"Há dias em que acordamos e vemos tudo nublado.
Há dias em que acordamos…chove lá fora e chove ainda mais cá dentro.
Há dias em que acordamos com os olhos apinhados de água, em que tão depressa abrimos os olhos como os voltamos a fechar, porque não queremos sentir.
Eu sei que um dia disse que fomos feitos para sentir tudo. Eu sei…
Mas há dias em que preferia simplesmente não sentir. E também preferia acordar com outra coisa qualquer no lugar do coração."
Marisa Martins
Os pesadelos eram tão comuns que quase nem me assustavam... quase!
Eu estava em uma floresta completamente morta e assustadora, era noite e eu andava por entre as árvores retorcidas e sem vida cantarolando uma suave cantiga de ninar, a lua brilhava alto no céu e se pôde ouvir o uivo de uma fera não muito distante.
— Olá Fera. — sorri ao olhar para a lua com um ar de triunfo.
Continuei minha caminhada até parar no que imaginei que outrora fora uma campina verdejante cheia de flores e vida, mas que agora estava completamente morta, a grama era negra e as árvores, retorcidas e mortas, vertiam sangue. No meio dessa campina havia um homem, um Rei, ele estava ajoelhado no chão e mantinha a cabeça baixa, ao vê-lo daquela forma um prazer enorme tomou conta de meu peito, mas ainda não era o suficiente... eu queria vê-lo sofrer, queria vê-lo morrer!
— Aí está o poderoso Rei Varius, — zombei, minha voz era alta e clara, e o vento a propagava pela campina como se mil espíritos estivessem sussurrado ao meu redor — aquele que não teme ninguém, aquele que não se curva perante ninguém... Acho que esses títulos já não lhe são mais tão adequados... — fui me aproximando lentamente, ele mantinha a cabeça abaixada e tremia de medo, sorri ao ver aquilo, me abaixei à sua frente e ergui seu queixo para olhar em seus olhos cheios de angústia e pavor enquanto eu dizia em um tom doce e cheio de falsa pena — Pobre homem, antes tão orgulhoso e vaidoso, agora treme como um garotinho assustado...
— P–p–por favor, — gaguejou ele com as mãos trêmulas em súplica — deixe-me ir, deixe-me em paz...
— Deixá-lo em paz... — repeti com a voz vazia ao fitar seus olhos amedrontados — Sinto muito, mas paz é algo que você não terá. Você me tirou o que eu mais amava, agora terei minha vingança.
— Mas você já me tomou tudo o que eu tinha! — gritou ele desesperado em uma voz esganiçada — Meu filho! Minhas filhas! Meu ouro! Meu reino!
— E eu ainda quero mais! — respondi serenamente — Quero vê-lo sofrer como eu sofri. Quero vê-lo morrer! E sejamos francos Varius, você não está assim tão desolado por causa da morte de seus filhos, seu ouro é o que você mais ama, e é algo que você jamais terá novamente...
A cada palavra minha Varius tremia mais e mais, vê-lo daquela forma era um espetáculo para mim, aquele porco imundo merecia tudo o que eu estava fazendo com ele, Varius merecia aquilo e muito mais... Senti algo molhado em meu braço e ao olhar para o lado vi um enorme lobo negro passando o focinho em mim, acariciei sua orelha como se ele fosse um cachorrinho de estimação e não uma besta da floresta e me deleitei ao ver a reação amedrontada de Varius perante o animal.
— Com medo Varius? — perguntei ao esboçar um enorme sorriso, Varius passou a tremer ainda mais e eu gargalhei — Não se preocupe, ele não vai te matar... Ainda! Primeiro quero ver você rastejar aos meus pés e implorar por sua vida.
— Por favor senhora, por favor. — pedia ele desesperado — Por favor me deixe viver, eu serei seu criado, seu fiel empregado para a senhora pisar e maltratar sempre, faça o que quiser comigo, mas pelo amor de tudo o que há de mais sagrado, me deixe viver!
— Você ouviu isso, querido? — me dirigi ao lobo com um sorriso divertido nos lábios — Ele disse que será um fiel empregado. — meu sorriso desapareceu ao me voltar novamente para Varius, o ódio fervilhava em meu peito — Ora, por favor Varius, você não é fiel nem a si mesmo! E infelizmente, o seu tempo acabou...
Varius se atirou no chão e começou a gritar desesperadamente por misericórdia, o que só serviu para me deixar ainda mais irritada, ele era tão indigno de ser Rei, não sabia nem ao menos morrer com honra, não que eu quisesse para ele uma morte honrosa mas... Dei um chute forte em seu rosto, o que o fez parar de gritar por alguns segundos, e me voltei para fera ao sorrir:
— Seu jantar meu querido. Mas lembre-se de que essa deve ser uma morte lenta e dolorosa, portanto, não acabe com a minha diversão cedo demais.
A fera fez um aceno positivo com a cabeça e logo em seguida atacou. Fiquei ali parada observando a tortura de Varius, aquela cena causaria repulsa em muitas pessoas mas eu sentia prazer em ver aquilo... O sangue de Varius espirrava para todos os lados, a saia de meu vestido que outrora fora branco agora estava completamente vermelha e até mesmo meu rosto estava sujo com o sangue daquele porco; mas eu não me afastei, nada naquele mundo me faria parar de assistir a ruína de Varius.
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Castle (Em Pausa)
FantasíaEm uma versão um tanto moderna de "A BELA E A FERA", Davina é uma garota normal que foi criada em Manhattan, ela tem um namorado perfeito, pais amorosos e uma irmã potencialmente problemática, mas um sequestro pode destruir a vida perfeita de Davina...