A entrevista foi um sucesso. Sem contar as partes em que derrubei água em seu vestido caríssimo e fiquei de quatro tentando secar seu carpete, foi um sucesso.
A própria Sarah me entrevistou, e disse que eu poderia começar no dia seguinte. Agradeci tanto a ela que quase fui demitida antes mesmo de começar a trabalhar.
Achei que Sarah tinha algum problema em me contratar, pois todas as gafes possíveis eu cometi e mesmo assim ela sorria sem parar. Talvez eu fosse uma diversão para ela.
Contanto que ela me pagasse, eu seria o que ela quisesse. Menos uma palhaça. Porque palhaços são assustadores e eu teria medo de mim mesma e ficaria tudo meio confuso.
Depois da entrevista, fui direto para casa. Óbvio! Não tinha para onde ir, então o único lugar agradável que poderia ficar era a minha cama.
Já que não tinha ninguém em casa para que eu pudesse dar a boa notícia, me joguei na cama e fiquei pensando na vida.
Eu havia saído com alguns garotos durante meu tempo de adolescente. Tive apenas um relacionamento sério e, depois que terminou, fugi de qualquer envolvimento como o diabo foge da cruz. Decidi que sou muito nova para sofrer por amor, então me preservar foi a melhor saída.
Tive meus rolos de uma noite, minhas noites de bebedeira e raramente conseguia lembrar os nomes. Talvez porque fossem "normais".
Alguns rapazes me mandavam mensagem no dia seguinte, mas nenhum despertou um grande interesse em mim, então eu fingia que nada tinha acontecido.
Eu estava sem sair com alguém há algum tempo. Meses, para ser exata. Não por falta de vontade, e sim por preguiça. Essa coisa de conhecer era muito desgastante para mim, então comecei a evitar a fadiga. Sim, talvez eu fosse uma velha em um corpo de vinte. Mas acho que faz parte da vida. Ou não...
Esse pensamento me fez entrar em desespero. Será que eu estava tão acabada ao ponto de ninguém se interessar por mim? Levantei da cama e fiquei andando de um lado a outro, traçando planos de como mudar isso.
A cidade que meu pai morava era minúscula. Acho que se eu soltasse um pum na cama, no dia seguinte a cidade diria que eu tinha cagado a casa toda! Isso é um saco.
Fiquei sabendo que existiam duas baladas na cidade e eu já estava louca para bater cartão em cada uma delas. Essa seria a resolução do meu problema: ir para a balada.
Encarei meu guarda-roupas e tirei algumas roupas de dentro. Eu ia sozinha, então não poderia chamar muita atenção. Separei um conjunto de saia e cropped e fiquei esperando a hora de sair.
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Simone trabalhava como manicure e ficava o dia todo fora de casa. Meu pai trabalhava em uma marcenaria e Elik fazia pós-graduação em ser mal-educado. Estava para nascer alguém mais ignorante que ele.
Quando todos já estavam deitados, decidi sair. Não avisei a ninguém e saí de casa igual a uma bandida. Fui andando para a balada, que era perto dali, e ao chegar avistei uma fila razoavelmente grande.
Fui para o fim da fila e comecei a falar sozinha com o celular na orelha, para que as pessoas não pensassem que eu era uma menina solitária, sem amigos e patética.
Ok, eu era isso, mas ninguém aqui precisava saber.
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Depois de alguns drinques, eu estava me sentindo melhor. Claro que o álcool faz a gente se sentir sensacional, quando na verdade temos setenta anos e estamos pensando na cama sozinha sem ninguém.
Pedi mais duas doses de tequila ao rapaz do bar, que sorriu para mim. Ele não era bonito, mas só de saber que alguém sorriu para mim sem que eu tenha feito alguma besteira, me deu um novo ânimo. Tomei as duas doses e me enfiei no meio da multidão para dançar.
Conforme as músicas iam passando, meu pé doía cada vez mais, então decidi tirar o salto. Segurei em algo que estava ao meu lado e tirei um sapato e depois o outro. O alívio foi momentâneo, me fazendo sorrir sozinha, mas parei no mesmo momento em que percebi que ainda segurava algo.
Olhei para o braço que eu estava agarrando e fui subindo o olhar devagar.
Naquele momento, pude perceber o quanto aquele homem era bonito. Seus olhos eram cinzas com cílios grossos, seu rosto era quadrado e com uma barba por fazer que o deixava ainda mais bonito. Sobre seu corpo, não era preciso dizer nada.
Ele sorriu para mim e tirei a mão imediatamente de seu braço.
– Desculpa! Segurei sem olhar. Eu olho normalmente, mas não olhei porque... não sei porque eu não olhei, mas me desculpe! – Falei gritando, para que ele me ouvisse entre a música.
– Sem problemas – ele piscou para mim.
Ele piscou!
Ele piscou!!
Minha nossa senhora. Acho que eu estava sob efeito de alguma droga, porque aquele homem não poderia ser real.
Ele se aproximou e perguntou em meu ouvido:
– Você está bem?
Ele perguntou!
Ele perguntou no meu ouvido!
Ele perguntou no meu ouvido se eu estava bem!
O pedaço de céu sorriu mais uma vez e, quando dei por mim, eu estava cutucando seu rosto. Meu anjinho dizia:
“Para com isso, sua ridícula!!”
Mas o diabinho gritava:
“Cutuca mais!! Cutuca tudo!!”
Comecei a rir ao me imaginar cutucando aquele homem todo.
Ele sorriu sem ao menos saber do que se tratava, e eu ri mais ainda.
E sabe o que foi mais engraçado? Eu cutuquei ele todo mesmo, mais tarde!
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Delicioso (Des)Conhecido (DEGUSTAÇÃO)
RomanceDepois que sua mãe é internada em uma clínica de reabilitação, o único lugar que resta para Amora morar é com seu pai, sua madrasta e seu filho arrogante. Em uma saída para conhecer a cidade, Amora conhece um intrigante e sedutor rapaz que a faz te...