Capitulo 33

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Senti algo quebrar-se dentro de mim quando ouvi o Stefan.

O Ryan apertou-me a mão e afastou-se rapidamente de seguida.

Senti as minhas pernas fraquejarem e lutei para me manter de pé. Todos estávamos em choque e reagíamos da melhor forma possível, ou, pelo menos, tentávamos.

A Caitlin mexia freneticamente com a perna sentada num dos bancos. A Ellen discutia com o Stefan mas este não lhe respondia.

O Ryan aproximou-se de uma das paredes e deu um forte murro. Pequenas feridas apareceram na sua mão e o sangue começou a escorrer mas ele não ligou.

Eu permanecia estática no mesmo sítio a tentar lidar com a realidade. Como é que ela está em coma? Lembro-me de os comprimidos serem para dormir. Estaria ela apenas a dormir?

Aproximei-me do Stefan que tentava ignorar a Ellen e controlar a sua tristeza.

-A culpa é toda tua! - Gritava-lhe a Ellen. - Devias ter feito alguma coisa...

-Stefan. - Chamei captando rapidamente a sua atenção. - Eles têm a certeza que ela esta em coma? Quer dizer, os comprimidos eram para dormir e, além disso, o hospital está muito movimentado. As enfermeiras e auxiliares preparam os doentes para as visitas dos familiares e, os médicos, estão a tentar ir ter com as suas famílias o mais rápido possível. - Fiz uma pausa. - O que eu quero dizer é que talvez não lhe tenham dado atenção suficiente.

O Stefan olhou-me calorosamente e colocou a mão no meu braço.

-Podes até ter razão, mas duvido que algum dos meus companheiros declarasse o seu estado sem a examinar devidamente.

A Ellen mantinha-se calada a observar-nos atentamente.

-Eu sei, mas quando a minha mãe vinha parar ao hospital nesta altura do ano não era tratada devidamente. - Brinquei nervosamente com os dedos. - Talvez, pudesse verificar. - Pedi.

Ele assentiu e voltou a percorrer o corredor até à sala onde a June estava.

Sei que provavelmente, e quase de certeza, a minha teoria está errada, mas recusava-me a não a investigar. Nesta altura do ano todos querem estar com a família e os médicos, por vezes, distraem-se por não poderem estar em casa. Afinal, eles continuam a ser humanos...

Respirei fundo enquanto o Stefan estava lá dentro. A ansiedade tomava conta de mim nestas alturas lembrando as vezes que já estive nesta situação.

O Ryan arregaçara as mangas e caminhava com os pés pesados de um lado para o outro no corredor. Parecia capaz de magoar alguém a qualquer altura. O seu olhar estava duro e frio. Não havia sinal do calor e carinho com que sempre me olhava. Não gostava deste Ryan, tinha medo dele.

Desviei o olhar para a Caitlin que se controlava para não roer as suas enormes e perfeitas unhas. Até ela parecia humana assim, apesar de toda a maquiagem que a fazia parecer um manequim. A Ellen passava as mãos pela cara frustrada.

Mordi o lábio. A ansiedade deixava-me nervosa mas tentava aparentar calma, não por eles porque eles mal me notavam, mas sim pela minha própria sanidade. Se me mexesse ou agisse nervosamente o meu nervosismo aumentava.

Suspirei outra vez. O relógio não se mexia sempre que eu olhava.

Após o que pareceu uma eternidade o Stefan emergiu freneticamente no corredor. O meu estomago apertou-se.

Ele aproximou-se de mim e puxou-me para um abraço. Surpresa abracei-o de volta.

-Obrigado. - Ele murmurou ao meu ouvido.

Afastou-se com um sorriso e olhou para a sua família que se aproximava.

-A June está bem. - Ele sorriu e os outros olharam-no confusos. - Foi tudo um erro técnico. A June apenas está adormecia profundamente pela droga e os seus sinais vitais baixaram como se ela estivesse em coma.

O meu estomago deu um salto.

-Tudo graças à Amanda. - Continuou o Stefan. - Se ela não tivesse insistido eu não iria verificar e dar com o erro.

Ainda não acreditava que a ínfima possibilidade era real.

Todos sorriam quando a realidade se assentou. Eu continuava com dificuldade de acreditar.

O Ryan aproximou-se de mim sorridente e abraçou-me.

-Obrigado. - Ele sussurrou. - És um anjo.

Sorri ainda incrédula. Um verdadeiro milagre de natal tinha acabado de acontecer à minha frente e eu ainda não conseguia acreditar.

Ele afastou-se e deu-me um beijo na testa. O calor e carinho estavam de volta aos seus olhos verde claros.

Acordei com a Mary a abrir as cortinas. Era véspera de natal. Ainda não conseguia acreditar que tudo com a June não tinha passado apenas de um susto. Ela estava bem e tinha dormido quase um dia completo ligada ao soro. Ontem, quando o Ryan me trouxe a casa para eu descansar numa cama decente depois de o Stefan insistir muito, ela tinha acordado e os médicos calcularam dar-lhe alta hoje.

Saltei da cama alegre deixando a Mary a olhar-me confusa. Peguei na minha roupa e corri para a casa de banho. Tomei um banho rápido e corri para bater à porta do quarto do Ryan. Ele apareceu à porta despenteado e apenas de t-shirt e boxers. Senti-me corar quando ele se voltou novamente e caiu na cama.

-Bom dia! - Gritei-lhe perto dele na cama. - Já é hora de acordares.

Ele resmungou algo como "estou de férias".

-Entendo. Então não queres vir comigo fazer compras de natal antes que a June chegue. - Respondi enquanto me encaminhava para a porta.

Ele levantou um braço da cama e amarrou a minha camisola impedindo-me de sair.

-Não vás.

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