Capítulo 17 - O mundo ao contrário

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Estávamos de frente para as cinco aberturas que haviam no salão. Olhávamos para nos lembrar o que tinha no pergaminho, pois lá não falava nada de cinco passagens.

-- Parecem iguais. Não vejo nada que possa identificar uma específica.

-- Vamos tentar nos lembrar do que dizia após a entrada da caverna, Tália.

-- Só dizia para "não temermos o alto, pois o céu estaria livre para nós".

Todas olhamos para cima, na mesma hora que acabei de falar as palavras do pergaminho. Eu sorri.

-- Podem beijar minha mão. A garota aqui é boa de memória.

Estendi minha mão, mexendo com todas.

-- Vai esperando, você pode ser a Guardiã, mas não é a "Divina Graça", general.

Melorne falava com falsa contrariedade, pois trazia em seu rosto, um sorriso enorme de satisfação. Nos colocamos embaixo do lugar no teto em que não havia qualquer estalactite. Seguimos com os olhos uma faixa que se parecia com um caminho livre. No final, ele apontava para a segunda abertura da direita para a esquerda.

Levávamos tochas nas mãos. Era muito úmido o local e abafado. O túnel não era muito grande e comecei a me sentir sufocada. Parecia que cada vez mais o caminho se estreitava e descia.

-- Arítes, a coisa está ficando difícil aqui comigo. Está ruim de respirar.

-- Não é só com você, Tália. O ar está abafado e o cheiro é ruim. Espero que a gente chegue logo em algum lugar maior.

Descemos mais um pouco e começamos a sentir o ar melhorar até que chegamos a uma pequena saleta de passagem. Tinha uma bifurcação no túnel.

-- Essa, agora. -- Me desesperei.

-- Depois do "céu livre", tinha algo no pergaminho como "sigam até a dúvida e lembrem que o direito é o errado". – Arítes lembrou.

-- Se o direito é o errado, então o túnel certo é o da esquerda. Essa foi mole. – Falei e as meninas me olharam.

-- Tem um raciocínio rápido, einh?

Veras falou, como se tivesse feito um enorme esforço para pensar. Entramos, novamente, em um túnel abafado. O calor começou a diminuir depois de quinze minutos e chegamos a um novo salão.

Havia um rio de lava saindo de uma greta da parede em um dos cantos e atravessando o salão até a parede oposta e sumindo em uma outra greta. O estranho era que o rio não estava exposto. Ele era coberto por rochas de cristais polidas como um vidro. Víamos a lava correr por baixo dele.

-- Que ótimo. Temos o rio de lava e não temos acesso.

-- De qualquer forma, Tália, como poderíamos pegar qualquer coisa dentro da lava?

Olhei a minha volta e olhei o chão. Estava limpo, mas era muito úmido.

-- Vocês repararam que os cintos que usamos estão fracos aqui? Sinto como se fosse flutuar.

-- Também estou sentindo isso, Tuli. – Veras falou. -- Parece que aquela sensação que tínhamos no salão de entrada está pior. Sua mãe não falou nada sobre isso?

-- Não. Na verdade, aqui é muito diferente de Tir. Embora sinta a energia do meu elemento, não consigo ver a similaridade no local.

Eu senti uma gota molhar meu queixo. Olhei para cima e as estalactites estavam ali, no alto, assustadoramente grandes apontadas para nós. Senti novamente meu queixo molhar com algo. Não conseguia ver a fonte da água até que senti outra gota e olhei para baixo. Estreitei meus olhos e percebi que ele estava coberto por pequenas gotículas de água que brotavam do solo. Foi quando vi uma despender e subir direto ao teto.

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