- Jake?- Eu disse sacudindo o seu ombro levemente- Jake acorda!Ele me encarou ainda sonolento e de repente sentou na cama com os olhos arregalados.
- O que aconteceu? Você desceu sozinha? Aqueles caras fizeram alguma coisa com você?
- Não!- Eu disse dando um passo pra trás com as sobrancelhas franzidas- São nove horas, eu estou com fome e temos que estar na rodoviária as dez. Então eu apenas pensei que a gente podia comer antes de ir.
Ele assentiu e suspirou levantando da cama. Voltei até a minha cama e peguei minha mochila. Como já tinha guardado todas as minhas coisas, fiquei esperando ele terminar de se arrumar. Quando ele terminou, nos saímos do quarto e descemos a escada. Olhei para todos os lados me certificando de que os homens de ontem não estavam por perto. Nós decidimos, enquanto Jake se arrumava que iríamos comprar as passagens primeiro. Eu estava indo pro balcão do Blints quando ele me puxou pra porta.
- Ei! Nós temos que pagar Jake, eu não quero ser presa!
- Acontece que eu já paguei!- Ele disse com naturalidade fechando a porta atrás de mim- Ontem à noite.
- Como assim você já pagou?- Eu disse caminhando ao seu lado- Nós tínhamos que dividir!
- Não vamos discutir sobre isso, Katherine!- Sua voz saiu cansada, mas ele me olhou com sorriso de canto- Se vai fazer você se sentir melhor, eu deixo você comprar uma bala pra mim.
- Muito justo!
Eu disse sorrindo falsamente e ele riu. Chegamos à rodoviária cinco minutos depois e compramos os bilhetes. Quando estávamos saindo da rodoviária, eu vi uma cafeteria e puxei Jake até lá. Depois que eu devorei um pedaço considerável de uma torta de limão e ele comeu alguns biscoitos, nós fomos até um mercado do outro lado da rua.
- Tudo bem. Escolha o que você quer levar, Jake!
Eu disse quando entramos no corredor das guloseimas. Bufando, ele deixou o carrinho de compras no canto do corredor e pegou um saco de balas de gelatina em formato de dentadura de vampiro. Quanta maturidade! Ele jogou o pacote no carrinho junto com as coisas que eu já tinha colocado lá, parou onde estava e cruzou os braços.
- Só isso?- Eu perguntei e ele assentiu.
Rolando os olhos, eu peguei dois pacotes de cada bala que eu escolhi. Eu não sabia quanto tempo seria de viagem então decidi fazer um estoque. Quando eu larguei as últimas coisas no carrinho, fiz uma lista mental de tudo que tinha nele: três pacotes de biscoito, cinco barras de cereais, dois pacotes de Doritos e oito pacotes de diversas guloseimas.
- Pronto!
- Só isso?- Jake ironizou e eu fiz careta- Temos quinze minutos ainda, dá tempo de você comprar o mercado todo!
- Você não é engraçado, Jake Davis!
Eu marchei até o caixa deixando ele para trás com o carrinho. Depois de pagar tudo, nós voltamos para rodoviária. Eu tentei colocar todas as coisas na minha mochila, mas ela já estava lotada, então Jake teve que ceder um espaço da sua. Quando o ônibus chegou, nos entregamos os bilhetes e fomos para as poltronas 13/14. Sentei na da janela novamente e coloquei a mochila no colo para apoiar os braços. Meus fones já estavam conectados no celular então apenas os coloquei nos ouvidos. What now da Rihanna começou a tocar e eu me lembrei de todas as vezes que Louise chorou comigo ouvindo essa música. Somos melhores amigas desde que consigo me lembrar e ela está presente em todas as minhas memórias. Sempre procurando o melhor das pessoas. Nossos pais já eram sócios muito antes de a gente nascer, estão sempre juntos, e por sermos filhas únicas acabamos nos adotando como irmãs. Assim como os meus pais, os dela trabalham muito. Mas ao contrário dos meus, os dela querem controlar sua vida. Eles sempre tiveram implicância com o Nathan, por ele ter uma banda e não vir de uma família milionária como a deles, tanto é que, Louise passa a maior parte do tempo na casa do namorado ou na minha. Meus pais, apesar de trabalhar mais do que o necessário, quando estão em casa procuram não invadir o meu espaço. Eles nunca foram do tipo que perguntam como foi o meu dia ou me proíbem de fazer alguma coisa. Eles sempre disseram que eu sou responsável por mim mesma, que tenho condições de saber o que é certo ou errado pra mim e o que é perigoso ou não. Até agora está dando certo, mas as vezes eu queria que eles perguntassem a onde eu estou indo, se eu estou com algum problema ou quero simplesmente conversar.
Suspirando, diminuí o volume da música e olhei pro garoto ao meu lado. Jake estava com o lábio inferior entre os dentes totalmente concentrado no seu desenho. Uma covinha que eu nem sabia que existia estava enfeitando a sua bochecha. Tirei a minha câmera da mochila e bati a foto antes que ele pudesse mexer um músculo. Ele me olhou e sorriu balançando negativamente a cabeça. Sorri e olhei para o seu caderno, ele estava desenhando o cabelo de uma garota de costas e tinha alguns esboços espalhados pela folha. Aumentei o volume das músicas novamente e fiquei encarando as gotas de chuva na janela.
Quarenta e cinco minutos se passaram, eu já havia comido um pacote inteiro de balas e tirado muitas fotos de Jake fazendo caretas com as dentaduras de gelatina. O barulho dos trovões, às vezes, faziam eu me encolher.
- É melhor a gente conversar ou eu vou enlouquecer com esse barulho todo!- Jake disse e eu ri concordando.
- Davis é o sobrenome do Richard né?- Eu perguntei e ele assentiu roubando uma de minhas balas de framboesa.
- Depois do casamento, ele perguntou se eu gostaria de ter um pai oficialmente, já que o biológico se mandou e eu obviamente disse que sim.
- Você não conhece o seu pai?- Eu perguntei e logo fiquei arrependida, afinal esse assunto é delicado e nós nos conhecemos a pouquíssimo tempo.
- Não, ele abandonou a minha mãe quando descobriu que ela estava grávida- Ele disse com naturalidade e encarando os seus olhos eu não vi nenhuma expressão- Minha mãe disse que eu tinha todo o direito de procurá-lo e que me apoiaria nisso. No começo, eu até queria, mas quando Richard e Nathan apareceram, eu tive certeza de que não preciso dele.
Concordei com a cabeça sem saber o que falar e ele roubou mais uma bala.
- Você conhece a minha mãe?- Ele perguntou e eu concordei- Você me lembra muito ela.
- Na verdade eu só a vi uma vez. Em um dos shows da Islaney, ela e o Richard me convidaram pra jantar, mas eu já tinha comido muito.
- Se eles soubessem o quanto você come não teriam convidado!- Ele disse e eu o olhei com os olhos estreitos- Só estou brincando, Kate.
- É melhor a gente não conversar ou eu vou enlouquecer com tanta gracinha.
Rolando os olhos, eu coloquei um fone novamente no ouvido e ofereci o outro à Jake que sorriu imitando o meu gesto. Ele apoiou a cabeça no meu ombro e eu senti o cheiro de chocolate do seu cabelo. Eu queria muito enterrar os meus dedos naqueles fios castanhos, mas Jake era abusado de mais para não fazer uma piadinha sobre isso.
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Highway || Gregg Sulkin
Teen FictionKatherine Baker Adams Herdeira de uma família rica, aparentemente ela sempre teve tudo que quis. Só aparentemente mesmo. Talvez por muitas vezes se sentir sozinha, Katherine sempre gostou de conhecer pessoas novas e se tornou uma boa ouvinte. Histó...