Capítulo 33

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Juliana

A porta se fechou e senti meu rosto se aquecer novamente. Já estava me acostumando com o fato de sentir meu coração viver em constantes mudanças.

O cheiro e o gosto dos lábios de Hugo estavam me deixando zonza. Permaneci sentada no sofá por mais um tempo que não sei precisar. Antes que o sofá se afundasse levantei - me e fui até a cozinha, afinal eu precisava comer alguma coisa antes que caísse dura no chão.

Preparei um sanduíche natural e um suco de laranja. Liguei a televisão e dessa vez tentei me concentrar no programa de receitas que chamou minha atenção. Senti o sanduíche inchar na minha boca. Apesar de saber que meu corpo precisava se alimentar se alimentar eu não sentia nenhuma fome.

A campainha tocou novamente e realmente não queria que fosse Hugo. Não tinha estruturas para vê-lo novamente

Abri a porta e senti braços compridos me envolverem na velocidade da luz. Eu apenas a abracei. Mais uma vez seu abraço era o conforto que eu precisava naquele momento.

— Está tudo bem! Vai ficar tudo bem! — disse como se pudesse ouvir e entender as batidas do meu coração. — Não vou sair daqui enquanto não estiver bem.

— Como voc...

— Eu estava vindo para cá e liguei para o escritório e Kate me disse que você não estava bem. Como eu sempre soube, consigo sentir de longe quando está precisando de mim.

Eu apenas a apertei o quanto pude em meus braços e deixei minhas lágrimas e corpo caírem como se estivesse tirando um peso de mim. Luciana me segurou e me arrastou até o sofá. E como uma mãe que coloca seu pequeno bebê em seu colo fui aninhada em seu braços. Limitou-se em apenas me acalmar usando o silêncio como sua aliada.

Depois de um tempo e de muitas lágrimas derramadas não tinha mais forças para chorar decidi sentar-me e encarar minha amiga que sorriu.

— Graças a Deus!  Meus braços já não aguentavam mais.

Sorri. Era o que eu podia fazer naquele momento.

— Obrigada!

— Vai me dizer o que houve? Ou vai continuar em silêncio?

Encarei minha amiga. Eu realmente estava cansada de tudo aquilo. Mas eu precisava desabafar com ela. Não tinha como fugir. Então abri minha boca e disse tudo que tinha acontecido até aquele momento. Desde a traição de Hugo até o beijo de um tempo atrás.

— E o que você pensa de tudo isso? — ela questiona.

— Se eu soubesse não estava vendo essa nuvem negra aqui em cima da minha cabeça. — fiz um sinal como se a nuvem estivesse derramando uma tempestade em mim.

— Sei que a tempestade está ai amiga. Mas ela não dura para sempre. E o que você vai fazer quando ela passar e você puder andar a passos secos?

Balancei a cabeça em negativo. Realmente eu queria uma resposta, mas por hora estou perdida entre o que o meu coração sente quando o vê e a mágoa quando lembro do que vi.

— Estou magoada. Mais uma vez. Quando a vida vai ser mais camarada comigo?

— Você o ama? — Ela foi direta.

Engoli em seco. Eu sabia a resposta. Como eu sabia.

— Amo. Mas...

— Esse é o principal Juliana. Não quero e nem vou defender as atitudes de Hugo, porém não posso negar , o fato de saber que ele a ama, e que por mais que isso seja até engraçado levando em consideração o que ele fez, você não pode agir somente pela raiva neste momento. Lembre-se também de suas atitudes em um momento de desespero.

Curando Feridas ( Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora