45❤ De volta a Londres

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  Fui acordada por um barulho vindo de uma senhora que dormia estava a nossa frente. Ela parecia discutir com uma das aeromoças. Parecia que a aeromoça havia dado algo pra ela que ela não gostou muito.

— Algum problema? — Perguntei me aproximando do banco. Nathan continuava dormindo feito uma criança.

— Essa moça, me deu um suco com açúcar quando eu pedi adoçante. — Falou no meu idioma, eu não conseguia entender muito bem o pessoal do Brasil, até porque o idioma deles são diferentes.

— Mas senhora...qual a diferença? — A aeromoça perguntou parecendo preocupada e assustada com o modo que a senhora lhe tratara.

— A diferença é que eu pedi adoçante e não açúcar.

— Melhor se acalmar, está acordando os passageiros. — Falei olhando para a aeromoça que concordava.

— Tenho que reclamar.

— Senhora...é o seguinte, isso foi um erro dela certo? Certo! E todos erram, todos, literalmente todos mesmo assim Jesus perdoa a todos. Você também erra, ou não me diga que não erra? Sinto muito mas esta reclamação não adiantará muito, apenas irão falar para a pobre aeromoça prestar mais atenção. Apenas peço que a perdoe, ela irá prestar mais atenção a onde olha, a onde toca e o que faz. Não é? — Perguntei pra aeromoça que concordou ainda com medo estampado no rosto.— Alias era só um adoçante, se fosse um roubo, tudo bem.

— Me desculpe...mas quem é você?

— Fiorella Winter, modelo de Londres. — Falei estendendo minha mão para nos cumprimentar.

— Certo, não irei reclamar. Mas ela deve prestar mais atenção.

— Claro, ela vai!

   Depois de um tempo voltei a minha cadeira mesmo sabendo que não podia ficar em pé, eu fiquei.
  Em poucos minutos pousamos, o que eu achei muito rápido.

— Nathan? — O chamei que se assustou, até porque já estava com a boca aberta e escorregando no meu ombro.

— Oi? Turbulência? Incêndio?

— Tá amarrado garoto! Eu só iria dizer que chegamos. — Falei me levantando da cadeira que me causou uma certa dor na perna de tanto tempo sentada, só não cai pelo fato de ter levantado antes.

  Assim que desembarcamos, não tinha nenhum fotógrafo a nossa espera. Ou tinha, mas escondido. Até porque voltamos de imediato, e os fotógrafos de Londres ainda não sabiam.

  Pegamos um táxi e fomos para o hospital em que minha mãe se encontrava. Um medo começou a subir pelo meu corpo mas eu ignorei pois sabia que Deus era comigo.

  Pedimos informações sobre o número do quarto e uma mulher da recepção nos guiou. Pude muito bem ver seu olhar sobre Nathan e não gostei nada, mas me controlei o máximo para não falar nada pra aquela mulher.

  Encontrei meu pai na sala de espera, seu semblante era de cansado e abatido.

— Pai? — O chamei indo em sua direção que logo se levantou para me abraçar.

— Filha, sua mãe está muito mal. Ela disse que quer conversar com você o mais rápido possível e precisa ser hoje, nesse momento.

— Não sabe o que ela tem?

  Ele negou. Logo meu pai e Nathan se cumprimentaram e eu entrei no quarto, encontrando uma mulher pálida, abatida e com seus cabelo um pouco sem cor.

— Filha, bom que veio. — Disse tentando se sentar mas pedi que ela permanecesse deitada.

— Como a senhora está?

— Estou muito mal, e preciso conversar urgentemente com você. — Disse, sua voz estava fraca demais.

— Pode falar.

— Naquele dia que você me encontrou desmaiada em casa. — Ela pausou e respirou fundo para continuar.— Eu descobri que estava com câncer, eu não queria contar pra vocês e deixá-los preocupados, eu sei me virar sozinha, ou pelo menos sabia. Talvez esteja chegando a minha hora e peço que conte para o seu pai com toda delicadeza e o compreenda. Sei que hoje é o meu último dia aqui.

— Mãe, para! Você não devia ter escondido. — Eu falei com algumas lágrimas rolando em meus olhos. E ela também começou a chorar.

— Ele já tomou todo o meu corpo. Por favor, não se esqueça de como eu te amei em todos esses anos, mil perdões por tê-la desapontado, por tê-la feito chorar, eu me tornei uma pessoa diferente depois que sua avó morreu, não sei se você se lembra dela, mas eu fiquei abalada e fria depois de tudo. Saiba que eu sempre te amei, sempre quis dizer um "eu te amo minha filha" mas algo me impedia, a dor e eu sei que você estava magoada, triste comigo mas por favor, não guarde uma lembrança ruim de mim. Somente as boas. De quando brincavamos juntas quando você insistia, quando eu te levava para tomar sorvete, quando eu, você e seu pai saíamos e tinha que ir a todo lugar que você queria — Ela parou um pouco e tossiu e sorriu. — Eu te amo meu amor, meu bebe, pela primeira vez, de novo, estou falando isso sem me arrepender. Quero que seja feliz com seu marido que eu tanto odiei, peça perdão a ele por mim. Diga pro seu pai de todas as formas possíveis que eu amo ele e que sempre amei...

— Mãe para! — Pedi chorando.

— Meu Deus, me perdoa por essa pessoa que eu me tornei ao longo dos anos, por Tê-lo culpado tantas e tantas vezes sendo que eu mesma era a culpada.

— Meu pai, abençoa a minha mãe. Ela esta se arrependendo neste momento, aceite a alma dela. Eu a entrego em suas mãos. — Orei pela minha mãe que também tinha fechados os olhos.

365 chances para ser felizOnde histórias criam vida. Descubra agora