Capitulo 8

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Embati contra a porta e fui amparada quando ia cair para trás. O Ryan apanhara-me a escassos centímetros do chão. Tinha um joelho no chão e suportava o meu peso maioritariamente sobre um único braço. O seu rosto estava próximo do meu e o meu coração disparou. Desviei-me rapidamente e alisei a roupa nervosamente.

-Obrigada. -Sussurrei.

Ele permaneceu em silêncio em pé à minha frente. Parecia ligeiramente embaraçado e isso ainda me deixava mais nervosa.

-Começou uma enorme tempestade. -Disse ele ao fim de alguns minutos.

-Podes ficar cá em casa até passar. -Ele sorriu e apaixonei-me pelas suas covinhas.

Caminhei até à sala com ele atrás e quando me sentei no sofá, tudo ficou escuro. Um ruído seguido por ele a praguejar fizeram-me rodar no sofá.

-O que aconteceu à luz? -Perguntou ele quando conseguiu chegar ao pé de mim com a luz do telemóvel.

-Acho que foi a trovoada...

Ele sentou-se ao meu lado. Devido à falta de eletricidade o fraco aquecimento da casa não funcionava e a casa começava a gelar. Tremi de frio.

-Temos de nos aquecer... Ilumina o caminho até à lareira, por favor. -Ele levantou-se e, à minha frente, iluminou o caminho até à pequena lareira no meio da sala.

Sentei-me à sua frente e acendi-a. A sala tornou-se imediatamente mais iluminada e o calor fez-se sentir. Ele sentou-se a meu lado e permanecemos em silêncio tentando aquecermos-nos.

Algum tempo depois já me sentia melhor.

-Roupas de homem...

Andava à procura de antigas roupas do meu pai para o Ryan devido as dele estarem molhadas e frias da neve. O grande problema era que não encontrava nenhumas. Não havia luz há três horas e iluminava o meu caminho com uma pequena vela. Peguei numa velha camisa e numas calcas de malha e saí do velho quarto de arrumações. Era difícil adivinhar o caminho com a pouca luz da vela.

Aos tropeções cheguei ao meu quarto. O Ryan tomava banho na minha casa-de-banho. Desejava que ainda houvesse água quente armazenada, devido a eu ter tomado banho primeiro. Entrei no quarto e pousei a roupa em cima da cama.

-Amanda, estas aí?

Virei-me para lhe responder e deparei-me com a porta da casa-de-banho aberta. Envergonhada, voltei-me outra vez. Apenas a cortina da banheira separava a minha visão do corpo nu dele.

-Sim! -Gritei por cima do ruído da água e da tempestade lá fora.

-Posso usar a tua esponja?

-O quê? -Murmurei sozinha.

A imagem da minha esponja a percorrer o seu corpo surgiu na minha mente. Senti as faces arder e desviei esses pensamentos.

Ele parou a água e ouvi a cortina rolar.

-Sim! -Gritei-lhe de costas. -Mas vê lá onde a passas!

-Só no meu maravilhoso corpo, prometo!

Ri-me e peguei novamente na vela.

-Estou lá em baixo! -Avisei por cima do barulho da água a correr.

-Ok! -Respondeu ele.

Desci até à sala e apaguei a vela. Sentei-me à frente da lareira quentinha. Estive a aquecer-me durante alguns minutos até ele descer as escadas.

A camisa ficava-lhe larga e as calças curtas, mas mesmo assim ele era atraente. Trazia o cabelo mal penteado e molhado que o fazia irresistível. Apercebi-me que olhava para ele pasmada e envergonhada olhei para as chamas a consumirem a madeira. Ele sentou-se ao meu lado e esticou as mãos para as aquecer.

-A água estava fria, sabes? -Olhei-o pelo canto do olho. -Usaste-a toda. -O tom dele não era acusador, mas brincalhão.

-Desculpa. -Sussurrei.

Ele riu e eu sorri perante as suas covinhas. No exterior ele parecia arrogante e frio, mas quando ele se abria tornava-se um rapaz querido e maduro, para além de muito fofo.

-Isto não teria acontecido se tivéssemos tomado banho juntos.

Corei e abaixei a cabeça. Ele bateu com o seu ombro no meu levemente e quando o olhei ele riu um pouco corado também pelo calor do fogo.

-Onde vais dormir? -Perguntei alguns minutos depois.

Ele encolheu os ombros pousando os cotovelos nos joelhos.

-Acho que vou dormir em frente à lareira. -Sorriu de lado. -Está um gelo longe daqui...

Assenti.

-Ok. Tens cobertores naquele armário. -Apontei para um pequeno armário perto do sofá. -E tens almofadas no sofá.

-Obrigado.

-De nada. -Sorri e levantei-me. -Eu vou dormi. Até amanhã.

Acendi a pequena vela.

-Até amanhã.

Com a pequena vela na mão direita subi para o meu quarto. À medida que me afastava da lareira e do Ryan sentia mais frio. Após 10 minutos a tentar aquecer-me debaixo dos lençóis tremia freneticamente. Depois de muito debater-me, levantei-me e com a vela quase apagada desci cuidadosamente as escadas. Nos últimos degrau o meu pé vacilou no vazio e caí para a frente ruidosamente.

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