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Saí do banheiro vestida com uma calça jeans clara e uma camiseta branca, eu escolhi peças confortáveis porque não sabia quanto tempo ficaria lá. Quando parei na frente do espelho para colocar a correntinha que Jake me deu, notei que estava tremendo e me repreendi mentalmente. Era só a família dos meus amigos, e além do mais minha melhor amiga estaria lá o que deixaria tudo mais familiar, eu não tinha com o que me preocupar.

Depois de calçar um dos meus coturnos, peguei meu celular e a minha jaqueta de couro preta e saí do meu quarto quando já estava pronta. Ainda faltava oito minutos para Richard chegar. Quando cheguei na cozinha, avisei Mariane, responsável pela comida dessa casa, que iria sair e que já havia falado com meus pais. Corri até a porta assim que ouvi a buzina familiar do carro de Richard e sorri me aproximando. Ele estava com os óculos escuros que escondiam um pouco de suas rugas e usava seu terno de corretor de imóveis que o deixava elegante. Ele tinha um ar jovial,era um homem muito bonito e fazia um casal perfeito com Anne, que era sua versão feminina.

- Se vai ficar me paquerando,é melhor ser discreta!- Ele falou quando percebeu que eu estava encarando seu rosto e eu ri levantando as mãos no ar- Minha mulher é ciumenta e pode ser bem agressiva!

Ele continou falando enquanto eu subia na caminhonete. Fomos conversando o caminho todo e quando eu disse que sua esposa e ele faziam um ótimo casal, ele começou a contar a história de como eles se conheceram. Chegamos em menos de dez minutos, e quando eu saí do carro Anne já estava nos esperando na porta. Ela me abraçou, deu beijo no marido e nós três entramos. A sala era de um tom creme e tinha vários porta retratos com fotos da família, o que a diferenciava da minha sala.

- Richard vá tomar um banho e desça pra me ajudar!- Ela disse e o marido fez careta me fazendo rir enquanto passava por mim- Louise e Nathan chegarão mais tarde, eles foram no cinema, não tinham um dia melhor não é?

Ela disse revirando os olhos enquanto colocava as mãos na cintura e sorriu quando eu concordei com a cabeça sorrindo também.

- Jake está no quarto, porque não vai até lá enquanto eu preparo o jantar? É a última porta do corredor.

Anne disse seguindo por um corredor e sumiu por uma porta me deixando sem muita escolha. Olhei em volta e suspirei quando percebi que estava completamente sozinha. Subi as escadas cautelosamente e encarei um corredor com quatro portas fechadas. Segui até o final dele como ela havia indicado e bati na última porta recebendo um "entre" como resposta. Respirando fundo, eu girei a maçaneta e sorri quando vi Jake com algumas peças de roupas na mão parado no meio do quarto.

- Oi!

Fechei a porta atrás de mim depois de entrar e segurei minha jaqueta com força. Jake estava sem camisa, com o cabelo bagunçado e um sorriso de canto. Eu simplesmente não conseguia desviar meus olhos e tinha quase certeza de que não estava respirando.

- Sua mãe disse pra eu subir enquanto ela faz o jantar.

Eu disse gesticulando mais do que deveria. Eu estava claramente me explicando e nem sabia o porquê, já que ele não perguntou nada. Jake balançou a cabeça em concordância lentamente com as sombrancelhas e sorriu depois de me torturar por tempo suficiente com aqueles olhos penetrantes.

- Eu vou tomar um banho e já volto, pode me esperar aqui ou me ajudar nessa tarefa...

Ele sorriu sugestivamente e eu cerrei os olhos cruzando meus braços na altura do peito, tentando não demonstrar o quanto estava surpresa.

- A ideia é tentadora, mas eu vou ficar por aqui mesmo!

- Você que sabe!

Ele levantou as mãos no ar e entrou por uma porta que eu nem sabia que estava ali. Larguei minha jaqueta em cima da cama do Jake e caminhei até a escrivaninha onde havia vários livros e cadernos espalhados. Peguei um que tinha a capa branca e parecia um pouco velho. Já havia visto vários cadernos de Jake, mas aquele eu nem sabia que existia. Sentei na cadeira estofada que ficava no centro da escrivaninha e comecei a folhear o caderno olhando com atenção, era um dos seus cadernos de desenho. Era como um diário, onde os traços substituiam as palavras. Havia um desenho de Nathan pequeno brincando com um caminhão de bombeiros, um desenho de Anne bebendo chá, um desenho de Richard assistindo um jogo com um boné dos Yankees, um desenho de Louise sentada no sofá com os fones de ouvido, um desenho da banda no show na casa do Tyler e um desenho meu dormindo no ônibus da escola. As outras páginas estavam em branco. Fquei encarando o meu desenho por um tempo, ninguém seria capaz de saber o que estava na minha cabeça naquele momento. Mas eu lembrava muito bem daquele sonho e de cada detalhe dele. Ainda estava encarando o desenho quando senti uma mão no meu ombro e me joguei da cadeira. Quando percebi, já estava no chão, com os cabelos espalhados pelo rosto e ,provavelmente, um hematoma na coxa esquerda.

- Jesus, Katherine!

Jake segurou o riso assim que percebeu o olhar mortal que estava sendo direcionado a ele por mim. Fechei os olhos por alguns segundos resmungando e quando os abri Jake estava pegando minhas mãos para me ajudar a levantar. E de repente eu não me importava em estar envergonhada e um pouco dolorida. Eu estava concentrada em aproveitar o calor que a pele macia das mãos de Jake estavam me oferecendo e não pude controlar o meu sorriso quando ele sorriu e me puxou para um abraço. Quando toquei a pele exposta da sua nuca senti algumas gotas de água escorrerem das pontas do seus cabelos até o comprimento dos meus dedos. Apoiei meu queixo no seu ombro e fechei os olhos aproveitando a pressão reconfortante das mãos de Jake nas minhas costas. Eu não sabia o porquê de estarmos nos abraçando, mas eu estava amando esse momento nosso e era fato que eu poderia ficar assim para sempre.

A verdade é que eu queria eternizar todos momentos que Jake estivesse comigo desde a foto que tiramos debaixo daquele árvore.

Highway || Gregg SulkinOnde histórias criam vida. Descubra agora