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Nos dias seguintes, eu e Sarah passamos a maior parte do dia juntas em seu escritório.
Às vezes, ela saía para visitar algum cliente, mas voltava logo.
Sarah contou que tinha trinta e dois anos, mas que se casou aos dezoito. Ela disse que foi amor à primeira vista e que era muito feliz, mesmo com as pessoas dizendo que ela tinha cometido uma bobagem.
Seu marido a ajudou a abrir essa filial da imobiliária deles aqui na cidade e ela se tornou a maior que havia ali. Por ser uma cidade pequena, eles conseguiram desbancar as imobiliárias menores e se tornaram tudo isso que são hoje.
– Daqui a quatro dias vai ter um jantar que fazemos todos os anos, com todos os corretores e funcionários da empresa. Espero que você vá! Já intimei Lucila também.
– Não vou perder por nada.
Eu mal sabia das surpresas que viriam.

• • •

Na hora do almoço, decidi passar em casa com Lucila para trocar de roupa, porque eu havia me sujado de suco.
Assim que abrimos a porta, demos de cara com Elik. Ele, lindo como era, estava sem camisa, mostrando seus quadradinhos abdominais com a maior cara lavada.
Lucila empacou na porta, então decidi ir me trocar para não perder a hora.
Quando eu desci, Elik estava com o braço ao redor do pescoço de Lucila, prestes a beijá-la, mas como sou uma irmãzinha bem boazinha, agarrei o braço de Lucila e a levei para fora de casa.
Ao olhar para trás, pude ler os lábios de Elik, que diziam “você me paga”! Então, sorri em resposta. Se ele queria guerra, guerra ele ia conseguir!
Lucila ficou reclamando o caminho todo até a empresa, por eu ter atrapalhado.
– Relaxa, Lu! Elik vai fazer questão de se aproximar de você pra me desafiar.
– E quando será isso?
Dei risada. Lucila ficou mesmo doidinha por Elik, mas ela não sabia que ele era o cão chupando manga.

• • •

Na hora do jantar, estávamos todos sentados à mesa aguardando a suposta chegada de Fauzer. Eu temia que ele fosse um cretino como o irmão, o que me deixou extremamente preocupada. Elik conseguia ser mal-educado até de boca fechada e eu esperava sinceramente que Fauzer fosse o oposto disso.
Coloquei uma folha de alface na boca quando a campainha tocou. Borboletas rodearam meu estômago, então tomei um gole de refrigerante.
Quando fui engolir, a pessoa menos provável parou de frente para mim.
Quando me dei conta, eu estava engasgada, com refrigerante saindo pelas minhas narinas e meu pai dando tapas em minhas costas que faziam meu corpo ir para a frente.
Juntei toda a minha força e fui para o banheiro, para evitar ainda mais constrangimento.
Lavei meu rosto e sentia meu corpo tremer. O pânico tomou conta de mim. Meu pai me expulsaria de casa sem nem olhar para trás!
Cheguei à conclusão de que perdi meu quartinho especial do céu. Eu ia direto para o inferno, sem nem pagar pedágio. Que tipo de pessoa eu era? Fiz sexo com meu meio-terço irmão? O que seria de mim se todos descobrissem aquilo?
Assim que me senti mais calma, voltei para a mesa e me apresentei como uma pessoa normal teria feito antes de dar vexame. Estiquei a mão e me apresentei.
– Prazer. Sou Amora.
– Prazer... Amora.
Sua voz grossa fez meu cérebro lembrar dele sussurrando eu meu ouvido. Seu aperto forte me lembrou de suas mãos em minha cintura me puxando de encontro a ele. Seus olhos cinzas me deixavam envergonhada e senti minhas bochechas queimarem.
Soltei sua mão e sentei na cadeira que eu estava antes de engasgar, que infelizmente era de frente para ele.
Meu pai conversava com Fauzer, enquanto eu remexia a comida em meu prato. Quando o silêncio predominou, foi a vez de Elik falar.
– E as gostosas, mano?
– Essa eu não tenho nem como descrever.
Fauzer olhava para mim e eu me senti envergonhada por seu olhar.
Tomei um gole do meu refrigerante com cuidado, e decidi me retirar. Levei meu prato na pia e me desculpei.
– Desculpe... não estou me sentindo muito bem. Vou para o meu quarto, – Fauzer se levantou e veio até mim, ficando na minha frente – foi um prazer te conhecer, Fauzer! – Forcei um sorriso.
– Henrique, Amora.
– Ok. Henrique Fauzer!
– Só Henrique.
– É Fauzer Henrique? – Perguntei confusa.
– Não! Eu não sou o Fauzer. Sou só Henrique.
– Não é o Fauzer?
– Não! – Ele respondeu rindo.
– E quem diabos é você, então?
– Sou irmão da Simone.
O sangue evaporou de meu corpo. Eu tinha transado com meu suposto tio? A verdade era ainda pior do que eu imaginei. Aquilo era pior do que ter saído com meu meio-terço irmão.
Comecei a me abanar e Henrique sorriu.
– Hm... quantos anos você tem? – Perguntei.
Eu sabia que ele não era mais velho que trinta anos, mas só de saber que ele era irmão de Simone me manteria sem dormir por um bom tempo.
– Vinte e sete.
– Graças a Deus... – cochichei aliviada.
– Está tudo bem?
– Sim... foi um prazer, então!
Assim que virei de costas para ele, Simone falou o que me fez parar de andar.
– O quarto de hóspedes já está arrumado, Henrique.
– Qua-quarto... de hóspedes? – Gaguejei.
– Sim. Eu passo minhas férias aqui também.
– Também? – Me esforcei para não me entregar fazendo a cara errada.
Sorri em resposta e corri para o meu quarto, antes que eu passasse mais alguma vergonha.

Delicioso (Des)Conhecido (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora