Castle (Em Pausa)

A Floresta dos Elfos

"Meu Deus! Meu Deus! Como tudo é esquisito hoje!
E ontem era tudo como de costume. Será que fui eu que mudei à noite? Deixe-me pensar: eu era a mesma quando levantei hoje de manhã?
Estou quase achando que posso me lembrar de me sentir um pouco diferente. Mas se eu não sou a mesma, a próxima pergunta é: 'Quem sou eu?'
Ah, essa é a grande charada!"
Alice no País das Maravilhas

Duas Semanas Depois...

— Está tudo bem? — perguntou Henry, estávamos na floresta indo em direção às florestas do norte onde os elfos construíram seu reino, nossa intenção era pedir seu apoio no golpe contra Midas.
  — Sim, está tudo bem. — respondi ao lhe lançar um sorriso fraco e Filipe relinchou em protesto, ele sabia que havia algo me incomodando.
  — Davina, posso não te conhecer a tanto tempo, mas somos irmãos e eu sei que há algo de errado. — passei algum tempo calada e Henry colocou a mão em meu ombro ao completar — Por favor Davina, nós já passamos dezenove anos separados e pior do que isso seria se você me afastasse mesmo comigo estando tão perto...
  Olhei em seus olhos, desde que Henry havia voltado ele tentava estabelecer um relacionamento de irmãos entre nós, ele estava se esforçando para isso, estava até mesmo tratando Sebastian, Andrômeda e Alec bem, tudo isso apenas para me agradar...
  — Eu não sei bem o que há de errado, — respondi finalmente — eu só sei que há algo de diferente em mim... algo que mudou do dia para a noite... de repente eu não me sinto mais a mesma...
  — Talvez seja a proximidade da data do casamento, — disse Henry — a expectativa de que tudo dê certo...
  — É... talvez seja isso...
  Henry não parecia tão certo da minha concordância com seus argumentos e estava prestes a responder algo quando fomos cercados por homens altos, de cabelos lisos e compridos e orelhas pontudas, eles tinham flechas em seus arcos apontadas para Henry e para mim e nos olhavam com expressões sérias. Lancei à Henry um olhar apreensivo e sua postura dizia "faça o que eu fizer".
  Antes que fizéssemos qualquer coisa senti a presença de uma criatura antiga, tão antiga quanto o próprio universo, aquela presença era tão acolhedora e aconchegante quanto o colo de uma mãe amorosa e parte de mim teve vontade de se sentir assim para sempre... Do meio das árvores surgiu um homem de longos cabelos loiros e olhos tão verdes quanto uma campina no verão, ele possuía orelhas pontudas como as dos homens ao nosso redor, ele estava montado em um grande cervo dourado como ouro e nos avaliava com um olhar curioso. Pelo canto do olho pude perceber Henry desmontar de seu cavalo e fiz o mesmo, fizemos uma reverência perante ao elfo e meu irmão disse sem se atrever a lhe lançar um olhar:
  — Rei Morian, é um prazer estar em sua presença.
  — E vocês, quem são? — sua voz era forte como um trovão mas ao mesmo tempo doce como mel, arrisquei olhar em seus olhos e quando nossos olhares se encontraram algo pareceu mudar em sua expressão — Mas é claro, são os filhos de Guinevere...
  — Vossa Majestade conheceu nossa mãe? — perguntou Henry ao lhe lançar um olhar curioso.
  Ao invés de responder, o elfo me lançou um sorriso afetuoso enquanto o grande cervo vinha em minha direção, fiquei completamente imóvel até que ele estivesse bem próximo, num ato involuntário de meu corpo estiquei minha mão para tocar o grande cervo dourado e senti uma enorme paz invadir meu corpo ao tocar-lhe a face, ao arriscar olhar para cima encontrei o Rei Morian me olhando de uma forma curiosa até que disse:
  — O que um príncipe morto e uma princesa que nem existe fazem em terras élficas?
  — Precisamos conversar com vossa majestade e com sua esposa, — respondi sem conseguir desviar o olhar de seus olhos — viemos lhes pedir ajuda.
  — Bem, posso lhes garantir que minha esposa e eu ouviremos atentamente à sua história. — disse ele, logo depois me estendeu a mão e sorriu gentilmente — Mas para isso a senhorita precisa vir conosco.
  Ainda meio incerta coloquei minha mão na sua e com facilidade Morian me içou para cima para que eu montasse o cervo logo atrás dele. Sem dizer mais uma palavra Morian acariciou o pescoço do cervo que começou a andar e eu abracei sua cintura enquanto íamos cada vez mais para dentro da floresta.