Capítulo 39 | Em Busca da Donzela

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Acordei com o celular tocando. São 06:15 da manhã.

Yuri - Alô?

Empregada - Senhor, Yuri, já tenho os dados. Eles vão mandar o dinheiro daqui 30 minutos com um rastreador na bolsa.

Yuri - Muito bem, já estou indo..

Eu desligo e vou lavar o rosto. Minha cabeça está doendo e meu corpo dolorido, mas eu não posso desistir agora. Eu preciso resgatar a Alice.

Pego o meu skate e vou até a casa da Alice. Fico parado na esquina esperando o carro sair.
Depois de alguns minutos a limousine sai e eu vou seguindo aos poucos.

Meu coração acelera. Estou colocando minha vida em risco por isso, mas antes eu do que ela. Eu preciso salvá-la. O sentimento de culpa não sai da minha mente. Só de pensar que isso tudo é culpa minha. Acho que eu nunca deveria ter me aproximado dela. Talvez a Alice fique mais segura longe de mim. Vou salvá-la e depois ir embora da vida dela.

A limousine para em um beco e o motorista coloca uma bolsa dentro de um lixão de depois vai embora. Eu fico do outro lado da rua fazendo manobras de skate para disfarçar. A rua está solitária. Passa algumas pessoas mas rapidamente fica vazia novamente. Se eu ficar aqui sozinho pode dar alguma suspeita.
Vou até uma casa que parece estar abandonada e fico na garagem aberta. A hora passa e nada. Ninguém foi até a lixeira. Ninguém entrou naquele beco. Já são 7:30. Eu teria que trabalhar hoje mas vou faltar. Disse pro Zé que estava doente.

A hora vai passando e nada. To começando a pensar que os sequestradores só vão buscar o dinheiro mais tarde ou outro dia.
Agora são 09:30. Tem uma padaria aqui na esquina que acabou de abrir. Vou até lá e tomo café. Sento na mesa de frente pro beco. Um caminhão de lixo passa e recolhe o lixo que estava naquele beco. Será que são eles ou é apenas o lixeiro mesmo? Bom, eu não tenho tempo para ficar brincando de minha mãe mandou eu escolher esse daqui. Então pego o skate e começo a seguir o caminhão de lixo. A rua já estava movimentada, então eu não seria o único suspeito.
Depois que o caminhão pega o lixo do beco ele acelera e não pega mais nenhum lixo. Agora eu sei que são eles !
Vou seguindo aos poucos. O caminhão vai fazendo várias curvas e de repente ele entra em um depósito que só tem caminhão de lixo. Um cara pega a bolsa de dentro do caminhão e coloca em uma moto preta. Do lado dela tinha mais duas idênticas. Então cada um sobe em uma moto e começam a fazer manobras dentro do depósito. Acho que isso é para despistar se alguém estiver olhando. Mas eu continuo mantendo o olho firme na moto verdadeira. As três motos saem para rua e começam a seguir uma estrada longa. Droga, agora ta foda pra andar de skate aqui. Lá na frente tem uma subina enorme e outras duas direções. Só espero que eles não utilizem a subida.
E quando eu pensava que tudo estava indo bem, as motos começam a fazer manobras outra vez e eu acabo perdendo o foco de vista. Droga. Agora cada uma entrou por uma rua. Como eu vou saber qual é qual?

Fico parado entre as três direções. Eu preciso escolher um caminho. O da esquerda eu não vejo nada, pois o resto é só curva. O do meio é uma subida enorme e o da direita é outra curva também. E agora, qual escolher?
Começo a andar em direção a esquerda mas ouço um barulho de moto no caminho e me jogo no mato para me esconder.
Duas motos se escontram e os caras começam a conversar.

- O chefe mandou ficar por aqui para ver se tem alguém nos seguindo.

- Eu acho que não. Enquanto a gente estava vindo tinha um moleque andando de skate. Ele poderia ser uma boa suspeita, mas acho que ele nos perdeu de vista no caminho. Eu não vi mais ele depois que entramos na estrada longa.

- E se ele subiu o morro atrás do motoqueiro verdadeiro?

- Acho que não. Ele ficaria até amanhã para subir aquele morro com o skate.

- Temos que ter cuidado. Agora não podemos levantar suspeitas. Vamos ficar naquele bar de esquina. O Danilo disse que aqui costuma passar algumas caminhonetes e gipes por causa da estrada de barro lá em cima e porque estão construindo casas. Então esses são os menos suspeitos, mas mesmo assim vamos observá-los.

- Ok..

Eles vão até o bar. Enquanto eles estavam indo eu corri para o outro lado da rua e entrei no mato do morro. Vou ter que subir pelo mato.

Os caras ficam conversando e toda hora olham pra cima para ver se tem algum suspeito. Quando eu estava chegando na metade um deles começou a apontar pra direção do mato que eu estava. Meu coração gela. Será que eles me viram?
Eles levantam e ficam apontando. O resto dos caras do bar olham. Mas o que eles olham tanto? Quando eu viro pro lado para ver o que é sou chutado por um cavalo que sai do mato em direção ao bar. Caralho, ele me deu um coice bem na barriga. Fiquei sem ar.

Vejo uma caminhonete subindo. Essa é minha deixa. Preciso subir na cabine daquela caminhotene enquanto os caras estão distraídos com o cavalo.
Saio do meio do mato ainda sem ar eu pulo na cabine. O motorista para a caminhonete com o barulho. Ele deve estar olhando pelo retrovisor. Eu fico abaixado e depois ele volta a dirigir. Olho minha barriga e percebo que está vermelha e com a marca da pata do cavalo. Que droga, isso dói.

No fim do morro o cara da caminhonete para em uma casa que estava construindo e desce. Vou ter que ir andando daqui.
Desço e vou andando lentamente. Meu estômago está dolorido. Aqui só tem casa em construção. Será que a Alice está aqui mesmo? Acho que esse não seria um bom lugar pra isso..

Vou andando e quase no fim da rua vejo um galpão abandonado. Eu nem sei a onde estou. Não sei o nome desse lugar. Só sei que preciso encontrar a Alice.

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