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Bebi o resto de água que ainda havia na garrafa e a joguei em uma lixeira qualquer. Como estava bastante frio, eu pudi correr sem medo de ficar suada. Corri pela praia hoje, fazia um tempo que isso não acontecia e o motivo, claro, era o sol e as milhares de pessoas que passam o verão inteiro nas areias das praias. Em um dia como hoje, havia apenas pescadores e pessoas que amavam frio como eu. Assim que comecei a sentir minhas pernas pesarem decidi que era hora de voltar para casa.

No caminho de volta, eu caminhei sem pressa e me concentrei em aproveitar o vento que vinha contra o meu rosto. Quando coloquei meus pés dentro de casa, meus pais já vinham em direção a porta com suas roupas sofisticadas.

- Estamos indo para o trabalho, querida.- Meu pai passou por mim e sumiu pela porta.

- Seu namorado está te esperando lá encima!- Minha mãe disse naturalmente fazendo minhas pernas congelarem no lugar.

Quando finalmente consegui abrir minha boca para falar alguma coisa, minha mãe já havia sumido pelo mesmo caminho do marido.

Desde quando eu tinha um namorado?

Larguei minhas chaves encima da mesinha que tínhamos no hall de entrada da minha casa e subi as escadas correndo. Assim que abri a porta do meu quarto, encarei Jake chocada.

- Minha mãe disse que meu namorado estava me esperando.

Eu disse com as sobrancelhas franzidas fechando a porta atrás de mim. O garoto, folgado como sempre, que até então foleava um livro, levantou e começou a caminhar na minha direção. Sorrateiro como um tigre esperando a hora certa de atacar.

- E você esperava que fosse outra pessoa?- Ele perguntou com o rosto a centímetros do meu.

- Uma parte de mim torcia pra que fosse o Zac Efron, mas tudo bem.

Eu dei de ombros tentando não me intimidar com o olhar de Jake sobre mim.

- Desculpe decepcioná-la. 

Ele sussurrou com os lábios raspando nos meus. Tendo certeza de que meu cérebro não estava mais respondendo, juntei meus braços em volta do seu pescoço e o beijei. Fazia três dias que não nos víamos por conta do feriado e naquele beijo eu sentia como ele fazia falta.

- Eu senti saudades.- Ele falou baixinho com as nossas testas ainda coladas.

- Eu também.

Confessei e me afastei sorrindo. Tirei o meu casaco e ergui as sobrancelhas vendo Jake encarando meus seios protegidos apenas por uma blusa fina e justa. Ele apenas riu quando percebeu que tinha sido pego. Fui até o banheiro e tomei um banho rápido, vesti um short de algodão azul e um moletom branco. Soltei meus cabelos e voltei para o quarto, sorri ao ver Jake deitado na minha cama rindo de algo no celular e deitei ao seu lado.

- Parece que Louise e Nathan brigaram de novo e dessa vez meu irmão quase apanhou!- Ele riu largando o celular no colchão- Ela ainda está fingindo que você não existe?

- Sim.

Eu respondi desanimada enquanto Jake me puxava para mais perto. Já fazia uma semana que o jogo havia acontecido e consequentemente fazia uma semana que eu havia tido a minha primeira vez com Jake.

Sim, eu e o Deus grego deitado ao meu lado transamos no mesmo dia em que nos beijamos pela primeira vez. Mas em minha defesa, ninguém resistiria a esse moreno sem camisa sorrindo como se você a única pessoa no mundo, ainda mais se você já havia bebido alguns copos. Enfim, o fato é que no final do dia seguinte, Louise fez o maior escândalo por eu não ter contado. Ela simplesmente não podia aceitar ter descoberto isso por Nathan e não por mim. Tentei explicar que eu não falei sobre isso com ninguém, Jake assumiu ter contado para o irmão e nada disso fez com ela parasse de surtar. E desde então ela tem me ignorado completamente.

- Eu sei que você tá triste com a situação e eu também sei que parte disso é culpa minha. Mas Louise está exagerando, você não precisa contar tudo pra ela.- Jake comentou passando seus longos dedos pelo meu rosto e eu apenas dei de ombros.

- A Lou é apenas sensível demais, quando perceber que eu nem tive tempo de falar com ela, tudo vai voltar ao normal.- Eu disse e Jake ouvia tudo com um daqueles seus sorrisos que faziam minhas pernas enfraquecerem.

- Você é uma ótima amiga sabia?- Ele disse deitando encima de mim e eu sorri- Você foi a amiga mais boa que eu já tive.

Ele disse enfatizando a palavra boa e sorriu cheio de segundas intenções. Eu apenas revirei os olhos rindo baixinho, já havia me acostumado com o fato de que minhas bochechas ficam vermelhas constantemente quando estou com ele.

- Quer dizer que nós não somos mais amigos?- Eu perguntei tirando alguns fios dos seus cabelos que caíam nos seus olhos.

- Acho que somos namorados, não?

- Bom, eu não lembro de nenhum pedido.- Dei de ombros prendendo meus lábios entre os dentes e ele sorriu deixando um beijo na minha testa.

- Vamos corrigir isso em breve, amor.

Eu arregalei os olhos e entrei em sinal de alerta, era primeira vez que ele me chamava assim e posso dizer que eu quase conseguia ouvir Firework tocando dentro de mim.

Virando minha cabeça na direção da janela, eu vi que estava chovendo e sorri. Em um dia chuvoso, Katherine Baker Adams tinha alguém para abraçar e essa pessoa realmente se importava com ela. Era de se surpreender, levando em conta que uns dias atrás eu só tinha a Louise. Voltei a encarar Jake e percebi que ele também me encarava. Ele tirou um dos braços que usava para se apoiar no colchão para brincar com as pontas acinzentadas dos meus cabelos.

- Eu amo o seu cabelo.

Ele comentou e eu fechei os olhos sorrindo. Jake espalhou beijos por toda a extensão do meu pescoço enquanto  eu apenas rodeei seus ombros largos com meus braços, sentindo o seu cheiro através do moletom cinza. Ficamos um tempo assim, apenas aproveitando a eternidade do momento que era simples e certamente inesquecível.

- Kate?- Ele chamou baixinho. Eu não precisava abrir os olhos para ver que ele estava sorrindo, eu podia sentir na pele do meu pescoço todas as suas expressões, graças a distância mínima em que estávamos.

- Hum? 

Senti seus braços deslizarem sobre o meu corpo até chegarem na minha cintura, ele deitou a cabeça no meu peito e guiou uma de minhas mãos até o seu cabelo, fazendo com que os meus dedos se enterrassem nos fios. Me perguntei quantas vezes eu tive vontade de fazer isso quando nos conhecemos. De repente, ele virou a cabeça e sorriu quando nossos olhos se encontraram.

- Eu te amo.

Ele finalmente disse, como se partilhasse um segredo. 

Highway || Gregg SulkinOnde histórias criam vida. Descubra agora