Esquentei as mãos petrificadas, com o carbono que expelia. O barrulho estridente dos rádios que emitiam mais comunicados, as luzes acimas dos carros responsáveis pela segurança pública – a despeito disso não servir de garantia nenhuma – , foram mais que uma sinalização de que estava no lugar certo. Infelizmente!
Passei pelo perímetro que limitava a área interdita e segui com meu instinto.
Alguns rostos por mais habituados que estivessem com cenas daquelas, confrontavam com sua humanidade, e não me agradara perceber isso. A iluminação não fazia-se auxiliar naquele local estreito, muito menos a frequência, ainda mais numa hora daquelas.
Avistei John na posse de um papel, assinando a autorização para a levada do corpo para o laboratório forense, em seguida passou ao paramédico que afastou-se dali logo após, porém sem dar uma olhada num corpo estirado a uma considerável poça de sangue. Não tinha ainda visto mas era como eu deduzia. Nunca nos acostumávamos com os desafios profissionais. Louco, quem o conseguisse.
Dei uma palmada no ombro de meu parceiro, este que esfregou a testa com a mão. E sabia direito o que tentava ele exprimir com tal gesto.
- Eu não sei se sou capaz mais que isto. - enfiou as duas mãos nas calças. - Amanhã serão mais quantos?
- Não estás tão velho assim. - retruquei-o.
Meus olhos frisaram no cenário criado para a noite. Senti o estômago revirar; Um peito masculino descoberto, a lâmina da faca espectada e centralizada em mesma região, o sangue viscoso havia se derramado até banhar o tronco. Queria eu que os detalhes ilustres do crime expusessem seu limite aí. Porém o desejo da qualidade é apenas determinado pelos animais que estivessem por detrás daquele feito, assim como as palavras de um livro que somente o autor as transcreve. Inumanidade. Um riolito do líquido encarnado formava-se ao longo do rosto adulto. Acompanhado dos olhos já assustados, alcancei a nascente. A lacuna ensanguentada do olho esquerdo fora mais um acto doentio, por parte dos malditos. Céus!
Dessa vez, o meu sangue é que pulsava friamente em minhas veias. Daí compreendia os rostos atordoados que por ali passavam.
- Céus! Isto é...
Já não sabia, se aquilo tratava-se de testemunhas caladas para toda a eternidade, ou de uma série de homicídios, para o hollywood.
- O Clayton já sabe disto? - indaguei.
- Nem me fale desse desgraçado. Decidiu visitar a mãe no axilo. Quer dizer, está em um seminário, em Condelabro.
- E onde está Cross para me tirar esta porcaria daqui? - perguntei com desdém. Era um tanto desconforto ter ainda aquele corpo desgraçado pela epidemia de indivíduos escapulidos de um manicônio do deserto em via pública. Preferia que o corpo congelasse, por condições normais do fenômeno mais temido entre os vivos; morte.
- Está a caminho.
Assenti com a cabeça positivamente.
- Temos alguma identificação?
Respondeu com a cabeça negativamente. Minha moral desmembrava-se ao sujeitar-se em posição contra da conspiração dos factos. A despeito da situação, o sono era expandível, e confrontava-o para que não desse nas vistas. Após aquela imagem intimidadora de qualquer que fosse o âmago, o descanso não era mais um dos anseios egoísta mundano.
- Estamos à espera que Suzan nos diga isso. Não quero sujar minhas mãos. Dá-me enjoos. - disse sem emoção na sua resposta. - suas palavras tomavam um rumo contrário, indo em direcção ao grupo de policiais que também estavam no local, juntamente com outros profissionais que efectuavam a perícia.
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Gritos Aos Ventos De Tasménia (PARADA)
Mistério / SuspensePara aqueles que se sujeitaram a morar em uma cidade, na qual a Nação caiu em disfunção e desrespeito, as consequências não só designam fenômenos que determinam as nossas escolhas como também é uma sentença mortal. *PLÁGIO É CRIME* Primeira capa fei...