e me sentei na cadeira, apoiando a cabeça na mesa.
– Você quer ir pra minha casa?
Levantei a cabeça, olhando incrédula para Henrique.
– Não estou fazendo um convite para sexo selvagem, Amora. Só perguntei se você quer ir pra lá dormir, enquanto eu tenho uma reunião.
Confesso que fiquei um pouco decepcionada com sua afirmação sobre o sexo selvagem, mas disfarcei bem. Eu acho. Henrique sorriu maleficamente, sabendo exatamente o que eu estava pensando. Apoiei a cabeça mais uma vez na mesa e resmunguei.
– Pare de ler meus pensamentos, Henrique.
– Eu juro que tento, mas é inevitável.
Comecei a rir e decidi aceitar o convite de Henrique. Eu tive tantas noites mal dormidas desde que eu vim morar aqui, que o convite de dormir sem hora para acordar se tornou completamente irresistível.

• • •

Henrique me levou ao seu quarto e meus lábios sorriram com a lembrança daquele lugar.
Me joguei em sua cama e a sensação daquele colchão que nos abraça me fez ficar satisfeita.
Henrique foi até seu closet e tirou a roupa, ficando somente de cueca verde. Meus olhos traidores não desviaram e muito menos piscaram. Henrique vestiu uma regata branca, uma camisa branca, uma calça preta, uma gravata vermelha e eu tive a sorte de acompanhar aquele filme erótico ao vivo e a cores. Henrique conseguia ser sexy sem ter que se esforçar.
Depois de transformado em algo extremamente apetitoso, Henrique veio até mim e se sentou ao meu lado na cama.
– Eu gostaria de me desculpar por ontem – Henrique falou sério, me deixando curiosa.
Se desculpar por ter feito sexo comigo? Ou por ter invadido meu quarto?
– Pelos dois. Sei que agi daquela forma porque não conseguia mais segurar meu desejo por você. Mas foi errado e você não merece ser tratada daquela maneira.
– Você tem certeza que não é um mutante que lê meus pensamentos? Porque olha... isso está ficando assustador!
– Tenho certeza, sim. Mas eu sabia que sua cabeça criadora de problemas estaria pensando nessas opções. Por isso me desculpei.
– Qual? Ser bem comida?
Sério que você falou isso Amora? Minhas bochechas fritaram de vergonha e Henrique riu.
– Fico feliz em saber disso, mas não agi certo, então queria me desculpar.
– Acho que você deveria se desculpar por invadir meu quarto e ainda causar um hematoma em minha bochecha. Você sabe que isso vai demorar pra sair, né?
– Mas você caiu sozinha. Eu estava bem quietinho, enclausurado no guarda-roupas.
– Certo!
Henrique sorriu e pegou minha mão.
– Só vou ficar na cidade mais duas semanas. Gostaria de aproveitar esse tempo com você. Sei que não tenho direito de pedir isso, mas eu não consigo tirar você do meu sistema, Amora, então preciso ter você o máximo que eu puder – ele falou com sinceridade.
Um brilho de tristeza e preocupação passava em seus olhos de chumbo. Eu também estava triste por ele ter que ir embora. Eu também queria aproveitar o máximo que pudesse com ele. Henrique era aquela pessoa que aparece somente uma vez na sua vida e você não deve desperdiçar as oportunidades que a vida lhe oferece.
Ele me olhava com expectativa. A única forma que eu tinha de responder foi puxando Henrique para um beijo.
Eu nunca beijei alguém como Henrique. Ele se entregava no beijo de uma forma que nunca vi ninguém fazer antes. O carinho, o orgulho que Henrique transmitia, fazia eu me sentir a mulher mais sortuda do mundo, mesmo sabendo que aquilo aconteceria por pouco tempo.
Eu soube desde o começo que Henrique seria algo temporário em minha vida, mas saber e aceitar eram coisas completamente diferentes.

• • •

Depois que ele foi para o trabalho, fiquei pensando em tudo o que aconteceu entre a gente. Foi tudo tão catastrófico, tão intenso e tão de repente, que fez minhas borboletas estomacais acordarem.
Henrique era surreal demais para mim. Ele sabia ser romântico, excitante, possessivo, carinhoso e dominador ao mesmo tempo. Ele era realmente uma peça rara.
Fiquei revirando na cama e decidi ligar para o escritório de Henrique. Ele deixou o número anotado ao lado da cama e eu queria que ele soubesse que eu estaria ansiosa por sua volta.
Disquei o número que ele anotou. Depois de dois toques, ele atendeu.
– Henrique Michelin.
Sua voz grossa fez com que eu criasse coragem para dizer o que eu tinha em mente.
– Eu quero que você venha pra casa o quanto antes. Eu preciso que você me foda da mesma maneira que fez naquele dia em que nos conhecemos e eu quero aproveitar esses dias com você! Quero ser possuída como você fez e...
Eu ainda estava falando quando fui interrompida por um Henrique ligeiramente constrangido.
– Eu... eu estou em reunião e o telefone está no viva-voz. Posso te retornar daqui a pouco?
O sangue saiu do meu corpo com o choque por sua resposta. Escutei Henrique rir e desliguei a ligação.
Fiquei alguns minutos sentada na mesma posição, encarando o teto. Eu conseguia me superar cada dia mais, e se Henrique não virasse motivo de piada, talvez ele ainda falasse comigo. Me joguei na cama e me obriguei a dormir para parar de pensar na vergonha que havia passado.

• • •

Acordei com Henrique deitado ao meu lado. Ele estava de frente para mim, ainda com a roupa do trabalho. Ele sorriu para mim e a única coisa que eu consegui fazer foi me desculpar.
– Desculpa... – falei constrangida.
– Você me surpreende sempre, Amora.
– Eu não sabia que estava no viva-voz. Talvez eu devesse ter perguntado, mas passar vergonha é minha profissão, você já sabe.
– Foi difícil terminar aquela reunião. O que você pediu não saía da minha cabeça.
Sorri envergonhada.
– Que horas são? – Mudei de assunto.
– Quatro e meia.
– Uau! Dormi o dia todo!
– Praticamente!
Henrique segurou minha mão e beijou os nós dos meus dedos. Meu coração disparou com esse pequeno gesto e pude constatar ali que eu estava ferrada.
Henrique ia embora, me deixando em pedaços.
Eu sabia que deveria me afastar de Henrique o quanto antes, mas meu diabinho venceu a batalha e me jogou nos braços dele. Quem está na chuva é para se molhar. Ou levar um raio.
De uma forma ou de outra, o resultado não seria bom.

Delicioso (Des)Conhecido (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora