BÔNUS AMANDA

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A pior coisa do mundo é ser enganada pela pessoa que confiamos cegamente. Conheci Cristina Alencar no ensino médio do Colégio Alonso Andrade, logo nos tornamos bff e estávamos sempre juntas, mas sempre que falava que queria conhecer sua família ela sempre dava uma desculpa.
Quando terminamos o ensino médio fomos fazer um curso de secretariado, nosso sonho sempre foi trabalhar numa empresa como secretária de um CEO tipo Gideon Cross ( toda sua - Sylvia Day) ou Chrystian Grey, enfim, mas nem tudo sai como planejamos.
Cristina começou a mudar. Ela sempre vinha toda produzida e esbanjava dinheiro nas baladas e volta e meia viajava para outro estado. Nunca questionei suas atitudes.
Certo dia ela chegou na minha casa e a Light tinha cortado à luz por falta de pagamento. Meu pai estava desempregado e minha mãe trabalhava de diarista para manter um pouco a casa. Meus irmãos eram pequenos, Mariah com 5 anos e Gabriel com 8 anos e somente eu tinha condições de ajudar, arrumando um emprego.
Não estava fácil. Por conta da operação Lava a Jato da polícia federal, vários donos de construtoras estavam sendo investigados e presos e muitos políticos participavam do esquema de propina da Petrobrás e campanhas políticas eram pagas com caixa dois, fora as pedaladas fiscais do governo Dilma e a CPI no Congresso e Senado, resumindo, o país estava um caos. Muitos desempregados e funcionários públicos sem salário, como conseguir emprego num país que está demitindo?
Foi ai que ela me falou de uma tia que estava cadastrando mulheres para trabalharem em uma empresa em Nova York e que precisavam de secretária e que ela também já se inscreveu e estava aguardando ser chamada pra poder tirar o passaport.
Fiquei animada com isso. Seria a solução para ajudar minha família e aperfeiçoar meu inglês. Fui apresentada à Ingrid Bitencourt, uma mulher negra e de olhos mel, corpo escultural e muito rica. Seu apartamento numa cobertura na Barra da Tijuca era de frente pro mar e exalava bom gosto.
Fiz meu cadastro e aguardei por quinze dias me chamarem.
Estava no Park Shopping em Campo Grande aqui no Rio de Janeiro quando recebi uma mensagem de Cristina.
"Seu cadastro foi aceito, comparecer amanhã às 14:00 hs no apartamento de Ingrid para pegar seu passaport e instrução para embarque na próxima segunda-feira. Bjos C.A"
Fiquei super animada e corri pra casa para dar a notícia pra minha família. No dia seguinte me apresentei e fui informada que quando chegasse no aeroporto John F. Kennedy procurasse por Willian Smith, homem ruivo e de olhos claros, estaria de calça jeans e blusa preta com um blaiser também preto, que ele me levaria até a empresa para fazer a entrevista. Sai de lá e fui me organizar, afinal tinha somente dois dias para deixar tudo pronto.
Desembarquei e logo vi um homem ruivo de olhos claros, me aproximei e perguntei se ele era William Smith, recebendo a confirmação.
Seguimos para uma casa grande e com muros altos, dois homens imensos no portão e vários outros espalhados pelos arredores. Fui tirada do meu fascínio quando uma mulher que aparentava uma 40 anos abriu a porta.
-Bem-vinda querida ao inferno.
Essas palavras entraram dentro de mim como um soco, foi ai que percebi que havia me metido na maior encrenca da minha vida.
Fui vendida para um homem asqueroso chamado e me juntei a outras moças que estavam tão assustadas quanto eu.
Conheci Rubi, uma moça linda e de uma delicadeza sem igual, logo me identifiquei com ela. Havia sido sequestrada e vendida, mas o que me chamou mais atenção foi o fato de ainda ser virgem.
Sofremos várias torturas e abusos e por eu ter sido amiga dela sofri mais ainda. Estávamos arebentadas, o tal do Zafir tinha o pênis enorme e acabou nos estourando e aquelas que gritavam acabavam sendo estrangulada e mortas.
Vi Rubi resistir bravamente, mas apaguei assim que o sheik me violentou por trás, tamanha foi a dor.
Acordei num hospital e ao lado estavam as outras meninas, não vi Rubi e chorei por achar que estava morta. Fiquei quinze dias internada e ao receber alta fui levada à cede do FBI para ajudar a identificar e prender os aluciadores brasileiros. Conheci James Tramell, o homem mais lindo que já vi na vida, quando tive que ficar com ele num hotel para ajudar sua equipe percebi que me apaixonaria fácil por ele. Embora parecesse um ogro, era de uma delicadeza e gentileza sem fim.
Todos foram presos, inclusive a Cristina e precisarei ir ao Brasil para o julgamento, espero que nunca mais saiam de lá.
Recebi notícias de Rubi e através de James comecei a trabalhar para o Dr. Killan Parker, namorado de Rubi.
Hoje vivo na América e estou namorando o James que me aceitou depois de tudo o que passei. Minha família está bem, envio metade do meu salário e a outra metade pago um quarto pra dormir. Realizei meu sonho, apesar de todo o sofrimento que passei.

Joia Rara - REESCREVENDOOnde histórias criam vida. Descubra agora