Elisabeth POV

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As notícias foram tensas, mas a vida continua.

- Você tem roupas antigas ou qualquer coisa que não usa mais Daniel? - Pergunta Mat.

- Tenho sim. Por que? - Ele esponde.

- Porque minha sala na igreja está recolhendo doações e terça-feira vamos entregar para algumas famílias carentes.

- Que legal!

- Estudamos a carta à Igreja de Éfeso algumas semanas atrás e falamos da falta da prática de boas obras. Então começamos trabalhos de caridade para seguirmos a Bíblia também com nossas ações.

- Isso é ótimo! - Daniel sorri. - Podemos ir também?

- Acho que sim. E podemos ir também em outros dias mais sem ser o que organizaram.

- Vamos sim! É só nos programarmos e falarmos com nossos pais. - Eu digo animada.

- O que vocês estudaram na sala de vocês domingo passado? - Pergunta Kellan.

- Nós falamos sobre o Espírito Santo como Criador, que assim como no princípio Ele transformou a terra que era sem forma e vazia no mundo ordenado cheio de beleza, Ele transforma a confusão e a desordem de nossas almas em algo ordenado, nos permitindo nos relacionar mais uma vez com Deus. - Eu respondo animada.

- Lemos Veni Creator Espiritus. - Daniel completa. - Falamos também de como o Espírito vem do próprio Cristo para renovar a face de nossa alma. E como disse Santo Agostinho, somos produto de duas criações: a primeira que nos faz homens e a segunda que nos faz cristãos. A primeira sendo nos dada sem que fizéssemos nada por merece-la e por isso é graça, e a segunda ainda mais maravilhosa, que foi feita não só sem que fizéssemos nada para merece-la, mas também tendo nós feito muito para não a merecermos, por isso redenção.

- Que lindo! - Eu suspiro. Não importa quantas vezes eu ouça e diga isso, só fica mais maravilhoso.

- E na sua Kellan? - Pergunta Daniel.

- Ouvimos a história de Abraão. Falamos sobre como é importante confiarmos em Deus sempre. A tia fez algumas perguntas e eu estava respondendo todas antes de todo mundo então ela pediu para eu "dar oportunidade para os coleguinhas responderem também" - Ele imita fazendo uma careta. - Mas como sempre, depois que eu parei de responder, ninguém mais sabia e ela não ganhava resposta nenhuma, ou respostas erradas. Daí voltei a responder.

- Exatamente! - Respondemos ao mesmo tempo Daniel, Mat e eu.

- Se os coleguinhas soubessem a resposta, não iriam precisar de oportunidade! - Fala Mat.

- E se prestassem atenção, saberiam responder, então a culpa não é nossa se somos os únicos interessados. - Continua Daniel.

- E a tia desincentiva as crianças de participar e prestar atenção se quem faz isso leva bronca. - Eu digo também.

- Elas sempre reclamavam de mim para os meus pais por responder tudo, mas eles sempre me davam parabéns na frente da tia por prestar atenção. - Daniel fala.

- Quando eu vou contar historinha eu parabenizo quem está respondendo tudo, e os outros ficam mais interessados em prestar atenção para poderem responder também. - Eu falo. - E sempre que vem reclamar de vocês para mim por estarem participando eu digo isso para elas.

Continuamos conversando e rindo até chegarmos em casa. Eu estaciono e os meninos descem. Ao meu lado Daniel aperta os olhos para encontrar a maçaneta que é da mesma cor da porta e mais uma vez me lembro o quanto as coisas já estão mais difíceis para ele. Eu sinto vontade de levar a mão dele até ela ou abrir a porta por ele, mas ele vai se sentir mal então eu saio para tirar Sarah da cadeirinha.

Eu tiro o cinto de segurança e a coloco no chão do meu lado. Sarah é minha irmã mais nova. Ela tem dois anos, o cabelo claro e os olhos cor de mel um pouco puxados. Ela tem as feições delicadas e parece uma bonequinha.

Dou a mão para ela e quando contorno o carro, Daniel está sorrindo contente com as bolsas e sacolas na mão. Fico feliz por ter deixado que saísse sozinho.

Enrosco os meus dedos nos dele e me inclino sobre seu braço forte dando um beijo suave em seu ombro. Em resposta ele deposita um beijo no tipo da minha cabeça. Andamos juntos até em casa e quando entramos os meninos estão colocando um filme para assistir. Sarah fica animada e solta minha mão para se juntar aos garotos.

Ela corre toda bonitinha como os bebês costumam fazer e se senta ao lado de Mat que a coloca no colo. Eu realmente amo muito eles. Todos eles. Meus irmãos, Daniel e nossos pais. Enquanto penso nisso Daniel me puxa para um abraço e eu retribuo enroscando meus braços em sua cintura.

Sempre suaOnde histórias criam vida. Descubra agora