Capitulo 20

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Pousei o telefone e sentei-me em frente ao Ryan para comer o pequeno-almoço.

-Como está a tua mãe? - Perguntou ele.

-Ela parecia bem e estava sóbria por isso...

Ele assentiu enquanto mordia a panqueca. O Stefan juntou-se a nós e depois de acabar levantei-me e fui preparar-me para as aulas.

Quando estava pronta desci novamente com a mochila ao ombro. Encontrei o Ryan à porta a sorrir-me.

-Estás pronta? - Perguntou.

Assenti sentindo o meu rosto ferver perante o sorriso dele. Ele abriu a porta e esperou que eu saísse para a fechar. A temperatura lá fora estava estranhamente quente tendo em conta a proximidade do natal e do fim do ano. Algumas luzes e decorações começavam a aparecer nas janelas, telhados, portas e jardins das casas. A neve mantinha-se espalhada por todo o lado tornando as cores das decorações ainda mais vibrantes. Um pinheiro enfeitado espreitava pela janela ampla da casa em frente. O céu, que há muito não se via tão límpido, era de um azul claro com nuvens fofas a criarem formas conhecidas e indecifráveis.

Caminhei atrás dele pelos degraus molhados tendo o cuidado para não escorregar.

-Vais deixar-me no Starbucks? - Perguntei fitando as suas costas largas coberta pelo casaco de couro.

Ele parou e virou-se. Sem esperar a paragem repentina dele, bati nele e caí no chão húmido. Ele sorriu e ajudou-me a levantar. Estava demasiado envergonhada para o encarar.

-Estás bem? - Ele deixou escapar um riso e assenti.

-Não me respondeste. - Desviei o assunto enquanto limpava das minhas calças bocados de neve.

-Tu também não me respondeste à minha. - Disse brincalhão.

-Respondi pois! - Protestei.

-Eu não ouvi nada... - Brincou afastando-se com as mãos no ar em sinal de rendido.

Corri para apanha-lo no passeio ao lado da moto.

-Ryan!

Ele montou a moto e entregou-me o capacete.

-Anda. - Convidou.

Peguei no capacete e voltei a perguntar onde me ia deixar.

-Já vais ver...

Estava com medo que ele voltasse a deixar-me ainda mais longe do que estava agora.

-Ryan. - Disse em tom desconfiado.

-Sobe. - Fiquei a olhar para ele. - Confia em mim. Não vou voltar a deixar-te pelo caminho porque não tenho mais nenhum motivo para isso. Vens?

Eu confiava nele, mas desconfiava das suas mudanças de personalidade. Coloquei o capacete e subi para a mota atrás dele. Ele puxou gentilmente as minhas mãos e enrolou-as em volta da sua cintura antes de ligar a moto. Quando ele arrancou o meu corpo foi puxado para trás e amarrei com mais força os meus braços à volta dele. Senti a sua barriga vibrar por debaixo das pontas dos meus dedos quando ele riu.

Chegamos ao parque de estacionamento da escola depressa e fiquei admirada por ele me ter trazido até aqui. Uma parte de mim ainda acreditava que ele me ia obrigar a descer da mota a meio do caminho.

Desci da moto e tirei cuidadosamente o capacete. Entreguei-lho quando ele também desceu.

- Já pensaste como me vou livrar do Alex? - Perguntei baixinho perto do ombro dele.

Ele negou e o seu rosto tornou-se preocupado. Essa pergunta rondava na minha mente desde que saímos de casa, mas tinha medo de perguntar ou talvez tivesse medo da resposta dele. Agora, que sabia que ele não fazia ideia de como o afastar, estava assustada.

Os do grupo dele, incluindo o Alex, estavam juntos perto do portão. Íamos em direção a eles e sentia o meu coração começar a acelerar por isso. Mantive-me atrás do Ryan quando eles se aperceberam da nossa chegada e se viraram.

-Ryan! - Disse a miúda de cabelo rosa demasiado alegre.

-Bom dia! - Ele disse.

Todos lhe responderam e eu toquei-lhe no braço e fiz sinal para a Andie e a Rose que me esperavam ao portão. Ele assentiu e comecei a caminhar na direção delas.

-Amanda, já vais embora? - Disse a voz masculina atrás de mim.

-Sim. - Respondi seca.

-Não queres dar-nos a honra da tua companhia?

Virei e cruzei os braços no peito, completamente aterrorizada pelo que ia dizer.

-Existem pessoas que merecem mais a minha companhia.

O olhar dele mudou e ele desviou-se do muro da escola a que estava encostado.

-O que foi que disseste?

-Alex, deixa-a em paz. - Defendeu o Ryan.

- Porquê? - Ele perguntou furioso. - A menina não tem namorado para a proteger?

- O que é que isso te interessa? - Perguntou uma das raparigas furadas por piercings.

Ele não respondeu e começou a avançar na minha direção. Senti as minhas mãos suarem e o meu coração acelerar enquanto tentava arranjar forma de lhe fugir.

- Alex, deixa-a em paz! - Gritou o Ryan empurrando-o no ombro.

Ele ficou ainda mais furioso e começou a gritar.

-O que é, Ryan? És o paizinho dela?

-Não, não sou o paizinho dela! Sou o namorado, palhaço!

Amuleto de AzarOnde histórias criam vida. Descubra agora