A Ninfa das Águas

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"Já desejou que pudesse voltar no tempo só para lembrar como era quando as coisas faziam sentido?"
Prison Break

Aurora
 


  Ao caminhar pelos corredores a única coisa que eu podia ouvir eram as vozes dos empregados comentando una com os outros sobre como a maldição de Sebastian seria quebrada naquela noite, sobre como tudo teria que estar perfeito para que Davina finalmente confessasse que o ama...
  Todo aquele clima de romance estava me dando ânsia de vomito, eu precisava sair daquela mansão antes que eu acabasse pisoteando as flores favoritas de Davina que haviam acabado de ser colhidas apenas para decorar o salão.
  Na pressa para chegar à floresta, ao dobrar à esquerda em um dos corredores, acabei esbarrando em alguém e caí no chão. Ao olhar para cima a cozinheira Gayna me examinava com uma expressão preocupada ao se abaixar para me ajudar a levantar:
  — Menina Aurora...
  — Não toque em mim! — me desvencilhei da mulher que ficou me olhando com uma expressão surpresa.
  Dei as costas a ela e minhas pernas agiram sozinhas, me levando justamente para o lugar onde eu não queria estar. Passei um longo tempo encarando as portas duplas da biblioteca de Davina até que finalmente decidi entrar, em seu interior o silêncio reinava e a própria Davina estava sentada no tapete persa tabriz rodeada por livros e à sua frente havia uma bandeja com um bule de chá e biscoitos, ela parecia até uma criança feliz rodeada por seus brinquedos favoritos.
  — E lá vamos nós... — disse ela ao virar uma página sem tirar os olhos do livro — O que quer aqui Aurora?
  — Vim apenas para visitá-la. — disse me sentando à sua frente e ajeitando a saia de meu vestido ao meu redor.
  — Você nunca aparece com apenas um propósito. — disse ela ao colocar o livro de lado e se inclinar para frente — O. que. você. faz. aqui? — ela disse cada palavra pausadamente e em um tom sombrio.
  — Sabe, você não é assim tão especial para Sebastian, — falei em um tom inocente ao alisar a saia de meu vestido — no final das contas você vai ser apenas mais uma a frequentar a cama dele, e quando Sebastian se cansar, você será descartada como as outras...
  — Descartada como você? — perguntou ela com as sobrancelhas arqueadas e um olhar desafiador. Tenho que admitir, pensei, a Pequena Órfã sabe brincar...
  — Estou apenas lhe aconselhando... — toquei seu braço como uma amiga preocupada faria e rapidamente Davina se desvencilhou com raiva:
  — Não preciso dos seus conselhos!
  — Eu só não quero que você seja usada... — mantive o falso tom e a expressão de uma amiga preocupada.
  — NUNCA ACONTECEU NADA! — gritou ela furiosa, fazendo com que a lareira se ascendesse em chamas negras.
  — Ora, por favor Davina! Vocês vivem no quarto um do outro, várias vezes vi Sebastian sair de seu quarto durante a madrugada.
  — Não que isso seja da sua conta, — disse ela ao se recompor — mas Sebastian e eu apenas dormimos juntos, isso e nada mais. Agora, se já terminou de babar seu veneno em cima dos meus livros, eu agradeceria se fosse embora.
  Usando sua magia, Davina fez com que as portas da biblioteca se escancarassem, um convite claro para que eu fosse embora.
  — Até mais tarde querida. — sorri para ela e então me retirei.
  Assim que saí da biblioteca as portas se fecharam estrondosamente e pude ouvir o doce som de Davina furiosa atirando o livro do outro lado da biblioteca.
  Praticamente corri pela mansão em direção à floresta e quando finalmente cheguei ao meu destino, me transformei no belo cervo prateado. Correr pela floresta era o que mais me acalmava, quando eu me transformava em cervo podia sentir tudo ao meu redor, podia sentir o vento batendo na copa das árvores, sentia os animais pulando e brincando para lá e para cá, podia sentir a água dos rios subterrâneos correndo por debaixo da terra e principalmente podia me sentir livre!
 

Castle (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora