A R✿$A

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Love happens all the time
To people who aren't kind
And heroes who are blind
Expecting perfect scripted movie scenes
Who wants an awkward silent mystery?
Hate To See Your Heart Break - Paramore

Revirei a biblioteca inteira atrás da porcaria do livro "Um Conto de Natal" e não encontrei absolutamente nada! Eu já havia procurado em todos os cantos possíveis e não encontrei e enquanto procurava só conseguia pensar na carinha de decepção que Darian faria quando eu lhe dissesse que o livro que tanto falei que leria para ele havia sumido.
Olhei para o alto em busca de alguma inspiração divina e quase me estapeei por ter sido burra o bastante para não pensar em procurar nas prateleiras que ficavam mais à cima. Enquanto subia as escadas, chinguei mentalmente a porcaria das anáguas que não me deixavam fazer nada direito e adicionei uma nota mental de passar a usar calças ao invés de vestidos.
Na ultima prateleira, junto com alguns outros livros, lá estava a obra de Charles Dickens, um livro vermelho de capa dura com sinos dourados desenhados nas bordas. Peguei o livro e me preparei para descer as escadas mas acabei perdendo o equilíbrio e caí, mal tive tempo de processar tudo o que estava acontecendo e então um par de braços fortes amparou minha queda.
- Precisa de ajuda? - Sebastian sorriu para mim, o que fez meu coração batesse descompassado.
- Na verdade, - falei enquanto ele me colocava no chão - Já encontrei o que estava procurando.
- Um conto de Natal - disse ele pegando gentilmente o livro de minhas mãos - Você está dando bastante alimento intelectual ao meu sobrinho, já pensou em ensiná-lo a ler?
- Sebastian, o garoto não sabe nem falar história direito! - falei pegando alguns livros que estavam jogados no chão aos meus pés e os coloquei de volta na estante.
- Já parou para pensar em como seriam nossos filhos? - perguntou ele me abraçando por trás.
- Já. - respondi me virando e passando meus braços ao redor de seus pescoço.
- Eles vão ter os seus olhos. - respondeu ele deixando uma trilha de beijos pelo meu pescoço.
- E o seu cabelo. - respondi inclinando a cabeça para o lado, dando a ele mais liberdade.
- O seu sorriso... - quando chegou à minha garganta ele a mordiscou como se fosse um vampiro, o que me fez rir - Você não faz ideia de como o som da sua risada é delicioso...
Sebastian estava prestes a me beijar quando as portas da biblioteca se abriram e meu pai nos lançou um olhar de falsa surpresa ao dizer:
- Oh, me desculpem, não quis atrapalhar.
- Queria sim. - mormurou Sebastian ao se afastar de mim e manter uma distância respeitosa.
- O que houve pai? - perguntei ajeitando meu vestido.
- Nada de mais, sua mãe apenas me pediu para te avisar que já está na hora de se arrumar - ao olhar para meu pescoço meu pai franziu o cenho e tombou a cabeça para o lado - Que marcas são essas em seu pescoço?
Arregalei os olhos e senti uma vontade imensa de estrangular Sebastian ao perceber que seus beijos não eram tão inocentes assim...
- Não são nada pai. - forcei um sorriso ao usar minha magia para sumir com as marcas - Diga à mamãe que já estou indo.
- Não demore. - ele sorriu e então se retirou.
Me voltei para Sebastian e cruzei os braços ao erguer as sobrancelhas:
- Sério?!
Sebastian sorriu como uma criança travessa pega no flagra e me puxou novamente para seus braços, me beijando com paixão.
- Contarei os segundos até estar em sua companhia novamente. - sempre cortês, Sebastian depositou um beijo em minha mão e então se foi.
Ao caminhar para meu quarto tive que tomar cuidado para não esbarrar nos empregados que circulavam apressados por todas as partes, nunca vi tanta vida naquela casa e tudo se devia ao casamento de Alec e Melissa. As flores preferidas de minha irmã estavam espalhadas em jarros por todos os lados e o grande salão estava sendo preparado para um belíssimo baile de casamento.
- Precisa de alguma ajuda William? - perguntei ao ver o rapaz todo atrapalhado que tentava carregar três grandes vasos ao mesmo tempo.
- Está tudo sob controle senhori... - antes que terminasse de falar um dos vasos escorregou de sua mão e se espatifaria no chão se eu não o tivesse segurado.
- O que você disse? - sorri para ele, que me lançou um sorriso nervoso - Onde coloco isso?
- Ali, perto daquela janela - ele apontou para um pedestal para vasos que parecia uma miniatura de uma coluna grega.
Depois que ajeitei o vaso corretamente sobre o pedestal, me voltei para William e perguntei:
- Como vão as coisas com Andrômeda?
- Acho que nunca houve nada entre Andrômeda e eu. - respondeu ele ajeitando o pedestal que ficava do outro lado da janela - Ela ainda ama o pai de Darian, e eu sou apenas o filho de um dos empregados.
- William, Andrômeda pode até não gostar de você da maneira que você gostaria, mas tenho certeza de que para ela você é muito mais do que apenas o filho de um dos empregados.
William estava prestes a me responder quando a voz de minha mãe se sobressaiu à dos empregados:
- Davina, até que enfim te encontrei! - ela usava um de seus terninhos confortáveis e os saltos de seus scarpins pretos estalavam no chão de mármore - Melissa está me dando nos nervos, já perdi a conta de quantas vezes me perguntei se aquela menina saiu mesmo de dentro de mim e... - naquele instante ela pareceu perceber a presença de William e disse - Oh, mil perdões, não o vi. Sou Lavínia, mãe de Davina e você é...?
- William, senhora. - disse ele aceitando a mão que minha mãe o oferecia.
- Deixe o senhora para os nobres. - ela sorriu e então se voltou novamente para mim, dizendo em tom de brincadeira - Viu o que sua irmã fez comigo? Me esqueci de que há outras pessoas no mundo além de nós. - William sorriu com seu comentário e fez uma leve reverencia ao dizer:
- Devo retornar ao meu trabalho, com licença senhoras. - e saiu.
- Ele é um rapaz charmoso, não acha? - disse minha mãe observando-o se afastar.
- Sim, muito charmoso e apaixonado por Andrômeda. - fiz questão de deixar essa última parte bem destacada.
- Bem, não se pode ter todos, não é mesmo? - disse minha mãe em tom provocativo, o que me fez rir - Davina querida, posso me arrumar no seu quarto, não é mesmo? Juro que se tiver que ouvir Melissa falando como hoje deve ser perfeito, vou estrangular minha própria filha!
- Bem, você sabe onde é o meu quarto. - sorri - E se precisar de ajuda para esconder o corpo, pode contar comigo. - acrescentei piscando.
Minha mãe me deu um beijo na bochecha e então se foi. Ajudei na decoração o máximo que pude (ou em outras palavras, o quanto os empregados me permitiram ajudar), quando já estava tudo pronto, Armena envolveu meus ombros e disse:
- Acho que já está na hora da irmã da noiva se arrumar.
- Sim senhora! - depositei um beijo em sua bochecha e fui em direção ao meu quarto.
Ao abrir a porta dei de cara com minha mãe terminando de se arrumar em frente ao espelho, assim que notou minha presença ela se virou e sorriu:
- E então, que tal estou? - ao olhar para minha mãe fiquei completamente sem palavras, ela estava deslumbrante.
Seu vestido era de um lindo tom de creme, não possuía anáguas muito menos corpete e ainda assim era a coisa mais linda que já vi. Ele possuía um decote canoa e de suas costas descia uma linda capa que se arrastava um pouco no chão, na parte de cima do vestido e também na capa haviam bordados prateados que se assemelhavam à flocos de neve. A parte de cima era rica em bordado enquanto a saia possuía apenas alguns para dar um charme aqui e ali. Seus cabelos escuros estavam presos em um coque chique e em suas orelhas estavam os brincos de pérolas que eu havia lhe dado à alguns anos atrás.

Castle (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora