Capítulo 7 - Quem é essa mulher?

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Meia hora mais tarde, depois de ter interrompido o conselho, minha mãe estava no quarto de Arítes, lhe dando um chá de algumas ervas que misturara e eu estava em meu quarto agoniada. Fui proibida por minha mãe de sair dos meus aposentos, pois no desespero, utilizei a desculpa de que eu passava mal. Tudo para que ela saísse do conselho, sem levantar suspeitas.

O diálogo entre minha mãe e Arítes foi muito interessante, mas só tive conhecimento dessa conversa tempos depois.

****

-- O que houve, Arítes? Não deveria estar se sentindo tão mal. Acordou bem, pelo que Tália me falou, tomou seu banho sozinha. Sentiu o esforço por ter se levantado?

-- Não. Já estou melhor. Não se preocupe, comandante. Desculpe por pedir a Tália que lhe chamasse.

-- Não tem importância. No momento, você é minha preocupação, mas devo dizer que, pela desculpa que Tália deu, complicou um pouco. Ela falou que estava passando mal e mandei que ficasse em seu quarto, para não levantar suspeitas. Não poderei ficar com você e ela não poderá mais vir para cá. Hoje à tarde Astor atende o povo em audiência pública. Tenho que estar a seu lado e estabelecer minha presença novamente perante o povo. – Minha mãe suspirou, pensando nas consequências daquele chamado. -- É uma situação delicada e preciso deixar implícito para nossos "protegidos", que estou cumprindo meus deveres como a comandante do exército, diante da situação tensa que envolve Eras e Terbs. Mandar chamar Tétis e tirá-la do regimento, só se fosse para ficar com Tália, como sua guarda pessoal. Como ela estaria supostamente doente e em seu quarto, não justifica. Tétis só poderá montar guarda depois que terminar seus exercícios na escola do exército.

-- Desculpe por complicar tudo...

-- Não é sua culpa estar machucada e nessa situação. Já pensei em uma forma que nos facilitará. Removerei você para o quarto de Tália de alguma forma. Para ser sincera, nos facilitará e muito, para escondermos você até depois de amanhã.

-- Não! Por favor, comandante. Eu posso ficar sozinha.

A comandante Êlia fechou o cenho, em sinal de incompreensão diante da reação da Tenente-Coronel.

-- Desculpe, Arítes, mas não há outra maneira. Já estamos mudando demais a nossa rotina e isso poderá levantar suspeitas. Hoje Galian já encontrou Tália aqui no corredor. Você ficando com minha filha e ela estando adoentada, é a desculpa perfeita. Treinaremos no jardim interno do quarto dela.

Minha mãe sabia que algo havia ocorrido pela atitude de Arítes. Queria força-la falar.

-- Se não me der um bom motivo para não levar você para lá, é no quarto de Tália que irá ficar.

Arítes se calou e minha mãe suspirou.

-- Arrumarei suas coisas então. Quando a tenente Tétis chegar para o almoço, ela poderá vigiar o corredor e nos ajudar a chegar no corredor real em segurança.

-- Comandante, eu não posso falar. É algo pessoal de Tália, mas por favor, me deixe aqui.

-- Tenente-Coronel, eu não posso permitir que coisas pessoais interfiram nesse momento. – Minha mãe usou o título da Arítes num tom severo. -- Se me falar, poderei até compreender e de alguma forma remediar. Não falarei nada a Tália e nem a repreenderei, se acaso ela lhe causou algum mal.

-- Ela não me causou qualquer mal... pelo menos por querer. Ela nem sabe o por que de meu mal-estar.

-- Então ela lhe causou algum mal sem querer? Por favor, Arítes, não podemos ficar as voltas com enigmas! Ajude-me a compreender.

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