Elisabeth POV

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Com Sarah dormindo em meu colo, eu ligo uma última vez para a vizinha e depois de alguns toques ela atende.

- Quem gostaria?

- Oi Lucy! É a Beth! Eu preciso ir para o hospital, você pode ficar com os meus irmãos?

- Me desculpe, hoje não posso, tenho aula de tarde, estou saindo em 5 minutos... Está tudo bem?

- Espero que sim. Hoje é a consulta de Daniel... - Eu digo quase em um sussurro, com minha voz quebrando no final.

- Ah... É mesmo... Espero que dê tudo certo... Vou orar por vocês.

- Obrigada. Te vejo mais tarde.

- Até.

Com um suspiro eu desligo o telefone.

Daniel é meu melhor amigo desde os 5 anos. Nos últimos meses a visão dele começou a ficar ruim. A princípio pensamos que ele precisava apenas de óculos, o que é bem normal. Eu uso o meu a alguns anos e tenho inclusive um grau alto. Mas ela ficava pior em uma velocidade muito maior que o normal e em alguns momentos fica tão ruim que ele não consegue ver quase nada, voltando não muito melhor depois de algumas horas.

Quando isso acontece, ele bate contra paredes, apalpa para encontrar os objetos e olha na direção errada quando vai falar comigo.

Nós sempre fomos muito próximos e sempre estamos juntos, mas depois que isso começou, eu evito ainda mais deixa-lo sozinho.

Fui eu quem percebi que isso estava acontecendo e meu coração tremia quando sugeri que fossemos a um médico.

Vários exames haviam sido feitos e hoje o médico diria os resultados.

Eu estou com tanto medo.

Eu deveria estar lá, mas meu pai está viajando para trabalho e minha mãe foi chamada para uma cirurgia de emergência, agora eu não consigo encontrar ninguém para ficar com meus irmãos. A consulta será em cinco minutos e Daniel e seus pais já estão lá.

Só de pensar que Daniel pode precisar de mim e que eu não vou estar lá por ele, quebra meu coração. O pouco controle que me restava desaparece e eu começo a chorar.

Independente dos resultados, nada vai mudar o que eu sinto por Daniel, ele será sempre o dono do meu coração, eu vou sempre amar ele e estar do lado dele independente da situação.

Mas eu sei que dependendo dos resultados a vida dele vai mudar completamente e se tornar mais difícil do que jamais imaginamos.

Mat, que estava sentado no chão brincando com Kellan, se levanta e vem na minha direção preocupado.

Mat tem sete anos. Ele tem os cabelos castanhos e os olhos azuis. Ele tem as feições delicadas e por vezes fico encantada pelo quanto ele é lindo. Fico encantada a respeito de tudo nele, na verdade. Ele é muito mais inteligente que os outros garotos da idade dele, e não digo isso só como uma irmã amorosa, mas ele pulou de turma por causa disso, então o sistema escolar parece concordar comigo.

Kellan tem quatro anos, com os cabelos loiros como de um anjinho, e olhos azuis como os de Mat e minha mãe. Ele é tão lindo, parece como uma pintura... Mas só se tratando de seus traços perfeitos, porque ele é muito agitado para ser uma, sempre correndo pela casa. Ele é muito alegre e encanta a todos com a conversa divertida e inteligente que ele tem.

Eu seguro a bebê em um só braço e envolvo Mat com o outro.

- Nós vamos com você Elisa. - Ele responde depois de alguns segundos em meus braços. - Pegue sua bolsa e a de Sarah. Eu e Kellan vamos entrando no carro.

- Muito obrigada! - eu digo beijando sua bochecha e correndo para pegar as bolsas.

Em alguns minutos estamos dentro do carro em direção ao hospital. Mat e Kellan no banco de trás e Sarah na cadeirinha entre eles. O medo cada vez maior em meu coração. Sinto meu estômago gelado, assim como minhas mãos que não podem deixar de tremer. A consulta já começou. Como será que está Daniel?

Sempre suaOnde histórias criam vida. Descubra agora