Um pesadelo ou um dia feliz?

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O meu carro estava localizado no lado oposto do estacionamento. Andei pelo local, com os pensamentos efervescendo na minha cabeça, as palavras de Lise engendravam contradições na minha mente. O medo de magoar Gabriel traspassava a minha ânsia de beijá-lo e o meu alvedrio de tê-lo por perto. Enquanto a minha consciência pensava meticulosamente nos últimos acontecimentos, comecei a ouvir passos característicos em meio aos carros. Meu veículo ainda estava muito distante, então me escondi atrás do automóvel mais próximo e fiquei prescrutando a movimentação.

Um garoto abriu a porta de um carro preto, colocou um grande saco de lixo no porta-malas e entrou. Eu conhecia aquelas feições brandas, mas não queria acreditar no que estava acontecendo. Ele ligou o rádio, com um paradoxo de aflição e satisfação, saindo em disparada em direção ao portão da faculdade.

— Por que um estudante estava carregando um saco preto daquele tamanho? Que merda era aquela? — pensei pesaroso.

Sai do meu esconderijo, não tão secreto, e corri desesperadamente para o transporte que ia me arrebatar desse pesadelo kafkaniano. Adentrei e liguei o carro.

Quando olhei para o banco do passageiro, vi um bilhete com letras medonhas:

"Acho melhor tomar cuidado! Em uma esquina próxima, pode haver algum monstro à espreita."

Meus olhos se encheram de lágrimas póstumas e torrentes. Cheguei em casa, porém não queria alarmar ninguém. Subi as escadas astuciosamente, entrei no banheiro, tomei banho e deitei na cama. O sono, periodicamente, tomava conta da minha alma combalida e afadigada.

A manhã estava ensolarada, receptiva e radiante. Os raios de sol entravam por uma fresta na minha cortina, irradiando brilhantismo e uma formosura frondosa. O céu estava desenhado com um azul perene e reluzente, as nuvens faziam desenhos quiméricos e utópicos na abóbada celeste. As árvores eram impactadas por uma brisa fruitiva e aprazível, as flores se movimentavam com um leve pedantismo e as sombras eram habitats naturais para os animais em dias tórridos.

Olhei para o meu celular e vi uma mensagem do Leon:

— "É hoje, hein! Estou te esperando aqui em casa. Só bater na porta."

Levantei da cama animado, tomei banho, escovei os dentes e vesti uma roupa incrível. Desci as escadas, falei poucas palavras com Melanie e Toddy, abri a porta e sai.

— O meu dia precisa ser primoroso e formidável. As trevas que estão precingindo minha vida, durante esses meses, precisam recuar. A paz precisa emergir do mar nevoento em que o céu enternece. — murmurei esperançoso.

Cheguei próximo à porta e bati. Vi um homem sem camisa parado diante dos meus olhos, era Leon. Ele estava sorrindo com um ar marcante e os olhos brilhavam como diamantes.

— Pode entrar, Nova Iorquino. — disse ele reluzente.

— Ah! Obrigado! Que dia lindo para um evento desse. — olhei para o corpo dele e baixei os olhos com vergonha.

— É! Verdade! Fiquei muito feliz pelo presente excelso que o tempo está nos propiciando.

— Exatamente! Vamos agradecer nos divertindo muito. — respondi sincero.

Ele segurou minha mão e me puxou até o quarto dele.

— Pode entrar. — falou ele sorrindo.

— Seu quarto é lindo! — fiquei encantado. — Quantos cartazes, bonecos, mangás.

O quarto dele era grande, iluminado e tinha duas TVs conectadas a video games. Os pôsteres marcavam presença na parede; Bleach, Naruto, Death Note, Pokémon. Os bonecos tinham representatividade nas diversas prateleiras presentes no ambiente, livros de suspense e obras literárias proporcionavam uma intelectualidade ao espaço.

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