Um novo sentimento

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John se afastou suavemente, mas seus olhos ficaram presos aos dela. A diferença de estatura deles não era muito grande, ela devia ter quase 1,80. Seus olhos de um tom quase dourado de castanho, ainda brilhavam por causa das lágrimas, a ponta de seu nariz pequeno e arrebitado estava vermelha, e seus lábios inchados. Ele não resistiu e acariciou sua bochecha com os nós dos dedos e seu polegar, ela era linda demais, ele precisava tocar e ter certeza que era real. Os cabelos, uma massa negra e brilhante estavam presos em um rabo de cavalo. Como ele gostaria de vê-los soltos. Aquele pensamento o fez sair do transe hipnótico em que estava. Ela é uma menina, apenas uma menina, que absurdo era esse? Que peça era essa que seu coração estava querendo lhe pregar?
Afastou-se de forma um tanto abrupta, e começou a passar a mão nos cabelos e andar de um lado para outro, na tentativa de acalmar sua mente e seu coração, que agora batia acelerado. Alexandra por sua vez, ficou um tanto triste com essa interrupção.
- Estive pensando. Já que estamos de acordo que George não está apto para a função de ajudante de adestrador. - Ele fez uma pausa, lançando um lindo sorriso torto para ela. Sim, ele não disse exatamente que concordava com o que ela havia dito, mas para um homem, e tendo em vista o quão orgulhosos eles podem ser, este era certamente o maior reconhecimento que ela teria no momento. E podia não parecer muito, mas ela estava imensamente feliz com isso, mais do que ela imaginava.
- O que acha de você ser a nova ajudante do Finn?
Ela parou, olhou procurando algum sinal de que ele não falava sério. Porém, tudo que encontrou, foi um par de olhos azuis encarando-a em expectativa.
- Fala a sério?
- Claro que sim.
Então, o coração de John deu mais um salto, e desta vez foi com piruetas. Ela abriu o mais lindo e perfeito sorriso que ele já vira, e quando aquelas covinhas apareceram ele sentiu um calor percorrer suas veias. Santo céu! Ele pensou. Ela é magnífica.
Passado todo o entusiasmo, eles conversaram sobre esta nova função e as responsabilidades incluídas. Finn era muito exigente, disso ela já sabia, mas John a alertou para o fato dele querer dificultar um pouco as coisas, primeiro por ela ser mulher, segundo porque ele queria que George deixasse de ser um covarde medroso.
- Ele não é um covarde medroso! - Alexandra saiu em defesa do rapaz, que sempre era muito solicito e a tinha ajudado muitos nessas primeiras semanas.
- Sim Encantadora, eu sei - John suspirou, já imaginando que Finn ia inferniza-lo por esta troca, mas seu castigo seria trabalhar com um ser tão teimoso quanto ele.- Essa é a opinião do Finn, não minha.
Alexandra sorriu satisfeita, e mais uma vez John foi nocauteado por aquele sorriso. Ele viu toda a doçura e inocência do mundo estampados naquele sorriso.
- Ok! Não quero prende-la por mais tempo. Vamos! Vou te levar pra casa.
- Não precisa senhor.
Ele pegou a mão dela e saiu puxando-a pelo caminho
- Céus moça! Quantas vezes preciso pedir para não me chamar de senhor? Me sinto um velho decrépito.
Essas palavras a fizeram rir, na verdade tiveram de parar, pois ela explodiu em uma gargalhada, que todo o corpo tremia. John, sem conseguir se conter mais, começou a rir também.
Enquanto a esperava pegar suas coisas, pensava que há muito tempo não ria assim, e como aquela menina era capaz de despertar nele coisas tão estranhas, que ele sequer era capaz de nomear. Seguiram pela estrada em um alegra tagarelar, até que chegaram próximo ao acampamento, ela desceu, mas seu inconfundível cheiro de lavanda permaneceu no carro, fazendo John sorrir, enquanto voltava para casa.

Ao chegar no acampamento, sua mãe a aguardava, bem parada na entrada. Estava chegando do vilarejo com seu material
- Quem era aquele Nina?
- Meu patrão mamãe.
Ela a olhou desconfiada, com aquele jeito aguçado, e sexto sentido que só as mães tem.
- Cuidado!
- Do que está falando mãe? - ela sabia exatamente o que a mãe estava falando, suas bochechas vermelhas a entregavam.
- Você sabe exatamente do que estou falando! Você sabe o que significa ir atrás de um pepi não sabe? É isso que quer para você?
Ela a olhava assustada, e ao mesmo tempo culpada. Não que estivesse fazendo algo errado, não. No fim das contas ela sabia qual era seu futuro. Casar com Zenon, ter filhos, netos, e talvez bisnetos. Embora esse não fosse o futuro que queria, era o único que tinha diante de si, se acostumaria com ele e seria feliz. Porém, a perspectiva de ser feliz com algo que não deseja fazer, era tão atormentadora que começou a chorar.
- Eu juro mamãe, nada aconteceu, nada!
A mãe se compadeceu, e a abraçou.
- Querida, sei que está nervosa com o casamento, e com a posição que irá ocupar diante de todos depois disso. Mas tenha certeza de que é o que toda garota deste clã gostaria de ter para si. Você tem muita sorte Nina.

Encantadora - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora