Um encômio à morte

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Por que o medo da felicidade é tão recorrente no espírito dos Homens? Uma alma castigada caminha em centenas de sonhos destroçados para chegar ao purgatório, onde a única esperança de júbilo se esvai em tristes lágrimas de sofrimento

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Por que o medo da felicidade é tão recorrente no espírito dos Homens? Uma alma castigada caminha em centenas de sonhos destroçados para chegar ao purgatório, onde a única esperança de júbilo se esvai em tristes lágrimas de sofrimento. Seres humanos presos em correntes imaginárias, em suas próprias amarguras e limitações, estão sendo martirizados por um demônio que eles mesmos criaram, por suas mentes aterrorizadas.

Sentei ao lado da cama para te observar. Você repousava tão absorto nos seus sonhos e não querendo te acordar remanesci pensativo nos meus próprios contos. Ah! O seu cabelo louro, seus olhos cor de primavera e o sorriso mais lindo do mundo me faziam te amar incondicionalmente, meu Gabriel.

Fiquei observando Gabriel dormir por uns minutos, sabia que nunca poderia amá-lo, pois meu coração pertencia ainda a outro homem, que sorrateiramente o destino roubou de mim. Minha alma andava tão dubiamente indecisa ultimamente, entre o homem da minha vida e o homem da minha perversão.

Gabriel abriu os olhos calmamente, como duas gotas de chuva em um céu iluminado, e sorriu.

— Bom dia, pequeno! — disse ele.

— Bom dia, dorminhoco! — sorri.

Ele me puxou para perto dele e me abraçou. Deitei minha cabeça em seu peitoral e, logo em seguida, ele entrelaçou as mãos em volta da minha cintura.

— Só não te beijo agora, porque ainda não escovei os dentes. — ele riu.

— Bobo! — corei.

— Que bunda maravilhosa, hein! — murmurou ele.

— Ei, tira a mão daí! — dei um tapinha no braço dele. — Safado! — ri baixinho.

— Poxa! Nem foi minha intenção, minha mão só escorregou. — ele fez bico.

— Aham, sei! — retruquei. — Vamos levantar! Precisamos estar na homenagem às 11h.

— Nossa, verdade! Partiu! — exclamou ele.

Levantamos rápido, tomamos banho, vestimos roupas bem leves, tomamos um café rápido e saímos com o carro de Gabriel. Toddy e Melanie já haviam se deslocado em direção ao velório. Chegamos ao local e todas as pessoas já estavam dispostas em volta do grande palanque, onde se presenciavam milhares de velas, flores e mensagens de despedida. Escolhemos as cadeiras, nos acomodamos e ouvimos o discurso do prefeito e de algumas pessoas próximas às vítimas.

— Matthew Knight, gostaria que você falasse umas palavras para as vítimas do massacre. Poderia? — questionou o prefeito.

Fiquei impressionado com o chamado do prefeito e, no primeiro momento, confuso e tímido.

— Claro! Adoraria, prefeito! — disse eu.

Subi no palco e cheguei à frente do microfone. Avistei o imenso número de pessoas que me observavam e concentrei-me em meus próprios devaneios.

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