Capítulo quatorze: Pai?

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{Tyler}

Entrei em meu quarto, deixando minha mochila cair no chão antes de me jogar na cama. As palavras de Scarlet ecoavam em minha mente, mas eu me recusava a admitir que ela pudesse estar certa. Confio em minhas convicções. Troquei de roupa no banheiro rapidamente e segui para a cozinha, faminto. Para minha desgraça, meu pai estava lá.

— Estou com fome, mãe! — anunciei ao entrar.

— Boa tarde, filho! — meu pai respondeu.

Fiquei em silêncio.

— Cheguei! — gritei, entrando na cozinha.

— Também cheguei! — Regan anunciou.

— Ótimo, vamos almoçar! — minha mãe disse.

— Qual é o cardápio de hoje? — perguntei.

— O mesmo que não comemos há duas semanas: Macarrão. — minha mãe respondeu.

— Ótimo, vou encher o prato! — Regan exclamou.

— Posso conversar com vocês? Eu devo uma explicação. — meu pai começou.

— Não, obrigado! — respondi.

— Dá um tempo, Tyler! — Scarlet interveio. — Pode falar, pai.

— Fiz uma viagem longa por causa dos negócios, não consegui avisar. Por isso sumi assim. — meu pai explicou.

— Que explicação conveniente. — resmunguei. — Por que não admite logo que prefere estar em outro lugar? Está claro que não quer mais ficar aqui. Sua máscara caiu, pai.

— Concordo com o Tyler. — Scarlet afirmou. — Não podemos confiar em você se não nos contar a verdade. Já passou tanto tempo desde que sumiu! Nem um telefonema, mensagem, carta... nada. Não somos ingênuos.

— E você pode pegar suas coisas e sair, se não tem a coragem de dizer que não quer mais ficar aqui, nós faremos o favor de te tirar de nossas vidas. — declarei.

— Não podem fazer isso, eu mando nesta casa! — meu pai protestou.

— Até onde sei, o nome da casa está no nome de nossa mãe. Então, se não sair por bem, chamaremos o advogado dela para resolver isso. — respondi.

— Tyler, você está destruindo nossa família. — meu pai acusou.

— Eu? Quem destruiu foi você! A Scarlet teve que segurar as pontas esse tempo todo! Ela sempre cuidou para que a Regan não fosse afetada por suas ações. — afirmei. — E nossa mãe? Ficou um pouco distante, é verdade, mas ainda estava aqui, de alguma forma, preocupada conosco.

— Não é justo, pai. Sabemos que está mentindo, que não quer mais ficar aqui. Então, por que continua vivendo nessa mentira? — Scarlet questionou.

— Está bem, não devo nada a vocês. Pegarei minhas coisas e irei embora. — meu pai anunciou.

— Saia já daqui. — ordenei, saindo da cozinha.

— Com licença! — Scarlet disse, seguindo-me.

— Vai embora, pai? — ouvi Regan perguntar.

— Regan, conversaremos depois. Vem! — chamei, voltando para a cozinha para buscá-la.

— Acredito que tomou a decisão certa. — Scarlet comentou, se jogando no sofá.

— Mas está preocupada com a Regan. — apontei.

— Ela é só uma criança, Tyler. Ainda tem muito para aprender, e crescer sem o pai pode ser difícil. Foi difícil para nós dois essa ausência toda, imagine para ela. — Scarlet refletiu.

— Nos esforçaremos para protegê-la. Somos uma equipe! Não sou o melhor com afeto, mas vou tentar. — prometi.

— Tem razão. Vamos ficar bem! — Scarlet concordou.

— Depois dessa discussão toda, lembrei que nossos amigos virão para nos ajudar. — mencionei.

— É verdade! Será que já estão vindo? — Scarlet perguntou.

— Ainda é cedo. — respondi. — Vamos assistir televisão para passar o tempo.


[...]


Decidi ir embora. Acho que é o melhor a se fazer depois do mal que causei à minha própria família. Peguei minha mala, coloquei minhas roupas dentro e fui até o banheiro. Olhei para o espelho e vi a fisionomia de uma criança. Fiquei assustado, mas não gritei.

Vejam se não é o pai desses três intrometidos? Bom, vamos brincar um pouco. É o clássico caso do cara que vê o fantasma pelo espelho, e é claro que vou possuir esse corpo. Dito e feito, me apossei da alma e do corpo do Jackson. E esta é a hora em que tudo começa, com a primeira morte.

Percebi que Scarlet e Tyler cochilaram assistindo televisão. Eu também estava quase dormindo quando o toque da campainha me despertou. Fui atender a porta.

— Olá! Podem entrar, meus irmãos estão cochilando no sofá. — convidei.

— Ah, sério? — Agatha disse. — Eles estão cansados?

— Talvez. Brigaram com o pai umas horas atrás. — expliquei.

— Entendi. Bem, podemos acordá-los, Regan? — Logan sugeriu.

— Claro, pera aí! — concordei.

Fui até onde Tyler estava deitado e apertei seu nariz, fazendo-o acordar sobressaltado.

— Meu deus, menina, quer me matar? — Tyler reclamou, recuperando o ar.

— Precisava te acordar. — justifiquei. — Agora vou acordar a Scarlet.

Infelizmente, o grito de Tyler acabou por despertar Scarlet.

— Pelo amor de Deus, Tyler... — ela murmurou. — Oi, pessoal!

— Parece que o sono estava bom. — Logan brincou. — Mas vamos ao que interessa.

— Até agora, nada aconteceu. — Scarlet informou.

Começamos a conversar sobre o que fazer e a criar teorias sobre o que estava acontecendo, mas um grito nos fez correr para ver o que havia ocorrido. E lá estava o pior.

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