Amizade inesperada

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O medo se instalou no ambiente e absorto nos meus pensamentos não pude notar o que acabara de ocorrer.

Alguém estava invadindo nossa casa e nos analisando enquanto dormíamos. Mas por quê? Já não deveria ter nos matado? Ou assaltado? Que estranho uma pessoa entrar em uma moradia de forma brusca para não furtar nada ou machucar ninguém. — constatei com uma expressão confusa e incrédula.

Olhei para Melanie e disse:

— Bem, a única coisa que podemos fazer é avisar a polícia ou pedir um dispositivo de segurança mais eficiente. Porque esse é uma porcaria!

Ela olhou com um ar triste e confirmou:

— Faremos isso hoje. Temos que nos proteger o mais rápido possível, pois está ficando perigoso morar aqui.

— Vamos à polícia! — esclareceu Toddy de forma lacônica e incisiva. — E você vai para aula, mocinho! Mais tarde falamos sobre isso e contamos as nossas decisões.

— Ok! Cuidado!

Então Toddy me abraçou e murmurou palavras de conforto que aqueceram meu coração:

— Digo o mesmo! Eu morreria se algo machucasse a Melanie ou você. Qualquer coisa me liga. Por favor!

Eu sorri e subi as escadas intrépido.

Parecia que o mundo havia parado e minha alma perdido o rumo da luz. Entrei no quarto, liguei em uma música triste e deitei na cama. O teto estava tão reconfortante, que poderia cair sobre mim e eu não ligaria.

— O que vou fazer até a hora da aula? Hoje tenho uma matéria chamada Teoria Literária. Estou tão emocionado! Amo essa disciplina! Então, pelo menos acho que vou esquecer um pouco do meu mundo de terror.

Entrei no banheiro, tomei banho, coloquei uma roupa bem estilosa e ajeitei meus cabelos no espelho. Arrumei minha bolsa, peguei meu celular e sai de casa.

Preciso ver o sol cantar de forma harmoniosa para pessoas felizes e com vidas perfeitas. Espero que hoje ele cante pra mim, variando um pouco o direcionamento astral que ele exerce. — pensei animado. — Bem, esporadicamente é bom sonhar.

Cheguei na calçada e vi um menino consertando um carro no jardim ao lado. Fui me apresentar para ser sociável.

— Oi! Tudo bem? Sou seu vizinho. Meu nome é Matthew. — falei com um tom descontraído e risonho.

— Oi! Tudo ótimo e você? Meu nome é Leon. Prazer! Será ótimo ter vizinhos depois de tanto tempo. Desculpe não poder apertar sua mão, mas estou todo sujo de graxa.

Ele sorriu com uma mistura de timidez e perspicácia.

— Não! Tudo bem! Pelo que parece você é um excelente mecânico. É seu? — perguntei apontando para o carro.

— É sim. Meu tesouro! Você estuda na Faculdade de North East, né ?!

— Aham! Como você sabe?

— Estudo lá também, mas faço Engenharia mecânica. Te vi esses dias, porém não sabia que éramos vizinhos. — respondeu ele com um sorriso encantador.

Ele estava com uma regata branca, os cabelos bagunçados e tinha um ar totalmente jovial e divertido. O rosto angelical e a barba serrada acrescentavam uma aparência séria ao bondoso menino.

Olhei para os olhos dele e ficamos por um momento nos encarando. Então, despertando de um transe, eu disse:

— É! Eu faço letras. Vi que você gosta de animes também. Sua bolsa tem uns broches bem legais.

— Tenho uma pequena quedinha por desenhos japoneses. Vai ter um evento aqui na cidade sobre mangá, anime. Você gostaria de ir comigo? Os meus amigos não são muito fãs disso e não tenho com quem ir. Seria ótimo ter sua companhia, já que também é fã. — indicou os broches que eu tinha na bolsa.

— Claro! Vou sim. Que dia? — denotei interesse.

Ele sorriu.

— Sábado. Depois vamos juntos para a festa do Gabriel, que também é na mesma data. Partiu?

— Ótimo! É bom fazer mais um amigo nessa cidade desconhecida.

— Sempre! — disse ele.

— Bem, vou indo. Nos vemos mais tarde. Tchau, vizinho!

— Até, Nova Iorquino! — ele piscou.

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