Uma encantadora

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John e Finn permaneciam boquiabertos, observando Alexandra exercer sobre Breeze seu dom.

Em todos estes anos como criadores, jamais viram alguém, aparentemente jovem demais, ter tanta experiência, e acalmar com facilidade um animal. Por um momento, parecia que eles também estavam sob o encanto das palavras dela, pois estavam paralisados ali, olhando-a e quase ajoelhando-se e lhe rendendo algum tipo de adoração.

John respirou fundo, e se forçou a sair daquele transe, pediu a Finn para chamar o menino que costumava auxiliar nos partos. Ambos haviam visto partos suficientes para saber que este seria difícil. Ao pedir para chamar o menino Finn entendeu qual era a ideia de John, ele precisava de alguém com mãos pequenas, e que soubesse identificar com o tato, as partes do filhote, pois sob as orientações de John, ele teria de introduzir suas mãos na égua, enquanto John faria sua parte do lado de fora, assim virariam o filhote e ele poderia sair.

Enquanto esperava, voltou a prestar atenção na menina, e notou que a melodia não era uma canção de ninar, o que ela cantava, na verdade parecia mais uma especie de encantamento. Como os usados por encantadores de serpentes do deserto.

O menino chegou, e foi bem trabalhoso. John agiu com cuidado e perícia, estava bem nervoso pelo risco envolvido, mas bastava dar uma olhada para Breeze, e ver como ela estava sendo valente, para sentir-se um pouco melhor. A canção de Alexandra também o ajudou em certo sentido, pois algo na voz dela, a confiança e a firmeza, o deixavam relaxado, por mais tenso que fosse o momento. Uma hora depois o potro nasceu em segurança, e tanto ele como Breeze estavam bem.

John não estava apenas aliviado, mas agradecido, e antes de se retirar, aproximou- se para falar com Alexandra.

- Obrigada menina! - a voz grave dele, fez os pêlos de sua nuca eriçarem de forma incompreensível.

Ela o encarou um pouco sem jeito, tanto pelo agradecimento, quanto pela forma que ele a olhava.
Alexandra não conseguia entender o que acontecia com ela, foi capaz de sentir o exato momento em que ele se moveu em sua direção, a presença dele estava em seus sentidos antes mesmo dele tocar seu ombro. Era como se seu corpo fosse um radar, e ele um objeto perigoso sendo localizado. Se sentia uma tola por estar assim, era algo sem explicação, pois ela acabara de conhecer o homem, e por um momento, lhe pareceu conhece-lo de longa data.
Durante todo o parto, apesar de estar concentrada, acalmando o animal, ela estava ciente de cada suspiro dele, cada movimento, cada pulsação. Isso extrapolava o limite do absurdo, mas era verdade. Ele era incrivelmente bonito? Sim é verdade. E bem alto, o que impressionou Alexandra, pois ela era bem alta, e conhecia poucos homens que lhe superassem em altura. Mas ainda sim, não era o fato dele ser alto e bonito, que estava inquietando ela, mas esse sentimento estranho e desconhecido, uma ligação inexplicável.
Assim, quando ele se aproximou para lhe agradecer, ela não foi pega de surpresa, mas ainda sim, seu coração saltitou como se ela não esperasse aquela aproximação.
Ele a olhava confuso com o silêncio dela, então voltou a falar.

- Você está bem? - ele estranhou que a menina confiante de minutos atrás estivesse repentinamente calada.

Ela respirou fundo, tentando tirar da cabeça todos aqueles absurdos de sua mente. Se concentrou e olhando para ele sorriu timidamente.

- Foi um prazer ajudar senhor.

John sorriu, um lindo, perfeito e largo sorriso.

- Senhor é o meu pai, eu sou apenas John. Tudo bem? - ele estendeu a mão, apertando a dela.

Completamente sem palavras diante daquela camaradagem, e daqueles belos olhos sorridentes, ela apenas assentiu, corando furiosamente, enquanto ele saia.

Encantadora - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora