Capítulo 40

26 4 0
                                    


Ele foi embora pouco tempo depois. Depositou um beijo na minha testa e sorriu antes de entrar no carro. Fiquei a observar o seu carro desaparecer antes de entrar em casa.

Acordei tarde nesse dia. A minha mãe já cozinhava o almoço quando desci para a cozinha.

- Bom dia. – Ela disse e eu retribuí.

No dia a seguir era o último dia do ano e eu sentia-me insegura se o ia passar com o Ryan ou apenas com a minha mãe.

Comemos o pequeno almoço conversando sobre a noite anterior. A minha mãe, felizmente, não fez nenhuma pergunta sobre o Ryan.

- Estava a pensar como íamos festejar o ano novo... – Ela começou. – O Stefan convidou-nos para ir jantar à casa dele e depois irmos ver os fogos de artifício ao parque. – Ela começou a lavar a loiça enquanto eu a escutava. – Eu acho que já devemos muito àquela família e que não devíamos incomodá-los mais, mas sei que queres ir festejar com eles....

Ela parecia indecisa entre tomar a decisão de que realmente iriamos jantar com o Stefan e o Ryan ou se iriamos estar a incomodar. Eu claro que queria ir festejar com o Ryan, mas não iria contrariar a minha mãe se ela decidisse que não deveríamos ir. Para além disso, o Ryan não me tinha convidado para nada...

- O que achas, Amanda?

Olhei na sua direção enquanto colocava o leite no frigorífico.

- Por mim tudo bem o que decidires... – Respondi simplesmente.

Ela voltou-se na minha direção e coçou a testa com a mão cheia de espuma. Eu ri-me e ajudei-a a tirar a espuma do cabelo.

- Eu sei que queres ir passar tempo com o Ryan e nunca te proibiria de o fazeres, mas não sei se é realmente saudável continuares a conviver com a Ellen e aquela Caitlin.

Eu sorri-lhe.

- Podíamos jantar aqui em casa e eu depois combino algo com o Ryan. – Propus.

- Não te incomoda?

Eu agradecia a consideração que ela tinha pela minha opinião.

- Não, claro que não.

Ela sorriu e continuou a lavar a loiça.

Acabamos por ir às compras para o nosso jantar de ano novo na noite a seguir. O Ryan ainda não me tinha contactado, apesar da minha mãe ja ter avisado o Stefan que não iriamos festejar com eles.

Começava a ficar preocupada com toda a distancia que a mudança tinha criado entre nós. Parecia que continuávamos a afastar-nos e, quando estávamos juntos, não era a mesma coisa.

- Amanda, que bolos devemos comprar?

A minha mãe parecia feliz com a pequena festa para apenas nós as duas. Apesar de toda a felicidade que ela parecia irradiar ainda sentia que era apenas a sua forma de não me preocupar. Os seus olhos continuavam triste a maior parte do tempo.

Quando acabamos as compras voltamos a casa e começamos a arrumar tudo para o dia seguinte. A noite foi longa e divertida, mas às 11 horas já estava exausta.

Quando acordei no dia seguinte ainda era cedo, então tomei um duche demorado e aproveitei para colocar alguma roupa quente antes de sair do quarto. Fiz o pequeno almoço e, assim que a minha mãe acordou, já cheirava a panquecas por toda a casa.

-Bom dia. – Ela disse suavemente.

- Bom dia. – Eu respondi enquanto lhe entregava um prato com quatro panquecas com doce.

- Este cheiro é incrível. – Ela sorriu e começou a comer.

Eu sorri e continuei a comer as minhas panquecas.

- Amanda. – Ela chamou com a voz mais seria. – Eu queria falar contigo sobre algo já a algum tempo, mas não consegui achar o momento certo.

Eu observava-a com o garfo na boca enquanto ela falava sem levantar o olhar até ao meu.

- Eu queria pedir desculpa por.... bem, ter sido uma mãe tão má toda a tua vida... – Os olhos dela estavam brilhantes das lágrimas.

- Mãe, não faz mal...

- Faz! E eu quero que percebas porque. – Ela sentou-se mais direita no banco e segurou-me na mão. – Eu e o teu pai éramos muito felizes antes de nasceres e quando tu vieste ao mundo, foi o melhor dia da minha vida. – Os olhos dela pareciam ainda mais tristes do que eu me lembrava ser possível. – Eu amava muito o teu pai, tal como te amo a ti, mas quando ele nos abandonou o meu mundo já estava bastante abalado, com todas as mortes sucessivas e com a morte do teu irmãozinho.... – Algumas lágrimas rolavam pela sua cara enchendo os meus olhos de lágrimas. – O que eu quero que tu saibas é que nada do que aconteceu foi culpa tua. Eu cometi muitos erros e o maior deles foi não conseguir cuidar de ti como devia. Tu és um filha incrível e eu quero estar aqui para ti o melhor que conseguir.

Ela sorriu no final, mas lágrimas já rolavam pela minha cara à muito. Contornei a mesa e abraçamo-nos. Finalmente a minha mãe tinha partilhado toda a tristeza acumulada dentro dela por tanto tempo. Finalmente sentia-me conectada a ela. Ela era a minha mãe e finalmente estava de volta. Finalmente o meu azar começava a acabar depois de tanto tempo.

Nessa noite vesti um dos meus poucos vestidos de inverno. Um cinzento com mangas comprida e um decote quadrado. A sai começava a ganhar roda na minha cintura e caía até meio da minha coxa. Vesti meias pretas por baixo e as minha botins pretas de sempre.

A minha mãe tinha cozinhado o jantar dessa noite e estava delicioso, tal como todas as sobremesas que tínhamos comprado.

A minha mãe parecia genuinamente feliz com a ideia de ir assistir os fogos de artifício ao parque à meia noite e tínhamos combinado com a família do Ryan encontrar-nos lá.

Quando chegou à meia noite eu não podia estar mais nervosa por ir encontrar-me com o Ryan e a minha mãe não podia estar mais animada por sair para a noite fria.

Quando chegamos ao parque este já estava cheio de gente. Via-se casais e família as festejar por todo o lado. Eu e a minha mãe caminhamos pelo meio de todas as pessoas. Não conseguia avistar o Ryan em lado nenhum, mas continuava a caminhar sob a chão coberto de neve.

Algum tempo depois, a minha mãe avistou-os e caminhamos na sua direção. O Stefan brincava com a June enquanto a Caitlin se enroscava no braço do Ryan que parecia bastante aborrecido. A Ellen encontrava-se mais atrás a observar a June e o Stefan brincarem.

- Boa noite. – A minha disse chamando a atenção para nós.

Todos olharam na nossa direção e o meu olhar cruzou-se com o do Ryan. Ele sorriu ligeiramente entre o escuro da noite e as luzes do parque e eu sorri-lhe de volta. 

(Ok, este não é o último capítulo... :) Acabo por escrever sempre mais do que pretendo então deve acabar ou no próximo capítulo ou nos próximos dois! Espero que estejam a gostar! )

Amuleto de AzarOnde histórias criam vida. Descubra agora