Capítulo Nove - O improvável acontece (parte 5)

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Com que sentimento pediria misericódia a supremacia dos deuses e antepassados, julgados possessores de magia negra? Nem eles recuperariam-me John!

Talvez fosse o mesmo misto heterogêneo, de poucas horas antes – aquando certificado das minhas especulações constituentes de puritana veracidade – apoderando-se de meu âmago!

Um trunfo de flashes, e perguntas tão absurdas, cobriram-me as costas atés sentir as vozes anoitecidas abafadas pelas enormes portas que acessavam o saguão, do edifício.

Fez-se um nó no centro de meu peito, cujo aperto alastrava para as restantes partes do corpos, algumas réstias sanguíneas geladas.

Amaldiçoada pelo alaranjado término de uma adicional madrugada fria tasmeniana, reflectiu-se alguma luz reluzente em meu rosto, perfurando-me a pigmentação dos olhos.

Por que, John?

Pós uma breve sintonia de passos melancolicamente soados, durante a travessia do saguão, ao fundo ouvia-se um tom grave e firme, colocando algumas ordens aos ouvidos atentos dos homens fardados. Pigarriei, e voltou-se para mim com uma expressão interrogativa.

Clayton, com um gesto pouco caprichado, dispensou os agentes que puseram-se a desaparecer de sua sombra num estalar de suas falanginhas.

- Para quê este escândalo todo? - adiantei-me ao seu rosto com dois passos nada proporcionais em questões de suas medidas. Não compreendia tanta bagunça.

- Guardai seu desgosto a respeito de minha pessoa e vamos trabalhar, detective. - atingiu uma naturalidade em seu tom, tanto no mover dos maxilares. - E já agora, os meus cumprimentos.

- Poupe-me das tuas parvas formalidades. Que tipo de trabalho há por se fazer, Muruau? Sem acrescentar que suas instâncias não enquadram-se com as circunstâncias que obtemos.

Fitou-me de um modo desprezível, colocando um indício de uma ironia na sequência.

- Detective, sem ofensa alguma. Mas eu esperava mais inteligência de si, esperava que a raiva desse-lhe alguma adrenalina. Coitado de mim, pois me enganara direito! - permaneceu num tom irritavelmente calmo. Tão calmo que o despersonalizava. - Temos uma mulher desaparecida com as circunstâncias pouco sabidas, um homem morto, dado como causa; o suicídio. Preciso que lhe dê mais algum facto para a fazer endireitar as engrenagens desse inútil cérebro?

Desacato às minhas capacidades ante meu profissionalismo, recarregava a monstruosidade adormecida e desassossegada. Mas não me ia deixar induzir.

- E a mídia? Como soube? - mantí a voz firme.

- A mídia está apenas a cumprir com seu trabalho, e é com o mesmo foco que tu deves, exercer o seu.

- Que trabalho, porra? - elevei a tonacidade das palavras berrantes. - Estamos a falar de um suicídio, e acredito que isso em qualquer canto do mundo não levanta suspeitas ou factos para investigações. Estamos a falar de um suicídio.

- Não me obrigue afastá-la por uns dias. Deve estar a precisar de algumas férias.

- Diz-me uma coisa, suas suspeitas têm ao menos algum fundamento? - franzi o sobrolho. As cores de meu rosto arrefeceram e puseram-se em devidas localizações.

- Diz-me tu, o que a faz levar a acreditar na merda de um homicídio? - ergueu uma das sobrancelhas, com aspiração de astúcia fortificada para durante um debate eternizado pela ira ali prrojectada. - Julie, está dada agora como desaparecida! E por que não, como foragida, detective?

Custava-me o orgulho inteiro, dispôr da minha concordância, com os ângulos visados por Clayton. Porém apostaria em dobro todo meu orrgulho se cometesse o agravado erro levar-me por simples afirmações, dadas por uma perícia, realizada por determinada conduta superficial.

Eu envenenei-o.

Oh Deus misericordioso, como escapara-me tal evidência factual?

- Se me permite, quero pôr algumas viaturas a averiguarem toda a cidade. Precisamos ter nas mãos Julie. Antes de o galo idolatrar as galinhas!

Murua olhou-me com alguma satisfação.

Gritos Aos Ventos De Tasménia (PARADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora