Capítulo 26 - A Batalha "do" Sangue
Epílogo
Alguns anos mais tarde
- Mãe, onde está papai?
- Quando chegamos ele foi para o comando e eu vim ver você. Achei que estivesse reunida com o conselho.
- Nos reunimos mais cedo. Tórus está adoentado e sua pupila, Thara, está substituindo-o. Sei que ela vem sendo preparada por ele há anos, mas como senti falta dele na reunião...
- Ela é uma boa conselheira, Tália. Não se prenda pela idade, pois Tórus desde cedo a tem orientado. Ela tem o "dom da sabedoria" e ele viu isso, antes mesmo de aceita-la como pupila.
- Eu sei, eu sei, mãe.
- Como está a situação?
- A rainha Chad e Belard estão a caminho de Kamar com o exército de Terbs. Pela Divina Graça! O que Natust está pensando com essa ação?
- Eles estão fazendo uma ação desesperada, Tália. Dezessete anos, quando tentaram nos invadir, na "Batalha de Sangue", eles tinham a crença em um Deus e, quando matamos Serbes, o povo do Norte ficou desorientado. Já haviam deixado o culto da Divina Graça de lado, há tempos. Não que acreditar em Deuses faça você prosperar, ou que a Divina Graça os castigue por isso, mas um povo cuja cultura foi destruída, não consegue se orientar. Não conseguem se reerguer e estão passando fome. O povo do Norte está muito pobre.
- E por que não nos chamam para uma conversa e acordos comerciais? Eu não me negaria a conversar com eles.
- Por orgulho e por terem se desestruturado. Eles perderam o rumo, Tália.
Passei a mão por meus curtos cabelos. Estava com trinta e oito anos e Brenna, minha filha e de Arítes, já tinha dezessete. Parecia que uma vida inteira tinha se passado desde a "Batalha de Sangue". Minha mãe e meu pai, no auge de seus cinquenta e sete anos, me ajudavam a governar. Não conseguiram se afastar completamente, como falaram, quando abriram mão do trono, em meu nome. Eles eram ativos demais para isso. Minha mãe nunca deixou realmente o exército e continuava a treinar todo dia. Agora era só conselheira do comando e muito bem-vinda. Galian falecera de uma doença que o pegou de súbito, mas o general Gwinter, também, nunca se afastou do comando. Era o braço direito de Arítes, ao lado de minha mãe. Tétis tinha chegado a patente de general de exército, juntamente com seu marido Mardox.
- Ah, mãe! Como a senhora me suportou, naquela época? Como a senhora suportou o fato de, eu e Arítes, termos aquele papel na "Batalha de Sangue"?
- Por que pergunta isso, Tália? – Minha mãe arqueou a sobrancelha diante de minha pergunta.
- Porque eu tentei convencer Brenna a fazer parte de meu esquadrão e ela recusou. Pedi para Arítes conversar com ela, para leva-la sob o comando dela, e Arítes disse que ela se irritou com isso. Está de cara virada para mim, agora. À beira de uma batalha e fico pensando em por que eu deixei Brenna entrar na escola militar tão cedo?
Minha mãe esboçou aquele sorriso cínico que eu odiava, quando ela fazia. Sabia que iria soltar, por aquela boca, alguma coisa para troçar comigo.
- Simplesmente, porque você quis educa-la diferente da educação que lhe dei. Não se sinta mal, eu fiz o mesmo com você, lhe educando diferente do que minha mãe e veja no que deu?
Ela gargalhou e eu a acompanhei.
- A verdade, Tália, é que não existem formulações mágicas para isso. Aprendemos a ser mãe, à medida que ensinamos aos filhos e de acordo com a nossa experiência. Graças a Deusa, ela tem amor suficiente de vocês e de nós, para que se torne uma grande mulher.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eras
FantasíaSinopse Eras fazia parte das terras de Tejor, juntamente com os reinos que foram condenados pela "Divina Graça", a viver sem a magia dos povos antigos. Eras havia prosperado muito mais que os reinos vizinhos, despertando inveja e cobiça. Tália , fi...