A Casa Do Medo

Capítulo onze

{Scarlet}

A luz suave do amanhecer invade meu quarto, despertando-me do sono profundo às 6h30 da manhã. Com um bocejo, levanto-me e sigo para o banheiro, onde realizo minha rotina matinal. Após um banho revigorante, escolho um simples vestido preto e uma sapatilha confortável, admirando-me no espelho por alguns instantes antes de ser interrompida por uma batida na porta.

- Pode entrar! - chamo, enquanto ajusto o vestido.

- Bom dia! - saúda Regan ao entrar.

- Bom dia! Precisa de alguma coisa? - respondo, com um sorriso acolhedor.

- Sim, empresta aquele seu brilho rosa? - pede ela.

- Claro, está na caixinha azul em cima da cômoda. - indico, apontando para o local.

Enquanto procuro a tampa do brilho, ouço um grito repentino de Regan, que me faz virar rapidamente.

- O que aconteceu? - pergunto, preocupada.

- Eu vi um menino no espelho. - responde Regan, com os olhos arregalados.

- Será que era o Jason? - sugiro, lembrando-me das histórias sombrias.

- Não sei, mas vamos sair daqui! - responde Regan, apressada.

Juntas, corremos para o quarto de Tyler, que ainda estava dormindo.

- Tyler, acorda! - exclamo, sacudindo-o.

- Mais cinco minutos... - murmura ele, sonolento.

- Levanta logo! Regan viu algo no espelho! - informo, enquanto ajudamos Tyler a se levantar.

- O quê? - pergunta ele, confuso, ao se sentar na cama.

- Regan viu o Jason pelo espelho. - explico.

- E você também viu? - pergunta Tyler, coçando os olhos.

- Não, estava procurando a tampa do meu batom. - respondo.

- E como tem tanta certeza de que não foi só uma brincadeira dela? - questiona Tyler, ainda sonolento.

- Eu não estou inventando! Ouviu o que Logan disse ontem! - defende-se Regan.

- Sim, ouvi, mas ainda não acredito nessas coisas. - responde Tyler, cético.

- Então vai se ferrar e torcer para ele aparecer para você! - exclamo, frustrada.

- Tudo bem, vou esperar para ver. - murmura Tyler.

Depois dessa breve discussão, Tyler segue para o banho, enquanto Regan e eu nos juntamos à mesa para o café da manhã, onde nossa mãe nos recebe com carinho. O ambiente tranquilo é interrompido pela entrada surpresa de nosso pai, despertando uma mistura de sentimentos entre nós.

- Pai! - exclama Regan, correndo para abraçá-lo.

- Surpresa, hein? - diz Scarlet, com um sorriso irônico.

- Desculpe pela ausência, crianças. - diz nosso pai, com tristeza na voz.

Após o café da manhã, saímos de casa e seguimos para a escola, enfrentando o dia com um peso a mais em nossos corações.

Enquanto caminhávamos em direção à escola, o silêncio entre nós era palpável. Cada passo parecia ecoar com a tensão que pairava no ar, carregada pelas palavras não ditas e pelas emoções não expressas. A presença inesperada de nosso pai trouxe à tona uma mistura de sentimentos contraditórios, deixando-nos em um estado de confusão e incerteza.

- Vocês realmente não acham que deveríamos dar uma chance ao pai? - perguntei, tentando romper o silêncio desconfortável.

- Ele não merece uma segunda chance depois de tudo o que fez. - respondeu Tyler, com amargura na voz.

- Talvez ele tenha mudado. - sugeri, lutando para encontrar um vislumbre de esperança em meio à desilusão.

- Mudado? Ele é o mesmo homem que nos abandonou quando mais precisávamos dele. - retrucou Scarlet, com raiva em cada palavra.

- Eu só acho que deveríamos tentar resolver nossos problemas como uma família. - argumentei, buscando alguma forma de reconciliação.

No entanto, minhas palavras caíram no vazio, perdidas na tumultuada paisagem emocional que nos envolvia. Cada um de nós estava preso em suas próprias mágoas e ressentimentos, incapaz de enxergar além de nossas próprias perspectivas.

Quando finalmente chegamos à escola, nos despedimos rapidamente e nos dispersamos pelos corredores, cada um carregando o peso de nossas relações familiares fragmentadas. No entanto, mesmo diante das adversidades, uma pequena faísca de esperança permanecia dentro de mim, alimentando a crença de que, talvez um dia, pudéssemos encontrar uma maneira de curar as feridas do passado e construir um futuro mais unido como família.