-- Então.... Você escolheu essas duas, por quê?
-- A primeira, realmente, não me lembro bem. Na verdade, nem me lembro se cheguei a me relacionar. Eu estava muito bêbada. Era minha folga e fui a uma taverna. Lembro que comecei a beber para ter coragem de chegar em alguma mulher. Essa garota se aproximou e nem lembro seu nome... que seja, não lembro de praticamente nada. A segunda conheci na rua do comércio. Era filha de um feirante e cheguei a me relacionar com ela durante um tempo, depois que a conheci, mas não me sentia preenchida. Não me bastava ter algo com uma pessoa que eu não amava. Algum tempo depois, deixei de procura-la quando ia a Kamar.
Inspirei fundo.
-- Tudo bem. Entendo. – Coloquei meu dedo em riste no seu rosto. -- Não que tenha gostado. Elas eram bonitas?
Perguntei brava e, dessa vez, Arítes riu de mim.
-- Por que está rindo? É uma pergunta séria, sabia? Tenho que saber com quem estou lidando.
-- Elas eram da linhagem do lago, mas não tão bonitas como você.
Se Arítes queria fazer graça comigo, conseguiu. Quase me derreti e quase esqueci meu propósito de arreliá-la.
-- Você não fará mais diligência para Kamar e não discuta. Dê seu jeito de mudar de rota.
-- Não vai ser problema. Eu não faço mais diligência há três anos. Desde que saí da patente de tenente.
-- Você aumentou a patente a cada ano, não foi?
-- Sim. Faço o teste sempre que tem e para falar a verdade, já poderia ser general, mas não seria bom para mim.
-- Pretensiosa. – Sorri diante de seu orgulho. -- Você perdia no teste deliberadamente? Por quê?
-- Porque, mais vale ficar bem com seus companheiros, do que despertar a inveja nas tropas. Galgar postos, gradativamente, não é mal para a imagem. Apenas um pouco da estratégia que aprendi com sua mãe.
-- Mmm. Só que ela quer que eu já entre arrebentando.
-- É diferente. Você nunca esteve no exército e isso mostraria o quanto estavam enganados com você. Servirá para calar a boca de alguns e mostrar que sua mãe nunca deixou de lhe educar. Demonstrará também, que não sabem o que esperar de você e o que você aprendeu ao longo desses anos, sem que eles tivessem conhecimento.
-- Bom, vou me banhar e colocar uma bata. Daqui a pouco a audiência pública terminará e meu pai deve vir me ver.
****
Mais uma noite e minha mãe me dava outra surra daquelas. Arítes ficou sentada nos observando e quando tentava falar algo para me ajudar, minha mãe ralhava com ela. Êlia queria que eu pensasse por mim, nas coisas que havia me instruído. Minha vontade de fazer bonito perante Arítes, me atrapalhou inúmeras vezes, até que em uma investida de minha mãe com o "takubi, ela lançou um golpe por sobre minha cabeça. Nunca me atacou agressivamente de forma a me machucar, caso não conseguisse defender. Esta foi a primeira vez, que me senti ameaçada de verdade. Reagi rapidamente tentando proteger minha cabeça. Quando parei seu golpe, deslizei a arma para que a parte com a pequena foice, enganchasse na haste do "takubi" dela. Tracionei fortemente e consegui arrancá-lo de sua mão, lançando-o longe. O "takubi" era uma arma tradicional de Eras. Se compunha de dois bastões de tamanho médio, que numa das extremidades de um deles, tinha uma lâmina como uma ponta de faca, e o outro, tinha uma pequena lâmina em forma de foice. Era uma arma em que podíamos utilizar para defesa, mas também era extremamente mortal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eras
FantasySinopse Eras fazia parte das terras de Tejor, juntamente com os reinos que foram condenados pela "Divina Graça", a viver sem a magia dos povos antigos. Eras havia prosperado muito mais que os reinos vizinhos, despertando inveja e cobiça. Tália , fi...