Ultimamente, tenho saído à noite com Amanda, ela diz-me que a melhor maneira de conhecer alguém é a ir a um bar. Bem, acredito, ela já teve muitos namorados, deve ser verdade!(Sejamos honestos, eu não acreditava em cada sílaba que saía daquela boca a respeito de amor, para mim alguém que define amor como "Não sei explicar, simplesmente acontece!" Não merece voto na matéria).
Já estávamos num bar na Baixa Lisboeta, era um bar com pouca luz, em cores neutras. Um cheiro a tabaco e uma fina camada de fumo acumulavam-se no ar, formando uma atmosfera acolhedora , ouvia-se Chico Fininho de Rui Veloso de fundo.
- Queres que vá buscar uma bebida?- Perguntou Amanda, levantando-se limitei-me a abanar a cabeça num "sim".
Olhei em volta, tinha pouca gente e ninguém em particular me chamou à atenção. Tinha um grupo de quatro pessoas, que estava a fazer barulho numa mesa, tentei perceber do que se tratava. Os amigos apenas discutiam futebol, voltei ao meu estado de desinteresse hipnótico. Desinteresse hipnótico é o que eu costumo chamar ao "distraída", vulgo olhar para o nada.Amanda voltou com duas caipirinhas, pousou-as na mesa e sentou-se à minha frente.
- És tão bonita, como é que não tens namorado? Não entendo,se fosses feia era uma coisa, mas és das pessoas mais bonitas que conheço. - Ela olhava para mim com o cotovelo na mesa.
- Obrigada, mas acho que a beleza não é um fator muito importante. Não sei se me faço entender. Ser bonita não basta.- Encostei-me para trás e cruzei os braços.
- Claro! Mas tu és inteligente e sincera. Se te for avaliar diria que... Acho que estás sozinha porque estás a pôr muito esforço, "quanto mais queres menos tens", diz a minha mãe.
- O que me estás a querer dizer é que tenho de deixar de querer, que naturalmente vai cair um engenheiro musculado do céu.
- É... Mais ou menos isso, sim. Talvez não um engenheiro, mas um... Pescador?
- Quem sabe. O meu problema não é arranjar parceiro é tu sabes, o meu dilema é entender o porquê de não querer ninguém.
- Porque é que não falas com a tua mãe acerca disso? - A minha mãe é psiquiatra.
- Isso foi uma maneira de me chamares louca indirectamente?
- Talvez... - Ela riu-se. - Agora a sério, fala com ela.
- Eu não quero, eu não sou louca, apenas não sou capaz de transmitir ou sentir emoções amorosas. Talvez seja uma doença!
- Dalila, por favor. Era bem mais fácil falares com ela.
- Talvez este fim de semana vá à casa dos meus pais. Já te disse que a minha irmã se vai casar?
- A Verinha?
- Sim. - A minha irmã mais velha, Vera, com os seus 27 anos e uma filha no ventre, casar-se-á com Luís, o seu namorado da escola secundária.
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As Flores De Dalila
RomantizmA história de "As Flores De Dalila", decorre no ano de 2016, em Lisboa, onde a personagem principal, Dalila Salazar, de 24 anos, vive sozinha. Dalila vive de objectivos, "Okay, já tenho casa, um carro, acabei a faculdade e já estou orientada para ar...