Salém

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"Uma vez bruxa, sempre bruxa!"
Gerald Gardner

Quando olhei nos olhos de Salém um arrepio percorreu todo o meu corpo, percebendo isso ela retirou a máscara e abriu um grande sorriso ao dizer:
- Você não sabe como senti a sua falta, minha sobrinha querida... - ela ergueu a mão e acariciou meu rosto e então num piscar de olhos ela simplesmente desapareceu sem deixar rastros, no mesmo instantes sussurros incessantes começaram a soar em minha cabeça, milhões de vozes sussurrando, falando, gritando, berrando sem parar, tudo isso ao mesmo tempo.
Minha cabeça começou a girar e tudo ficou escuro, me dirigi em direção à saída e logo estava fora do palácio me afastando cada vez mais, eu só queria que as vozes se calassem, só queria fazer toda aquela agonia parar...
Quando dei por mim estava na praia, o penhasco estava ao longe e as pedras onde conversei com Ariel dois dias atrás não estavam assim tão longe. Senti algo se mexer em meu cabelo e quando ergui a mão até a cabeça levei o maior susto, a presilhas em formato de flores haviam se transformado em cobras pequeninas que se enroscava em minha cabeça. Desesperada comecei a arrancar as cobras de minha cabeça e quando elas caíram no chão eram novamente presilhas em formato de flores, aquilo havia sido um truque de mente, Salém estava brincando comigo...
Olhei em volta e não havia nenhum sinal dela, se aquilo fosse coisa da minha cabeça então era a hora de consultar um psiquiatra... a água do mar batia nas pedras e fazia um estrondo alto, ao olhar para a água negra pensei em Ariel e se ela havia tido coragem para pôr um pinto final naquela história...
- Você é bem mais forte do que eu imaginava, - me virei rapidamente e me deparei com Salém, dessa vez ela estava sem a máscara e me olhava com um sorriso assassino estampado em seus lábios - mas não se preocupe, as trevas irão te consumir mais rápido do que imagina...
- O que quer aqui? - a magia fervia em cada fibra de meu corpo, cada músculo ansiava pelo ataque e as vozes em minha cabeça praticamente gritavam para que eu a matasse.
- É um lindo coro, não acha? - disse ela tranquilamente - Todas essas vozes gritando pela morte, ansiando pelo sangue... Eles tornam o ato de matar algo tão... - ela fechou os olhos sonhadora e quando os abriu eles brilhavam em puras chamas, um sorriso maquiavélico se espalhou pelo seu rosto e ela tocou os lábios vermelhos ao completar - ... delicioso!
- Não vai me matar, não faria sentido... - falei - Se me matar agora, não conseguirá sua tão sonhada vingança...
- Vejo que minha querida sobrinha não é assim tão tapada quanto pensei que fosse, isso é bom! - Salém veio caminhando em minha direção e parou à minha frente - Você tem razão, eu não irei te matar, eu vou fazer mil vezes melhor... irei te destruir! Mas fique calma, não será por agora, portanto aproveite a companhia do seu cachorrinho de estimação pois quando se separarem, será para sempre!
- Repito: o que quer aqui? - me controlei para manter meu tom de voz calmo e as minhas mãos longe de seu pescoço.
- Vim para lhe mostrar que não sou esse monstro que pensa que sou.
- Você?! - ergui as sobrancelhas e Salém fez que sim, minha vontade era de sentar na areia da praia e gargalhar até que minha barriga doesse, mas cruzei os braços ao dizer com sarcasmo - Tudo bem Madre Tereza de Calcutá, qual foi a boa ação?
Salém fez sinal para que alguém se aproximasse e quando olhei naquela direção não acreditei no que meus olhos estavam vendo, Ariel por sua vez quando me viu correu em minha direção toda desajeitada e me deu um forte abraço. Permaneci um longo tempo lançando um olhar confuso à Salém e então olhei novamente para as pernas de Ariel.
- Uma troca simples pelo que pode ver, as pernas pela voz de uma sereia tagarela. - Salém tocou a concha que pendia em seu colar e foi possível ouvir um suspiro de Ariel, mas o som não veio da boca da sereia e sim do colar... - Na verdade lhe fiz um favor, essa é uma garota extremamente irritante! Fala como se não houvesse amanhã!
- Veio aqui apenas para roubar a voz de Ariel? - perguntei ao me colocar à frente de Ariel, apenas como precaução...
- Fique calma sobrinha, não irei matá-la. - disse Salém calmamente - E quanto à sua pergunta, sua resposta é: não, eu não vim até aqui apenas para fazer um trato com a sereiazinha.
- E veio por qual razão? - perguntei olhando-a desconfiada.
- Vim lhe aconselhar a aproveitar sua felicidade enquanto pode, ela está prestes a acabar!

Castle (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora