Capitulo 15

520 27 3
                                    

Entrei na sala e sentei-me no meu lugar de sempre. O resto da turma incluindo o Ryan, entraram na sala depois. A professora entrou e reparei que a turma estava estranhamente silenciosa. Só quando a professora começou a entregar uma folha a cada aluno é que percebi que era dia de teste. Com pudera esquecer-me?

Olhei para a folha pousada sobre a minha carteira e paralisei. Nunca me esquecera de um teste, e, agora, não sabia qual a matéria que dávamos. Preenchi o cabeçalho e comecei a responder às perguntas. Ao fim das primeiras 3 perguntas percebi que teria de inventar as respostas.

No fim da aula entreguei o teste tal como todos os outros e tinha o pressentimento que iria ser a pior nota de todas.

O toque de final de aulas soou e saltei da carteira. Passara todas as aulas a rabiscar o caderno e não prestara atenção ao que saía da boca da velha professora. Arrumei as minhas coisas e coloquei a mochila ao ombro.

Ainda chovia torrencialmente lá fora e esperei que a Andie e a Rose saíssem enquanto tentava avistar o Ryan.

A Rose apareceu e amarrou-me no braço.

-Nem sabes o que aconteceu! - Disse entusiasmada.

Encarei-a expectante.

-Eu e a Andie temos um encontro duplo hoje à noite! - Contou com um gritinho no final.

Sorri e abracei-a.

-Que fixe! Quem são os rapazes?

-O Alex - A grande paixão da Rose. - E o Brian.

Dei alguns saltinhos com ela antes de ela se despedir e ir embora.

Caminhei até as portas de saída e esperei que o Ryan aparecesse. Ao fim de 10 minutos a ser vítima de olhares e cochichos o corredor estava vazio e a escola deserta. Comecei a bater o pé, nervosa. Onde se tinha ele metido? Como ia para casa com o Ryan emprestara o guarda-chuva à Andie e à Rose que iam a pé para casa. Agora, estava presa dentro da escola porque o Ryan tinha ido embora sem mim e chovia tropicalmente.

Após mais 20 minutos à espera na esperança que ele estivesse simplesmente atrasado coloquei tudo de valor dentro da mochila e apertei o casaco até cima colocando o capucho. Quando chegasse a casa ia matar o Ryan!

Mal coloquei o pé fora da porta fiquei completamente encharcada. Definitivamente ele estava morto!

Depois do que me pareceu uma eternidade, mas na realidade fora apenas 2 horas, encontrei a casa dos Styles. Andara perdida porque fora estupida o suficiente para não me preocupar em decorar o caminho.

Quisera ir para a minha casa mas não ia dar parte fraca. Corri até à porta com as botas encharcadas a chapinhar nas poças. Bati loucamente à porta e demorou cerca de 3 minutos para que o Ryan aparecesse.

Mal me viu riu-se e entrei rudemente toda molhada na casa.

-Amanda, olha o tapete! - Reclamou ele.

- Preocupaste com o tapete? - Perguntei.

Ele assentiu com um brilho divertido no olhar. Quando um pequeno sorriso se formou no seu rosto, explodi de raiva.

-Odeio-te! - Gritei.

Vi o rosto dele mudar, mas não esperei pela sua reação e corri escadas acima. O meu coração batia descontrolado no peito e sentia-me livre apesar de ter a certeza que eram as piores palavras que lhe podia ter dito.

Tirei as botas encharcadas e o casaco e lancei a mochila para o chão. Tremia constantemente e estava gelada. Peguei em roupa seca e corri para a casa de banho. Liguei a água quente e tirei a roupa que se colava à minha pele. O meu cabelo estava molhado e despenteado e a pouca maquiagem estava borrada. Entrei no duche e deixei a água quente aquecer-me.

Agora sentia-me mal por ter explodido assim com o Ryan, mas ele estava a ser um idiota sem qualquer motivo. Ele tinha de saber que eu também tenho sentimentos e que ele não pode brincar com eles como toda a gente.

Saí do duche e vesti-me. Prendi o cabelo com uma mola e peguei na roupa molhada. Seguia para a lavandaria quando ouvi a Mary conversar com o Ryan.

-O menino foi muito mau em deixar a Amanda na escola. - Dizia ela e eu concordava plenamente, apesar de por vezes me sentir egoísta por isso.

Ele não disse nada e ouvi a Mary continuar:

-A Amanda é uma boa menina e está ferida, se não gosta da presença dela nesta casa, pelo menos, não o demonstre.

-Eu gosto de a ter cá e...

Peguei no telemóvel e coloquei os fones. Não queria saber mais do que devia. Comecei a cantarolar e passei pela cozinha em direção à lavandaria. Notei que ele se calou mal me viu, mas eu não ouvia nada com a música alta.

Coloquei a roupa molhada no cesto e virei-me para a Mary que mexia a boca a falar para mim. Tirei um fone.

-O quê?

-A menina quer alguma coisa quente? - Perguntou.

-Não obrigada Mary. Eu estou bem.

Coloquei novamente o fone e passei pelo Ryan sem o olhar. A musica "Here's 2 Us" da Victoria Justice começou a tocar e comecei a cantar baixinho enquanto subia as escada.

Quando cheguei ao quarto liguei o telemóvel às colunas do iMac e deixei a música tocar enchendo o vazio que sentia. Comecei a dançar enquanto penteava o cabelo. Estava a ser divertido quando a música acabou. Continuei a cantar no silêncio quando notei o Ryan à entrada do meu quarto. Calei-me instintivamente e olhei-o zangada.

-Há quanto tempo estas aí?

-Ao suficiente. - Respondeu cruzando os braços sobre o peito.

-Sabes, as pessoas educadas batem à porta antes de entrarem.

-Eu bati só que não ouviste. - Justificou ele. - Além disso, danças bem.

Senti-me envergonhar, mas lembrei-me constantemente que estava zangada.

-O que é que queres? - Perguntei fria.

-Só te queria avisar que amanhã levo-te à escola e espero por ti perto do Starbucks.

O Starbucks ficava perto da escola e costumava ir lá todos os dias com as minhas amigas e a ideia era ótima, mas não ia deixá-lo enganar-me outra vez.

-Não, eu vou a pé e venho a pé. - Respondi continuando a pentear o cabelo.

-Oh, vá lá, Amanda.

Não respondi e ele pareceu irritado. Saiu da ombreira da porta e ouvi a porta do seu quarto bater.

Levantei-me, fechei a porta e liguei novamente a música.

Amuleto de AzarOnde histórias criam vida. Descubra agora