Capítulo - 18 - A força do que vem de dentro

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Já caminhávamos há mais de uma hora e estávamos próximas a saída. Olhei Arítes e seu semblante estava pesado. Parecia que estava com raiva. Não conversava conosco e, apesar de saber que minha namorada era comumente calada, nunca vi seu semblante tão alterado.

-- O que foi, Arítes? Parece contrariada com algo?

-- Não é nada.

Falou seca e não olhou para mim. Adiantou o passo e se distanciou de nós. Tuli me tocou o ombro e olhei para ela.

-- Vá atrás dela e faça-a olhar para você. Seja carinhosa. A espada emana muita energia, Tália, e ela ficará em um turbilhão de emoções. Ela tem que aprender a perceber e a se controlar.

-- A espada faz ela ter sentimentos ruins?

-- Não, não é isso. A energia que a espada emana faz com que o nosso equilíbrio energético altere. Ora ela estará eufórica, ora estará feliz, ora com raiva. Arítes é uma mulher de fibra e uma boa mulher, mas às vezes as emoções que suprimimos para não extrapolar, são as que vem à tona. Ela deve estar contrariada com toda a situação e por isso essa reação dela.

Assenti com a cabeça e me apressei em alcança-la.

-- Arítes... Arítes, espera!

-- O que você quer, Tália?

Parei, momentaneamente, chocada com a sua reação. Ela me olhou e viu que a tristeza em meu rosto ficou aparente para ela, pois retornou e segurou meus ombros.

-- Desculpa, amor. Desculpa. Não queria ser grossa com você.

-- Não tem importância, me abraça.

Circundei sua cintura e a trouxe para junto de meu corpo. Ela se aninhou em meu pescoço e começou a chorar.

-- Desculpa...

-- Shhhh. Não fiquei chateada. Olha para mim.

Desalojei-a da sua proteção e fitei seus olhos verdes, cobertos de lágrimas.

-- Você não percebeu que está tendo muitas emoções ao mesmo tempo? É a espada, Arítes. Tenta focar no que temos que fazer, mas tenta ser objetiva e quando sentir que não está conseguindo, você vem para mim. Vamos fazer isso juntas, tudo bem?

Eu falava baixo, com minha testa colada na dela. Arítes inspirou forte. Meneou a cabeça, tentando controlar as lágrimas. Eu continuava abraçando sua cintura e corri minhas mãos pela lateral de seu corpo até chegar a sua face. Depositei um beijo suave em seus lábios e ela me abraçou mais forte, assaltando minha boca com intensidade. Era um beijo desesperado que cresceu se tornando voraz. Soube naquele momento que ela ainda não conseguia refrear as emoções que passavam por seu corpo. Desprendi meus lábios a muito custo e respirei forte, para não me entregar a esse turbilhão de emoções.

-- Olha para mim. O que sente?

-- Não sei... Sei que é muito forte o que sinto...

Estava com minha testa colada a dela novamente e a olhei com ternura.

-- Ela não te controla, Arítes. Pensa no que somos, no que temos e no que, para nós, é mais caro. Eu não quero te perder, e sei que nem você a mim. Não quero que se perca, Arítes. Se for preciso, desisto de tudo por você...

Ela balançou a cabeça violentamente, como que espantando seus demônios.

-- Não. Eu consigo. O que somos, é em parte pelo que estamos lutando.

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