Ainda era de manhã, mas seu pequeno estômago, já roncava. Pedia comida, e ela já se sentia fraca. Mais fraca que antes.
O medo ainda era latente, pois, mais um dia amanhecia e tão logo ela abria os pequenos olhos, percebia que estava sozinha por mais uma manhã.
Quem sabe, hoje, não seria diferente? Talvez, sua mãe chegasse com uma sacola cheia de pães, e um litro de leite? Talvez ela não tivesse que tomar agua na intensão de enganar a fome.
- Mãe? - ela chama, e não escuta nada.
A casa suja e escura, não ajuda a destacar a imagem da pequena Juliana, que mesmo com os cabelos loiros e agora não tão brilhantes, fica apagada em meio a tanta bagunça. Os únicos seres que dividem espaços com essa pequena são as moscas, que rodeiam as vasilhas sujas de quase uma semana na pia.
Ela olha ao seu redor, e mesmo depois de bocejar, ainda sorri, quando vê sua boneca. A única boneca, que sua mãe encontrou em um lixo, em um momento de lucidez que eram poucos.
Juliana tinha apenas três anos, mas com certeza, vivia pesadelos terríveis. A vida era injusta, ou real demais, para ela que nascera em um lar desestruturado, onde via seus pais sempre caídos em qualquer canto de casa, ou apenas não os via. Mais um dia Juliana ficava em casa, no seu castelo, afinal, ela não conhecia outro, a espera de seus pais. Ela sabia que eles chegariam.
A pequena princesa hoje já não sente mais medo, diferente, da primeira vez em que acordou e viu que seus pais não estavam em casa. Depois de arrastar a pequena havaiana azul pelo chão, e chamar por aquela, que para ela, era quem a protegia, chorou. A princesa de lindos cabelos loiros e olhos azuis, chorou até que dormiu novamente, vencida pelas lágrimas.
Juliana, ainda uma garotinha indefesa, perdeu o medo de ficar sozinha, a única coisa que a nossa menina ainda não aprendeu é driblar a fome, que insistia em se fazer presente.
A fome hoje está mais forte que ontem. Juliana com certeza não se lembra, mas comeu apenas uma bolacha, que encontrou em meio a bagunça e sujeira. Ela não chorava mais, mas, hoje as lágrimas desceram forte, a fome a venceu. Ela senta em sua cadeirinha de plástico vermelha, que está no meio da sala, que tem apenas um colchão fino em um canto, e uma tevê pequena, que está ligada desde quando seus pais a deixaram ali.
A princesa está suja, e a impressão que se tem é que ela vai se quebrar a qualquer momento, pois, está magra, e sem vida em seus olhos azuis, que podiam ser brilhantes. Não há brilho e nem beleza. O choro da nossa pequena aumenta, e ela chora, porque é a única coisa que ela pode fazer. Quem sabe se ela chorar, ela consegue encher sua barriguinha, e assim ter animo para brincar com sua única boneca?
O tempo passa e nossa menina continua sentada no mesmo lugar. O calor toma conta do pequeno barraco de dois cômodos, que é coberto por finas telhas. Ela olha em volta procurando talvez um ar, mas sabe que não tem. As janelas estão novamente fechadas. Ela não sabe que horas são, mas tem esperança de seus pais chegarem.
Alguém bate na porta. Agora ela teme. Papai e mamãe da pequena princesa não batem na porta. Os olhinhos, ainda sem vida, agora se arregalam, e tudo que ela faz é ir para o colchão sujo e duro. Ela se encolhe ali, com o coraçãozinho batendo apressado.
Mais uma batida, e mais nossa menina se encolhe. As batidas se tornam mais fortes até que a porta se rompe e diante dos olhos da pequena ju, aparece um casal, que logo vai até ela e percebe que a princesa de olhos azuis, treme. O medo estampado em seu rosto leva o casal a tranquiliza-la.
- Calma princesa! Vamos tirar você daqui.
Ainda com medo a garotinha é levada pela vontade de comer alguma coisa, decide então confiar naquele casal, que parece querer o bem da pequena.
O casal aconchega a menina, de cabelos sujos, mas ainda bonitos de se ver, em seu colo, e logo ao sair de casa, encontra os pais de Juliana, chegando. Totalmente drogados, sujos, tentam a todo custo, pegar a filha nos braços, mas são impedidos pelo casal do Conselho Tutelar, que recebera a denuncia de vizinhos que escutaram o choro da nossa pequena por muitas e muitas vezes.
A garotinha ergue os bracinhos na tentativa de ir para o colo de sua mãe, mas é impedida pela moça que diz com uma voz melosa, para ela se acalme.
Nossa pequena é levada para o carro, e a única coisa de que ela se lembra é dos pais chorando ficando para trás. Ela também chora, mas como todos os dias, ela pensa que logo seus pais chegarão e a buscará. Assim, quem sabe ela poderá voltar para sua casa, para perto de seus pais, de quem ela sente saudades?
Mas infelizmente isso nunca aconteceu. A nossa pequena ainda chorou muito. Mas não foi de fome, e sim, a dor pela falta dos pais. A dor do abandono. A dor da Rejeição.
Bom Dia Amorecos!!!
Sentiram minha falta? Eu senti muito a falta de vocês!!
Confesso que amos esse lugar aqui, e de forma alguma, deixo de colocar minhas histórias aqui. Amo compartilhar com vocês e saber sempre o que estão achando de tudo.
Vamos ao que interessa?
Amorecos, quem acompanhou Seu Sorriso, conheceu a Juliana, amiga maluquinha de Luciana. Eu não poderia deixar de escrever sua história que já está na cachola há muito tempo... rsss.
Vamos começar mais uma etapa e espero contar mais uma vez, com todos vocês.
Postarei primeiramente o Prólogo, para que vocês adicionem em sua bibliotecas, e no dia 01/09, voltarei com as postagens semanais ok?
Digam-me o que acharam e o que esperam desta história!!
XoXo!!
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Curando Feridas ( Hiatus)
RomanceJuliana sempre foi expert em usar máscaras, afinal, eram nelas que ela podia se esconder. A sua defesa sempre foi não deixar suas fraquezas e dores a mostra. Ela sabia que não podia se mostrar fraca, e apesar de todo o esforço, e depois de anos enja...