Capítulo Oito - A carne é fraca (parte 2)

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Estava convicta de que era para casa que iria, até as luzes daquele letreiro piscarem em minha direcção, ou melhor, reflectindo em mim. Uma gelada não prejudicaria, agora, dizia aquela voz maligna de minha alma insana. Manobrei o veículo, estacionando do outro lado do boteco que emitia o escape de algumas ondas das luzes do interior do bar.

Adentrando o local, pela segunda vez naquela data, decorria ou mais óbvio; tarados possuídos pelo álcoól, jovens mulhres se expondo ao extremo para os que já há muito não eram concedidos o desfrutar do fruto proibido. Não pude deixar de sorrir com a realidade que me rodeava. Onde se vivia a parvoíce cujo criador merece o adjectivo de tal palavra; amor?

Pus de lado os irônicos pensamentos, dispus-me ao balcão, e fazendo um pedido meio que diferente do habitual daquelas últimas duas semanas; uma garrafa de aguardente.

A rapariga até queria mostrar-se surpresa com a ordem – não fora um pedido nada delicado, para chamar-se de pedido – mas logo consentiu e a sua atrás enfiado num canto ligeiramente alto, alcançou o horror engarrafado, em seguida postanto-o sobre a superfície.

- O que deu-te hoje, mulher? - aquela voz que somente gastou-me dois segundos para a distinguir perguntou atrás de mim com certo espanto direccionado à garrafa.

- Sabe que não lhe vou responder, Milaw! - disse a olhando por cima do ombro.

(Sabes que não)

A mulher que insistia exibir os seios cansados naquele decote tão ridcularmente exagerado, nem se manifestou pelas minhas boas maneiras, no entanto que sentiu-se no direito de sentar-se ao meu lado, murmurando à rapariga um shot.

- Ouve-se dizer que há um novo detective trabalhando convosco.

Merda, havia como censurar notícias daquela cidade? Nem o intermédio convencional fazia-se capaz de tal eficiência, no correr de alguma fuga de informação.

- Pois! - foi tudo o que disse, rispidamente e áspera.

- Foi Moruau quem o chamara?

Fiz que não com a cabeça, respondendo logo em seguida:

- Um antigo xerife de cá.

Milaw despejou a bebida rapidamente sem desviar sua atenção de mim.

Dado um instante de silêncio que já tornava-se num impiedoso desconforto, levei debaixo do ombro, sacando algumas notas. E por fim girei nos calcanhares com aceno de mão à Milaw.

Gritos Aos Ventos De Tasménia (PARADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora