Meu nome é Rebeca Schaefer. Eu sou esposa de Matthew Schaefer e mãe de Daniel Schaefer. Eu sou oncologista. E hoje eu recebi uma notícia que quebrou meu coração.
Eu conheço a dor. Todos os dias eu convivo e trato de pessoas que estão prestes a morrer e eu vejo a dor, eu sinto a dor. Quando minha irmãzinha morreu eu a senti tão forte como nunca antes, e tão forte como pensei que nunca mais iria ser. Mas aqui está ela mais uma vez. Uma dor excruciante que penetra fundo na alma. Que tira o fôlego e prostra o espírito. Uma dor que não pode ser expressa por palavras. Uma dor que só conhece quem já a sentiu.
Meu filhinho está ficando cego por questões genéticas fora do controle humano. Ele está caminhando para um mundo de escuridão e não existe nada que eu possa fazer para parar isso. Tudo o que eu estudei, tudo o que vivi, tudo o que eu fiz, não servem para nada agora.
Fazia tempo que ele começou a ter dificuldades com sua visão, mas eu não percebi. Eu não fiquei tempo o suficiente com ele para perceber. Sempre ocupada no trabalho acompanhando meus paciente eu deixei de acompanhar aquela que é a pessoa mais importante na minha vida, até mais que Matthew, por mais que eu também o ame muito: meu filho Daniel.
A única coisa que consigo pensar é em como eu sou uma mãe horrível. Eu deveria ter estado aqui por ele. Mas eu não estive. Todo esse tempo ele esteve sozinho. Esse pensamento faz meu coração doer ainda mais e eu choro baixinho. Matthew me envolve em seus braços quando Daniel sai correndo da sala. Eu grito pedindo para ele ficar e tento me levantar para ir atrás dele, mas minhas pernas estão fracas.
Depois do que parece uma eternidade ele volta. Ele está sorrindo com a expressão calma. O que o fez mudar?
Ele diz que Elisa chegou e pergunta se pode voltar para casa com ela. A dor em meu coração não diminui mas é mesclada com um sentimento de gratidão. Eu estava errada. Ele não estava sozinho. Ele tinha Elisa.
Nós temos um tipo de conversa mas não sei realmente o que estamos falando. Todas as minhas forças estão concentradas em não surtar agora. Não agora. Apenas mais um pouco até eu estar sozinha. Ele diz que me ama e eu digo que o amo também.
Enquanto ele sai meus pensamentos voltam para Elisa. Ela sempre foi uma garota adorável. Desde o primeiro dia que eles se encontraram viraram melhores amigos. Foi o que eu e Rachel sempre sonhamos quando éramos mais novas. Antes de conhecermos nossos maridos dizíamos que nossos filhos seriam melhores amigos e do momento em que sem encontraram foi isso que aconteceu.
Todos nós: Mattew, Rachel, Benjamin e eu, somos muito ocupados. Fazemos o máximo para ficar com eles, mas ficamos tempo de mais longe de casa. E quando não estamos, eles cuidam um do outro e das crianças. Agora não são mais só Daniel e Elisabeth, mas também Matias, Kellan e Sarah. Eu amo muito todos eles. Por questões de saúde eu não pude ter mais filhos depois de Daniel, mas eu os amo como se fossem meus. Claro que eu amo mais Daniel.
Ele é a pessoa que eu mais amo debaixo dos céus.
Mais do que ele amo apenas meu Senhor Jesus Cristo.
Um, dois, três, quatro, cinco...
Eu conto tentando me acalmar.
Apenas mais alguns minutos até eu chegar ao meu consultório onde poderei ficar sozinha.
Eu peço a chave para Matthew e peço para ele pegar um taxi de volta para casa. Eu preciso de um tempo sozinha. Pego a chave e saio correndo.
Entro no carro e começo a chorar contra o volante assim que me sento.
Eu não deveria estar tão arrasada. Meu filhinho vai ficar bem. Ele vai perder a visão mas a vida dele não está em risco. Quantas mães de meus pacientes não adorariam estar no meu lugar? Ele está com saúde e vai viver ainda muitos anos felizes. Ele poderá levar uma vida normal com algumas adaptações apenas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sempre sua
RomanceElisabeth e Daniel são melhores amigos e vizinhos desde os cinco anos. Para Daniel, todas as meninas eram muito chatas. Até ele conhecer Elisabeth. Ela era diferente. Ela era divertida e engraçada, não era boa em jogar bola e corria devagar, mas me...