Capítulo 12 - Que lugar é esse?

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Na cabana, nos amamos mais e desfalecemos, exaustas, felizes, sabendo que havia um significado em nosso amor, do qual, não entendíamos muito bem, mas certamente preenchia, com beleza e força, todas as nossas lacunas.

Acordei com meu corpo dolorido. Uma dor que, de maneira nenhuma, me incomodava. Sorri, ao lembrar da noite anterior e ao olhar o corpo de Arítes, nu, ao meu lado. Os cabelos espalhados sobre o travesseiro e o braço pousado sob meu abdômen, indicava que ela me reivindicou e eu a ela. Nos pertencíamos.

Não consegui conter minha vontade de tocá-la. Acariciei seus cabelos, de leve, pois não queria que ela acordasse. Beijei seu rosto e, cuidadosamente, retirei seu braço de mim. Vesti uma bata e saí para o lago. Queria tomar um banho frio para despertar e preparar nosso lanche matinal, pois o jantar havia sido esquecido na lareira, e hoje, se encontrava ressecado pelas brasas. Mergulhei sem piedade e quando vim à superfície, senti minha cintura segura por mãos amadas. Sorri, antes mesmo de limpar meu rosto, retirando a água com as mãos, e abrir meus olhos.

-- Te acordei?

-- Não e sim.

Sorri.

-- Você poderia me explicar, pois não entendi. Acordei ou não acordei?

-- Você não me acordou, mas eu acordei, quando senti que não estava comigo.

Ela sorriu para mim. Beijou meus lábios amorosa e, novamente, meu corpo reagia aos toques dela.

-- Arítes, se não parar de me provocar, voltaremos para o castelo acabadas e muito mais magras, se a gente não fizer nem a refeição da manhã. Esqueceu que não jantamos ontem?

-- Eu jantei. – Falou cínica. – Como você não jantou? Jurava que tinha conseguido alimentá-la, quase a noite toda.

-- Muito engraçadinha, é você. Desse alimento, vou exigir mais tarde, por agora, quero algo sólido no meu estômago.

-- Está bem. – Falou num tom de falsa contrariedade. – Vamos tomar banho rápido, pois se demoro com você nua, assim, na minha frente, vai ter que me alimentar de outra forma.

Terminamos de nos banhar entre brincadeiras bobas e carícias. De fato, tínhamos que comer algo. Enxugamos, cada uma o corpo da outra, entre as brincadeiras que continuavam. Parecíamos duas crianças que não tinham qualquer preocupação com a vida. Voltamos para a cabana, refeitas.

Recomeçamos a ler os "Escritos", após o lanche da manhã. Arítes estava deitada sob a relva e tinha a cabeça apoiada em meu colo, enquanto lia em voz alta. Mais uma vez, a beirada do lago acolhia nossas conversas, leituras e contemplações. Eu estava apoiada em uma pedra e fazia um carinho leve no rosto de Arítes, enquanto a outra mão segurava o pergaminho. Eventualmente, ela suspirava e quando a olhava, ela permanecia com os olhos fechados, não sei se para prestar atenção no que eu lia, ou para apreciar essa carícia que eu fazia.

Não resisti. Deixei de lado o pergaminho e baixei meu rosto até ela. Beijei seus lábios, sorvendo apreciativa seu sabor. Peguei-a de surpresa, pois ela gemeu, segurando minha nuca, não permitindo que o beijo findasse. Quando nos separamos, ela me olhou com intensidade. Nossos rostos estavam próximos e pude vislumbrar o verde de seus olhos, num tom lindo, refletindo a luz da manhã.

-- Eu poderia viver nessa cabana, a minha vida toda, se você estivesse a meu lado.

Sorri com as suas palavras. Eram lindas, mas acho que ela estava envolvida pelo momento, tanto quanto eu. Retruquei.

-- Você se entediaria em viver o resto da vida nessa cabana. Ama o exército, com todas as responsabilidades que tem, e eu, surtaria se não tivesse uma confusão para me enfiar. – Sorri descarada. – Acho que podemos vir aqui, sempre, quando a gente sentir vontade.

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