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Jake Davis

Eu estava nervoso. Não do tipo que treme as mãos ou do tipo que fica andando de um lado pro outro. Era aquele tipo de ansiedade boa de uma criança quando está prestes a ganhar o presente que pediu de natal. Ela sabe o que tem dentro da caixa. Ela já desejou aquilo. Mas, ela também sabe que quando abrir a caixa o que sair lá de dentro será de sua responsabilidade. Era mais ou menos assim que eu me sentia em relação a Kate.

Quando eu estava voltando pra casa, carregando as compras da minha mãe com cuidado, eu tomei a decisão de que beijaria Kate na primeira oportunidade. E voltando a minha teoria do presente de natal, eu distribuí os papeis. Eu seria a criança. Kate seria a caixa. E o beijo, meu presente de natal. Depois disso tudo que vier acontecer é responsabilidade minha. E é por isso que eu estou nervoso.

Havia duas hipóteses, ou ela iria me beijar de volta ou ela nunca mais iria olhar na minha cara. E era isso que eu estava discutindo com o meu pai. É ridículo eu sei, mas ele era o único desocupado da casa no momento.

- Olha, pelo pouco que eu conheço da Kate, não acho que ela seja do tipo rancorosa.- Ele deu de ombros se sentando na minha frente e suspirou passando os dedos pelo cabelo grisalho- Existem pessoas que não aprovam beijos roubados, eu mesmo não sei se aprovo isso, mas a Katherine parece gostar de você e ela vai entender que você agiu por impulso.

Ele me deu um sorriso cúmplice e me encarou por alguns segundos.

- Veja, não é que eu não confie em você, eu sei da boa educação que a sua mãe lhe deu e do caráter que você tem. Acontece que eu já fui um jovem apaixonado e fiz muitas besteiras sem medir as consequências, por isso, preciso que me prometa uma coisa.

- Claro.- Eu dei de ombros franzindo as sobrancelhas.

- Prometa não forçar a barra com a Kate, se ela não retribuir o beijo pare no mesmo instante e não desconte sua frustração nela. Katherine merece respeito, assim como todas as garotas.

- Eu nunca faria isso!- Eu defendi um pouco ofendido e suspirei em seguida- Eu prometo, pai. Não vou forçar nada com a Kate e nem com ninguém.

- Certo.- Ele sorriu se levantando e deu algumas batidinhas no meu ombro esquerdo- Desejo sorte pra vocês, filho.

Eu sorri maneado a cabeça rapidamente, foi uma conversa muito estranha mas acho que me ajudou de certa forma. Observei meu pai deixar o meu quarto e me atirei de costas na cama. Talvez eu estivesse fazendo um drama desnecessário.

- Por Deus, o que está acontecendo com você Davis?

Perguntei a mim mesmo enquanto estapeava minha testa. Levantei em um salto e entrei no banheiro. Eu precisava me concentrar no jogo também e já estava quase atrasado. Terminei de me arrumar meia hora depois, eu vestia uma blusa em um tom de cinza escuro e uma calça jeans preta. Em uma mochila coloquei o uniforme do time e tudo que iria precisar depois que a partida terminasse.

- Jake, traga sua bunda até a garagem em três minutos ou nós vamos sem você!

Ouvi Nathan gritar e me limitei a revirar os olhos enquanto jogava a mochila nas costas. Desci as escadas correndo e sorri passando pela minha mãe enquanto ela trancava a casa.

- Porque demorou tanto pra se arrumar?- Nathan perguntou assim que sentei do seu lado no carro e pude ver meu pai sussurrar um "Katherine" rapidamente- Aaah, agora tá explicado o banho de perfume e o Botox.

- Cala essa boca, Nathanael.

Dei um tapa estalado em sua nuca enquanto ouvia sua maldita risada ecoar no carro. Ele se aproximou dos bancos da frente e buzinou apressando minha mãe que conversava com uma vizinha. Ela bateu a porta do carro bufando e olhou com cara feia pro meu irmão.

- Vamos logo, antes que o Nathanael entre em trabalho de parto!

Ela disse e eu segurei o riso encarando meu irmão que estava sendo agredido por ter mostrado a língua pra a dona Anne. Durante todo o caminho minha família seguiu conversando enquanto eu só pensava em tudo que poderia acontecer esta noite.

Descendo da caminhonete, eu sorri para algumas pessoas que passavam me cumprimentando. Eu e Nathan nos despedimos dos nossos pais e seguimos para o vestiário. Enquanto caminhava, me peguei varias vezes procurando Kate na arquibancada. Como não a encontrei, deduzi que Louise estava atrasada como sempre.

Depois de vestirmos os uniformes, nos reunimos para um pequena reunião e em seguida fomos pro campo aquecer. Desta vez, quando olhei para as arquibancadas Kate estava lá ao lado dos meus pais seguindo o vendedor de pipoca com os olhos.

Eu sorri e balancei a cabeça negativamente enquanto andava até eles atrás de Nathan. Peguei uma garrafa de água com a minha mãe e bebi um pouco, beijei rapidamente a bochecha de Louise e parei de frente para Kate que sorriu e se inclinou para um abraço.

- Boa sorte!- Ela sussurrou no meu ouvido por conta do barulho, me causando calafrios e coisas que eu não poderia lidar agora.

Eu sorri levemente engolindo em seco enquanto sentia o suor escorrer da minha nuca. Ela também sorriu prendendo alguns fios rebeldes de cabelo atrás de sua orelha e pegou a garrafinha da minha mão.

- Eu acho que você tem que ir.

Ela disse gesticulando para algo atrás de mim e foi só aí que eu me dei conta de que todos já estavam no campo, incluindo Nathan. Pulei alguns assentos e passei pelo portão de ferro correndo. Quando já estava posicionado no campo, recebi um olhar de desgosto de Wendell e isso imediatamente fazendo meus músculos ficarem rígidos. Ele provavelmente estava planejando algo pra prejudicar eu e o Nathan. Mas nada daria errado, porque eu só tinha três coisas na minha cabeça e elas eram : Vencer o jogo, colocar o babaca no seu lugar e beijar a minha garota. E estava tudo perfeitamente calculado.

(...)

O tempo parou de contar no relógio e eu joguei meu capacete e o crosse no chão enquanto ouvia a torcida delirar. Nós ganhamos o jogo, Wendell foi expulso por agressão e a braçadeira de capitão estava no meu braço. Mas, eu dava a minima pra isso agora. Eu estava correndo em direção as escadas, eu estava pulando a grade de proteção e em um segundo eu estaria de frente para Kate.

Seus cabelos cinzas flutuavam em volta do seu rosto como uma bandeira imponente, seus longos cílios se encontravam sem pressa e seus lábios estavam curvados pra cima em um sorriso sincero. Na medida que eu ia me aproximando, ela abria seus braços para me receber e isso facilitou para os meus segurem sua cintura. Tinha que ser agora.

Eu fechei meus olhos, prendi minha respiração e colei nossos lábios com urgência e delicadeza. Eu sentia meu coração tão acelerado que achava impossível ele bater mais freneticamente mas, isso aconteceu no segundo em que Katherine colocou seus braços em volta do meu pescoço.

Ela estava me beijando de volta.

Apertei um pouco mais meus braços em sua volta e senti ela sorrir enquanto eu erguia seu corpo do chão. Isso era melhor do que qualquer coisa que eu poderia imaginar e eu, provavelmente, já estava completamente viciado no sabor doce dos seus lábios.

Porque depois desse beijo, vieram vários outros e, como se fosse possível, cada um deles era melhor do que o outro.

Highway || Gregg SulkinOnde histórias criam vida. Descubra agora